Cotidiano | 22/08/2025 | Atualizado em: 22/08/25 ás 21:39

Do Femusc para Aspen: fotógrafo de SC integra equipe de festival prestigiado dos EUA

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Do Femusc para Aspen: fotógrafo de SC integra equipe de festival prestigiado dos EUA

Fotos: Diego Redel

Em meio às montanhas do Colorado, um festival de música clássica reúne artistas, estudantes e curiosos de todo o mundo. No meio disso tudo, um fotojornalista catarinense registra cada detalhe – com um olhar moldado pela vivência no Brasil e no Femusc (Festival de Música de Santa Catarina).

Com mais de 25 anos de carreira, Diego Redel (@diego_redel_photojournalism) divide sua vida entre o Brasil e os Estados Unidos desde 2021. Com base em Seattle, desde 2023 ele integra o time oficial do Aspen Music Festival and School, evento que está em sua 76ª edição e é considerado o festival-escola de música clássica mais tradicional dos EUA.

O festival de verão apresenta artistas renomados e estudantes de música de todo o mundo. Em 2025 teve início no último dia 2 de julho e termina domingo, 24 de agosto.

Mas além da grandiosidade deste trabalho e o reconhecimento da carreira como fotógrafo, viver esse momento é, para ele, um tipo de reencontro com a própria essência, e da possibilidade de poder continuar contando histórias que emocionam.

“Estar aqui é como voltar a acreditar no que me moveu no início da carreira”, diz. Em meio à pressa dos cliques, ele busca a pausa, o instante de verdade, o elo invisível entre palco e plateia. Cada foto não é apenas um registro, mas um gesto de escuta.

Identificação de Diego Redel como fotógrafo oficial do Aspen Music Festival and School 2024.
Fotos: Diego Redel

Da imprensa jaraguaense para o mundo

Antes de chegar a Aspen, Diego construiu uma longa trajetória no fotojornalismo catarinense. Atuou por anos na cobertura de cultura, política e cotidiano, sempre com um olhar atento à emoção por trás dos fatos. Foi no Femusc, aqui em Jaraguá do Sul, que ele começou a se especializar na fotografia de música clássica – área onde desenvolveu uma sensibilidade única para captar o silêncio entre as notas.

Em 2021 decidiu recomeçar nos Estados Unidos. “A vontade de expandir meu olhar e me testar em outros contextos falou mais alto”, relembra. A mudança exigiu reaprendizados, humildade e resiliência, mas também abriu portas para um novo capítulo da carreira.

Diego acredita que o olhar brasileiro lhe dá uma sensibilidade especial para buscar a beleza nas relações humanas e na simplicidade. Ele prefere captar o que aproxima a música das pessoas: o sorriso de um estudante ao terminar um solo, o público emocionado, a troca silenciosa entre regente e orquestra.

Regente expressivo conduzindo orquestra no Aspen Music Festival.
Foto: Diego Redel

Na comparação entre Aspen e o Femusc, destaca que enquanto o primeiro tem uma atmosfera mais internacional e consolidada, o segundo aposta fortemente na inclusão, levando concertos gratuitos para fábricas, igrejas, terminais e outros espaços urbanos.

“Enquanto Aspen respira a música clássica dentro de uma atmosfera mais internacional e consolidada, o Femusc tem esse poder transformador de democratizar o acesso, quebrando a ideia de que música de concerto é elitista ou restrita. No fim, cada festival, à sua maneira, aproxima artistas e plateia, e é isso que mantém a música viva.”

Além disso, o Maestro Alex Klein – idealizador do Femusc -, desempenhou um papel fundamental em sua trajetória no Aspen Music Festival.

“Em 2022 estive em Aspen para assistir masterclasses do Maestro Alex Klein. Lá conheci a equipe de comunicação do festival e, pouco depois, quando abriram vagas para fotógrafo, me candidatei. A indicação de Klein foi fundamental para que eu fosse selecionado. Desde então, tenho a honra de integrar o time do Aspen Music Festival and School.”

Além disso, Diego vê uma grande diferença entre o fazer cultura e artístico no Brasil e nos EUA. Ele explica que enquanto em solo estadunidense há abundância de festivais para uma experiência cultural contínua, enquanto no Brasil, os eventos são mais espaçados, por isso ganham uma carga emocional maior.

“Para mim, isso muda a forma de fotografar: aqui a experiência é muito mais intensa e constante, mas no Brasil cada evento tem um peso enorme, porque são momentos muito aguardados. No fim, é um privilégio poder transitar entre essas duas realidades tão ricas.”

Aspen, cidade que respira música por todos os lados

Durante o festival, Aspen ganha uma nova identidade. A cidade, normalmente marcada por sua sofisticação e paisagem alpina, se transforma em um grande palco a céu aberto. Para Diego, a experiência é de imersão total: é comum ver estudantes com instrumentos atravessando a cidade de bicicleta, encontros espontâneos em praças, música brotando de esquinas e padarias.

O campus Bucksbaum, adaptado para a música durante o evento, oferece mais de 100 pianos, salas de ensaio com acústica impecável e uma estrutura que inclui até mesmo quadras de basquete transformadas em auditórios.

A tenda principal, Michael Klein Music Tent, é um show à parte: aberta para a paisagem das montanhas, ela permite que quem está do lado de fora também acompanhe os concertos – e é ali, entre vinhos, mantas e livros, que a música clássica ganha ares de celebração comunitária.

Público em piqueniques assiste ao Aspen Music Festival.
Foto: Diego Redel

Fotografar esse tipo de evento, segundo Diego, é um exercício técnico, mas também de presença e sensibilidade. A luz dos palcos é feita para o público, não para a câmera. Os gestos dos músicos são únicos e irrepetíveis. E, ao mesmo tempo, o fotógrafo precisa estar em todos os lugares sem ser visto.

Atravessa ensaios, bastidores, corredores, salas menores e grandes palcos. Uma de suas imagens mais simbólicas é a de dezenas de pessoas do lado de fora da tenda principal, deitadas em cobertores coloridos e completamente imersas na experiência musical. Mesmo sem estarem “no palco oficial”, estão participando intensamente do festival. “É arte como encontro, não apenas como espetáculo”, resume.

O contato com os grandes nomes da música mundial é outro aspecto marcante de sua experiência em Aspen. Diego cruza diariamente com artistas como Renée Fleming, Robert Spano, Joshua Bell e Augustin Hadelich.

Pianista durante performance no Aspen Music Festival.
Foto: Diego Redel

Mas também se encanta com os bastidores mais inusitados: é comum ver esquilos, veados e até raposas atravessando o gramado do campus. E este ano, um urso foi avistado durante um ensaio. “Foi a primeira vez que vi um ao vivo. Estava no estacionamento, fotografei rápido. Foi inesquecível.”

Além da música, o que mais inspira Diego é a luz e a paisagem de Aspen. A arquitetura que se funde com a natureza, o céu noturno sem iluminação artificial e a presença constante das montanhas fazem da cidade um cenário ideal para a astrofotografia. Tudo isso se soma à rotina intensa do festival e alimenta a criatividade do fotógrafo.

Confira na galeria imagens incríveis capturadas pelo olhar de Diego:

>> Acompanhe o trabalho de Diego Redel no Instagram: @diego_redel_photojournalism e confira mais sobre o trabalho dele no site diegoredel.com.

Como isso impacta sua vida?

O trabalho de Diego Redel mostra como o talento brasileiro está presente nos bastidores do mundo. Sua experiência em Aspen, com um olhar sensível e enraizado na cultura local e no Femusc, ajuda a construir pontes entre o que se vive lá fora e o que se produz aqui. Mostra, acima de tudo, que a música é universal e a fotografia também.

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Gabriela Bubniak

Jaraguaense de alma inquieta e jornalista apaixonada por contar boas histórias. Tenho fascínio por livros, música e viagens, mas o que me move é viver a energia de um bom futsal na Arena e explorar o que há de melhor na nossa terrinha.

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