Tanto faz | 25/09/2025 | Atualizado em: 25/09/25 ás 10:32

Tem uma árvore de algodão no Parque Malwee? Entenda!

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Tem uma árvore de algodão no Parque Malwee? Entenda!

Foto: Gabriela Bubniak/JDV

Se você passeou recentemente pelo Parque Malwee, em Jaraguá do Sul, talvez tenha se deparado com uma cena curiosa: o chão coberto por uma fibra branca, leve e fofa, semelhante a algodão. A cena chama a atenção e rende perguntas. Que planta faz isso? E por que isso acontece?

Para descobrir, conversamos com os biólogos Christian Raboch Lempek e Gilberto Ademar Duwe, da Fundação Jaraguaense de Meio Ambiente (Fujama). Trata-se da paineira, uma árvore nativa da Mata Atlântica, conhecida por suas flores vistosas, troncos com acúleos e, claro, pela paina que solta do seu fruto.

Pessoa segura fibra branca da paineira no Parque Malwee
Foto: Gabriela Bubniak/JDV

A paineira e seu “algodão”

O nome científico da espécie é Ceiba speciosa, mas ela também é chamada de paineira-branca, paineira-rosa ou árvore-de-lã. Seus frutos se abrem e liberam uma fibra branca e sedosa: a paina. Ela tem aspecto de algodão e serve de material natural para os animais.

Trilha arborizada com paineiras no Parque Malwee, em Jaraguá
Foto: Gabriela Bubniak/JDV

Os frutos, que liberam essas fibras brancas, lembram muito abacates, só que com casca dura. E ele se abrem ainda presos aos galhos, lá no alto da árvore, estourando a casca após dias de exposição ao sol.

Fruto da paineira ainda fechado no Parque Malwee
Foto: Gabriela Bubniak/JDV

Depois disso, a dispersão as sementes fica a cargo do vento e dos passarinhos. É um fenômeno cíclico, que ocorre geralmente entre agosto e setembro.

Quem for ao Parque Malwee nessa época pode acompanhar o espetáculo natural de perto.

Enquanto a frutificação ocorre no final do inverno, quando começa o “tapete” de algodão pelo parque, suas flores aparecem entre dezembro e abril.

Elas têm cinco pétalas rosadas, geralmente com pintas vermelhas e bordas brancas. Também há uma variedade com flores totalmente brancas.

Apesar de sua aparência delicada, a paineira é resistente. Cresce rápido, pode atingir 30 metros de altura e se adapta bem a solos diversos.

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Um tronco diferente e pontiagudo

Outro traço marcante da árvore é o tronco repleto de acúleos. Principalmente nos ramos mais jovens, esses acúleos são afiados e funcionam como proteção natural.

Troncos espinhosos da paineira no Parque Malwee
Foto: Gabriela Bubniak/JDV

A coloração do tronco varia entre tons de cinza e verde, pois ele é capaz de realizar fotossíntese mesmo quando a árvore está sem folhas. Esse mecanismo permite que a paineira continue crescendo mesmo nos meses mais secos.

Tronco da paineira com espinhos no Parque Malwee
Foto: Gabriela Bubniak/JDV

Com o passar dos anos, os acúleos começam a cair, especialmente na base do tronco. Esse processo se intensifica após os 20 anos de idade, permitindo que pássaros utilizem a árvore para ninho com mais segurança.

Algumas paineiras, no entanto, mantêm acúleos grandes mesmo adultas, o que pode ser uma adaptação local.

Trilha arborizada com paineiras no Parque Malwee, em Jaraguá
Foto: Gabriela Bubniak/JDV

Pássaros e outros bichinhos adoram a paineira

Além de embelezar o cenário, a paineira é uma verdadeira aliada da fauna local. Diversas aves, como beija-flores, maritacas, periquitos e até morcegos, são atraídos por suas flores e frutos.

Durante a floração, os beija-flores se alimentam do néctar, ajudando na polinização. Já no período de frutificação, são as fibras brancas que ganham protagonismo: muitos pássaros utilizam a paina para forrar seus ninhos, pois ela é leve, quente e ajuda a manter os ovos protegidos da umidade.

Fruto seco e aberto da paineira no Parque Malwee
Foto: Gabriela Bubniak/JDV

Por que ela está no Parque Malwee?

A paineira tem tudo a ver com o Parque. Os biólogos da Fujama reforçam que essa árvore é típica da Mata Atlântica e ocorre naturalmente em regiões como o Vale do Itapocu. Com tanta vegetação preservada, é natural que ela encontre ali um ambiente perfeito para crescer, seja de forma espontânea ou integrada ao cenário paisagístico.

Tronco da paineira e galhos secos no Parque Malwee
Foto: Gabriela Bubniak/JDV

Além disso, o Parque Malwee é uma das maiores áreas de preservação ambiental de Santa Catarina. Inaugurado em 1978, ele conta com 1,5 milhão de metros quadrados, 16 lagoas e mais de 35 mil árvores plantadas.

Com uma grande variedade de espécies – principalmente nativas -, o parque oferece ao visitante a oportunidade de observar de perto diferentes tipos de vegetação, como a paineira, que se destaca entre tantas outras pela sua beleza e ciclo marcante.

Como isso impacta sua vida?

Conhecer a paineira ajuda as pessoas a enxergarem mais a natureza e a valorizarem a biodiversidade presente em Jaraguá do Sul. Ela mostra como o paisagismo urbano pode ser bonito, funcional e ecológico ao mesmo tempo. Da próxima vez que ver aquele algodão espalhado pelo Parque Malwee, você já sabe: é natureza em movimento.

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Gabriela Bubniak

Jaraguaense de alma inquieta e jornalista apaixonada por contar boas histórias. Tenho fascínio por livros, música e viagens, mas o que me move é viver a energia de um bom futsal na Arena e explorar o que há de melhor na nossa terrinha.

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