Tem uma árvore de algodão no Parque Malwee? Entenda!
Foto: Gabriela Bubniak/JDV
Se você passeou recentemente pelo Parque Malwee, em Jaraguá do Sul, talvez tenha se deparado com uma cena curiosa: o chão coberto por uma fibra branca, leve e fofa, semelhante a algodão. A cena chama a atenção e rende perguntas. Que planta faz isso? E por que isso acontece?
Para descobrir, conversamos com os biólogos Christian Raboch Lempek e Gilberto Ademar Duwe, da Fundação Jaraguaense de Meio Ambiente (Fujama). Trata-se da paineira, uma árvore nativa da Mata Atlântica, conhecida por suas flores vistosas, troncos com acúleos e, claro, pela paina que solta do seu fruto.

A paineira e seu “algodão”
O nome científico da espécie é Ceiba speciosa, mas ela também é chamada de paineira-branca, paineira-rosa ou árvore-de-lã. Seus frutos se abrem e liberam uma fibra branca e sedosa: a paina. Ela tem aspecto de algodão e serve de material natural para os animais.

Os frutos, que liberam essas fibras brancas, lembram muito abacates, só que com casca dura. E ele se abrem ainda presos aos galhos, lá no alto da árvore, estourando a casca após dias de exposição ao sol.

Depois disso, a dispersão as sementes fica a cargo do vento e dos passarinhos. É um fenômeno cíclico, que ocorre geralmente entre agosto e setembro.
Quem for ao Parque Malwee nessa época pode acompanhar o espetáculo natural de perto.
Conteúdos em alta
Enquanto a frutificação ocorre no final do inverno, quando começa o “tapete” de algodão pelo parque, suas flores aparecem entre dezembro e abril.
Elas têm cinco pétalas rosadas, geralmente com pintas vermelhas e bordas brancas. Também há uma variedade com flores totalmente brancas.
Apesar de sua aparência delicada, a paineira é resistente. Cresce rápido, pode atingir 30 metros de altura e se adapta bem a solos diversos.
>> LEIA TAMBÉM: 10 flores belíssimas para observar em Jaraguá durante a primavera
Um tronco diferente e pontiagudo
Outro traço marcante da árvore é o tronco repleto de acúleos. Principalmente nos ramos mais jovens, esses acúleos são afiados e funcionam como proteção natural.

A coloração do tronco varia entre tons de cinza e verde, pois ele é capaz de realizar fotossíntese mesmo quando a árvore está sem folhas. Esse mecanismo permite que a paineira continue crescendo mesmo nos meses mais secos.

Com o passar dos anos, os acúleos começam a cair, especialmente na base do tronco. Esse processo se intensifica após os 20 anos de idade, permitindo que pássaros utilizem a árvore para ninho com mais segurança.
Algumas paineiras, no entanto, mantêm acúleos grandes mesmo adultas, o que pode ser uma adaptação local.

Pássaros e outros bichinhos adoram a paineira
Além de embelezar o cenário, a paineira é uma verdadeira aliada da fauna local. Diversas aves, como beija-flores, maritacas, periquitos e até morcegos, são atraídos por suas flores e frutos.
Durante a floração, os beija-flores se alimentam do néctar, ajudando na polinização. Já no período de frutificação, são as fibras brancas que ganham protagonismo: muitos pássaros utilizam a paina para forrar seus ninhos, pois ela é leve, quente e ajuda a manter os ovos protegidos da umidade.

Por que ela está no Parque Malwee?
A paineira tem tudo a ver com o Parque. Os biólogos da Fujama reforçam que essa árvore é típica da Mata Atlântica e ocorre naturalmente em regiões como o Vale do Itapocu. Com tanta vegetação preservada, é natural que ela encontre ali um ambiente perfeito para crescer, seja de forma espontânea ou integrada ao cenário paisagístico.

Além disso, o Parque Malwee é uma das maiores áreas de preservação ambiental de Santa Catarina. Inaugurado em 1978, ele conta com 1,5 milhão de metros quadrados, 16 lagoas e mais de 35 mil árvores plantadas.
Com uma grande variedade de espécies – principalmente nativas -, o parque oferece ao visitante a oportunidade de observar de perto diferentes tipos de vegetação, como a paineira, que se destaca entre tantas outras pela sua beleza e ciclo marcante.
Como isso impacta sua vida?
Conhecer a paineira ajuda as pessoas a enxergarem mais a natureza e a valorizarem a biodiversidade presente em Jaraguá do Sul. Ela mostra como o paisagismo urbano pode ser bonito, funcional e ecológico ao mesmo tempo. Da próxima vez que ver aquele algodão espalhado pelo Parque Malwee, você já sabe: é natureza em movimento.
Gabriela Bubniak
Jaraguaense de alma inquieta e jornalista apaixonada por contar boas histórias. Tenho fascínio por livros, música e viagens, mas o que me move é viver a energia de um bom futsal na Arena e explorar o que há de melhor na nossa terrinha.