Pets | 14/10/2025 | Atualizado em: 30/11/25 ás 15:05

Conheça Elisa, a cachorrinha que foi adotada por uma escola inteira em Schroeder

Ela apareceu sozinha em um dia de chuva, foi adotada e transformou a vida de 650 pessoas.

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Conheça Elisa, a cachorrinha que foi adotada por uma escola inteira em Schroeder

Foto: Arquivo pessoal

“Quando a vi pela primeira vez, magrinha, molhada de chuva e com aquele olhar triste, me apaixonei na hora.” Foi assim que a professora Isane Reichardt, de Schroeder, descreve o encontro com a cachorrinha que mudaria para sempre a rotina de uma escola inteira.

Elisa foi nome escolhido, em homenagem à Escola de Educação Básica Professora Elisa Claudio de Aguiar, que fica no bairro Schroeder I. O detalhe é que ela não foi apenas adotada: foi acolhida por mais de 650 pessoas, entre alunos, professores e funcionários, que decidiram transformá-la na mascote oficial da instituição.

Cachorra Elisa interage com alunos em escola de Schroeder durante atividades de pet terapia
Foto: Arquivo pessoal

O vazio deixado pela Olga

A história de Elisa começa antes mesmo de sua chegada. Isane sempre amou cachorros e tinha como companheira inseparável a Olga, uma cadela que viveu com sua família por nove anos. Em março de 2022, Olga partiu vítima de um câncer linfático agressivo. A doença se desenvolveu de forma rápida e dolorosa, deixando um vazio enorme em casa.

“Já se passaram mais de três anos e meio, e ainda hoje sinto um grande vazio quando penso nela”, confessa Isane.

Foi nesse cenário de luto e saudade que surgiu a ideia de trazer um mascote para a escola. Mais do que preencher uma ausência, era uma forma de transformar dor em cuidado coletivo.

Cachorra Elisa posa ao lado de sacos de ração recebidos por doação na escola em Schroeder
Foto: Arquivo pessoal

Mobilização escolar para adotar um mascote

Durante uma viagem à Argentina, Isane e o marido observaram como os cães eram tratados com respeito em todos os lugares: bares, restaurantes, lojas e até igrejas. “Eles eram comunitários e, mesmo assim, estavam sempre limpos, bem cuidados e felizes. Se lá funciona, por que não poderia dar certo numa escola no Brasil?”, recorda.

De volta a Schroeder, compartilhou a ideia com os alunos. O entusiasmo foi imediato. As crianças levaram o projeto para casa, discutiram com suas famílias e, logo depois, toda a comunidade escolar estava envolvida.

O 6º ano, em especial, abraçou a causa com afinco: escreveram cartas à mão, distribuídas a professores, gestores, cozinheiras, serventes, conselho deliberativo, APP e até à gerência da educação. Todos foram convidados a opinar.

Cadelinha Elisa deitada no chão da sala durante aula na escola em Schroeder
Foto: Arquivo pessoal

O resultado foi democrático: 78% aprovaram a proposta, 22% tinham dúvidas – não por rejeitar a ideia, mas por questionar como seria a rotina de cuidados, quem pagaria veterinário e ração, quem cuidaria nos finais de semana. Preocupações legítimas, mas que não impediram o sonho de seguir em frente.

O destino bate à porta

Enquanto Isane conversava com Rutinha, uma protetora de animais da cidade que buscava o cão ideal para se adaptar ao ambiente escolar, o destino preparava uma surpresa. Em um dia cinzento e frio de inverno, com garoa fina, uma cadelinha branca, peluda, magra e suja atravessou a rua em frente à escola. Sua expressão era de dor e abandono.

A assessora da época correu para acolhê-la, com medo de que fosse atropelada. Era comum a escola abrir as portas para animais em risco, mas dessa vez havia algo diferente. Em poucos instantes, a cadelinha já conquistava olhares curiosos e corações abertos.

Professora e alunas posam sorrindo com a cadelinha Elisa em frente à escola em Schroeder
Foto: Arquivo pessoal

Nos dias seguintes, tentaram descobrir se tinha dono. Fotos circularam nas redes sociais, mas ninguém a reivindicou. Uma família chegou a levá-la para casa, cuidando com carinho, vacinando e oferecendo conforto. Mas a cadelinha insistia em fugir diariamente no horário das aulas, voltando para a escola. Ficava claro: seu lugar já estava escolhido.

A mascote que se escolheu

“Foi emocionante perceber que ela não queria ficar em outro lugar. Ela escolheu a escola, escolheu nossos alunos”, conta Isane. Já apelidada de Elisa em homenagem à instituição, a cadela se acostumou ao nome e ao carinho coletivo. A festa foi geral quando se decidiu que ela ficaria definitivamente.

Cachorra Elisa recebe ração de aluna e posa fantasiada ao lado de aluno em escola de Schroeder
Foto: Arquivo pessoal

Rutinha continuou ajudando: trouxe caminha, potes e roupinhas. Professores e alunos organizaram ações para arrecadar recursos. Uma das mais criativas foi a produção e venda de chaveirinhos em formato de patinha, somada a um pedágio solidário no centro de Schroeder.

O esforço coletivo arrecadou mais de mil reais e trouxe ainda doações de ração, brinquedos, medicamentos e apoio financeiro. “Foi lindo ver toda a comunidade se mobilizar por ela”, recorda Isane.

Desde sua chegada, Elisa recebeu todos os cuidados necessários: vacinas atualizadas, vermífugos, castração, chip, proteção contra pulgas e carrapatos. Em 2023, a escola contratou um adestrador, que trabalhou junto aos alunos protetores de Elisa para ensinar comandos básicos. O resultado foi uma cadelinha mais calma, obediente e equilibrada.

Cachorra Elisa participa de sessão de adestramento com educadores na escola em Schroeder
Foto: Arquivo pessoal

Energia, adaptação e amadurecimento

Quando chegou, a veterinária estimou que Elisa tinha cerca de dois anos. Com mistura de border collie, sua energia parecia inesgotável. Corria pelos corredores, latia para desconhecidos, mas também fazia a festa com os alunos.

“Ela reconhece cada pessoa da escola, mas não deixa nenhum estranho passar despercebido”, diz Isane.

Nos finais de semana, no início, Elisa ia para casas de famílias diferentes. A lista de espera era grande, pois todos queriam passar tempo com a mascote. Sexta-feira buscavam, segunda-feira devolviam. Até nas férias havia rodízio de lares temporários.

Cachorra Elisa é banhada por alunos e posa com professora vestida de Branca de Neve na escola
Foto: Arquivo pessoal

Mas, em 2024, perceberam que essa rotina a estava cansando. Decidiram deixá-la na escola também aos finais de semana, onde sempre há movimento: fanfarra, desbravadores, eventos. Assim, ganhou mais estabilidade e descanso.

De mascote a terapeuta

Com o passar do tempo, Elisa revelou um dom especial: sua sensibilidade diante da dor humana. Após a pandemia, muitos alunos e até professores enfrentaram crises de ansiedade e depressão. Elisa parecia perceber quando alguém não estava bem. Aproximava-se com calma, deitava junto, oferecia carinho silencioso. “Já vimos muitas vezes alguém em crise ser acolhido por ela e se acalmar”, relata Isane.

Essa habilidade deu origem a um projeto de pet terapia, que chegou a ser apresentado em feiras regionais de ciência, rendendo duas premiações. Elisa não era apenas mascote: era também terapeuta.

Elisa posa com estudantes e professora na Feira de Ciências da escola em Schroeder
Foto: Arquivo pessoal

Um símbolo de união

Hoje, com cerca de seis anos, Elisa está mais madura, mas continua guardiã, amiga e companheira. Participa de eventos comunitários, aparece em reportagens e tornou-se símbolo de união.

“Ela mudou a rotina, o clima e até a forma como enxergamos a convivência. Hoje, não é só mascote: é parte da família Elisa Cláudio”, resume Isane.

Para quem pensa em adotar, ela deixa um recado forte: “Adotar não é só dar carinho. É assumir compromisso, responsabilidade e amor constante. O que recebemos em troca é infinitamente maior.”

Cachorra Elisa caracterizada para o Halloween com laço colorido e enfeites temáticos
Foto: Arquivo pessoal

Elisa é mais uma protagonistas da série “Meu Cachorro Tem História”, produzida em Jaraguá do Sul com apoio de tutores, ONGs e protetores independentes. Toda semana, trazemos aqui provas de que trás de cada adoção, há duas vidas que se reinventam: a do cão e a da pessoa que decide acolher.

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Ajude as ONGs e grupos de proteção animal a continuarem o excelente trabalho de proteção e acolhimento em Jaraguá do Sul e região. Você pode colaborar de várias formas:

  • Ajapra (Associação Jaraguaense Protetora dos Animais): doações via Pix – CNPJ: 07.532.982/0001-01, doação de ração, fraldas, remédios e outros itens (confira as necessidades da ONG no Instagram: @ajapra_oficial);
  • Gang dos Patinhas: doação via Pix – 8pix.gang@gmail.com. Saiba mais sobre a instituição pelo Instagram: @gangdospatinhas
  • Focinhos Carentes: entre em contato e saiba mais pelo Instagram: @focinhoscarentes_poreles
  • Bigodes e Ronrons: doação via Pix – grupobigodeseronrons@gmail.com. Saiba mais sobre a instituição pelo Instagram: @bigodeseronrons

Você também pode ajudar protetoras de animais independentes. Conheça algumas delas:

Conhece outra alguma ONG da região? Escreva para redacao@nascecom.com.br e compartilhe conosco mais projetos incríveis dedicados à proteção e acolhimento de animais.

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Max Pires

Já criei blog, portal, startup… e agora voltei pro que mais gosto: contar histórias que fazem sentido pra quem vive aqui. Entre um café e um latido dos meus cachorros, tô sempre de olho no que importa pra nossa cidade.

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