Cultura

145 anos da nossa brava gente: História de Jaraguá do Sul preservada em 38 mil caixas

Basicamente todos os prédios públicos homenageiam alguma personalidade com o arquivo histórico jaraguaense não seria diferente. Entretanto a lei que denomina Arquivo Histórico Eugênio Victor Schmöckel, não poderia ter sido criada

25/07/2021

Boa parte de toda a história de Jaraguá do Sul seria esquecida se não fosse mantida pelo Arquivo Histórico Eugênio Victor Schmöckel. De acordo com a historiadora Silvia Kita, o órgão é responsável pela guarda de documentos históricos, como mapas, fotografias, discos, documentos pessoais, correspondências, periódicos, documentos administrativos, entre outros, procurando conservar e resgatar a história local e servir de prova ou testemunho.

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“Ele foi criado pela Lei nº 321 de 12 de agosto de 1971 e foi estruturado pela Lei nº 1464 de 10 de maio de 1991. Porém, somente em junho de 1984 foi iniciada a organização dos documentos”, lembra ela.

O Arquivo primeiramente localizava-se no segundo pavimento da Estação da Rede Ferroviária, localizado na Avenida Getúlio Vargas. Em 20 de julho de 1987 passou a ter como sede a antiga estação junto com o Museu Emílio da Silva. Em 1996 deu-se a transferência do acervo para a sede alugada na rua Ida Bona Rocha (entre as ruas Barão do Rio Branco e Marina Fructuozo) e em julho de 2010, ele foi novamente transferido de sede, agora para a rua Walter Marquardt, 1725, em espaço mais amplo e arejado.

Dada a importância da documentação que está em mais de 38 mil caixas, Silvia relata que muitas pessoas conseguiram se aposentar graças a um documento de imposto agrícola, título eleitoral ou matrícula escolar, que está conservado no local.

“Temos aqui os documentos agrícolas até a década de 1960 quando a documentação era municipal e as pessoas ainda hoje nos procuram para comprovar o vínculo com a agricultura, assim como também aquelas que desejam voltar a estudar e não tem mais o histórico escolar.”

Homenagem a Eugênio Victor Schmöckel

Basicamente todos os prédios públicos homenageiam alguma personalidade seja ela local, estadual ou nacional e com o arquivo histórico jaraguaense não seria diferente. Entretanto, de acordo com Silvia,a lei  nº 2211 de maio de 1996 que denomina Arquivo Histórico Eugênio Victor Schmöckel, não poderia ter sido criada.

“A lei não poderia ter sido criada por ele ainda estava vivo. Ele morreu só em 2004 e existe uma lei federal que só se pode dar nome a órgão público depois que a pessoa estiver falecida, mas naquela época passou, devido ao currículo dele.”

No Arquivo, a historiadora relata que há documentos de Eugênio Victor Schmöckel, que foi vereador (presidente da Câmara entre 1967-1968), vice-prefeito (1970-1971 e 1971-1972),  além de ser escritor e ter correspondências e documentos preservados  enquanto diretor do jornal O Correio do Povo. A doação foi realizada pela família.  Quanto aos exemplares do jornal Correio do Povo, a doação não se efetuou de imediato, sendo feita mais tarde pela administração atual, pois se queria a digitalização do material para possibilitar a pesquisa, o que foi efetivado, por intermédio do Arquivo Histórico, junto à Biblioteca Pública do Estado, através do site da Hemeroteca Digital Catarinense.

Acervo aberto ao público

Conforme a historiadora, o acervo com mais de cinco mil e trezentos metros lineares de documentos (as 38 mil caixas) é aberto a qualquer pessoa. Entretanto, para manusear é necessário uso de máscara e de luvas. É expressamente proibido o uso de caneta – e deve-se levar um bloco de anotações para não rasurar o documento – e para fazer uma foto, por exemplo, é necessário ter a autorização da direção.  Atualmente, devido à pandemia, a pesquisa é por agendamento ou on-line.

No Arquivo encontra-se os fundos públicos como Administração Municipal: a partir de 1919; Judiciário: Justiça Eleitoral (1957 a 1986), Vara Criminal (1926 a 1996) , Justiça do Trabalho (1989); Legislativo: a partir de 1948; fundos privados (que são as doações particulares) como do Eugênio Victor Schmöckel e o Jornal do Vale do Itapocu, do jornalista Flávio José Brugnago, por exemplo; periódicos, fotografias, filmes, fitas, cartazes, mapas.

Imprensa

Além do Arquivo Histórico, a história de Jaraguá do Sul está guardada nos documentos da imprensa, principalmente nos jornais impressos. Atualmente, o jornal O Correio do Povo, é o periódico mais antigo em circulação no Estado. Ele foi fundado no dia 10 de maio de 1919.

Além do Jornal do Vale do Itapocu, que há 33 anos, marca a história não somente do município, mas da microrregião, existem as rádios e os veículos já extintos.

Agradecimentos

Durante meses, o JDV se dedicou na busca de uma parte da rica história de Jaraguá do Sul para homenagear os 145 anos do fundação que comemora-se no domingo (25). A conversa que iniciou com uma xícara de café de forma informal terminou com uma longa conversa com a historiadora Silvia Kita.

Esse material tem muito do conhecimento de Silvia e agradecemos imensamente a colaboração com documentos, fotos e entrevistas, assim como as fontes que cederam uma parte de seu tempo para nos atender.

Não podemos deixar de agradecer ao editor do JDV, Flávio José Brugnago, que desde o início acreditou e apoiou de forma incondicional, inclusive, abrindo seu arquivo pessoal de jornal para pesquisa. Também agradecemos à diretora geral Odila Pavanello Brugnago, que nos permitiu sonhar, a Zete Dalpiaz, ao Anderson Júnior e a Dra. Samantha Hafemann pelo suporte, inclusive jurídico na confecção deste caderno, e ao diagramador Jeferson Klahold pela criação gráfica e a toda a equipe JDV pela paciência.

*Nos termos da Lei nº. 9.610 de 1998, a reprodução ou utilização, total ou parcial, do presente material, por quaisquer meios, para qualquer fim que seja, de forma idêntica, resumida ou modificada, sem prévia e expressa autorização do JDV, fica proibida.

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