Cotidiano | 17/10/2025 | Atualizado em: 17/10/25 ás 17:18

Como uma fisioterapeuta de Jaraguá virou CFO da maior startup de fotos da América Latina?

De Jaraguá do Sul para o topo do setor de tecnologia, Duda Guerra trocou a fisioterapia pela liderança financeira da maior startup de fotógrafos da América Latina.

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Como uma fisioterapeuta de Jaraguá virou CFO da maior startup de fotos da América Latina?

Duda Guerra participa de evento sobre inovação e startups

De Jaraguá do Sul para o cenário internacional da tecnologia, Maria Eduarda Guerra, conhecida como Duda, trilhou um caminho improvável. Formada em Fisioterapia e atuante na linha de frente da pandemia, ela deixou o jaleco para assumir o comando financeiro da Banlek, a maior plataforma de fotógrafos da América Latina.

O que começou como uma transição desafiadora virou símbolo de coragem, reinvenção e liderança feminina em um setor ainda dominado por homens.

Maria Eduarda Guerra vestindo camiseta da Banlek e sorrindo em retrato profissional
CFO jaraguaense Maria Eduarda Guerra

Da UTI à startup

Em 2020, enquanto o mundo vivia um dos períodos mais desafiadores da história recente, Duda trabalhava em hospitais e projetos de pesquisa em reabilitação pulmonar. Graduada pela Universidade Veiga de Almeida e com atuação vinculada à UERJ, ela acompanhou de perto os efeitos da COVID-19.

As longas jornadas, a pressão constante e a necessidade de tomar decisões rápidas moldaram um perfil analítico e resiliente, que mais tarde se revelaria essencial no universo corporativo.

“Na saúde, aprendi a lidar com dados, riscos e prazos. Tudo precisa ser calculado e preciso. Essa mentalidade me ajudou muito quando entrei na área financeira”, conta.

O momento pós-pandemia trouxe um silêncio inesperado. Sem a mesma rotina intensa, Duda começou a questionar seus caminhos. Foi então que o marido, Jonathas, cofundador da Banlek, percebeu um potencial que nem ela mesma enxergava. “Ele via minha forma de pensar, de analisar informações. Disse que isso era o que faltava no financeiro da startup”, relembra.

profissionais de saúde realizando atendimento hospitalar durante a pandemia de COVID-19
Maria Eduarda Guerra em atuação hospitalar durante a pandemia

O salto para o mundo tech

A Banlek, fundada com o propósito de facilitar a vida de fotógrafos profissionais e amadores, já vinha crescendo rapidamente. A plataforma conecta profissionais a clientes e produtos, oferecendo soluções financeiras e logísticas para toda a cadeia da fotografia.

Quando Duda assumiu a área financeira, a startup já era uma das mais promissoras do segmento. Ainda assim, havia muito a ser estruturado.

“Não foi fácil entender a lógica de um ambiente totalmente diferente. Eu vinha de uma área baseada em protocolos rígidos e fui parar em um lugar onde tudo muda o tempo todo”, diz.

Esse contraste virou aprendizado. Aos poucos, ela passou a aplicar o olhar clínico da fisioterapia ao mundo das finanças. “Na saúde, a gente avalia sintomas, busca causas, faz diagnósticos. No financeiro é parecido, só que com números e comportamentos empresariais”, explica, rindo.

Maria Eduarda Guerra usando boné da Banlek e trabalhando em laptop
Duda Guerra em momento de trabalho na Banlek

Presença feminina em um ambiente comumente masculino

O cargo de CFO veio acompanhado de outro desafio: ser uma mulher em um ambiente dominado por homens. Em reuniões com investidores, executivos e parceiros, ela ainda é, muitas vezes, a única mulher na sala.

“Isso impõe uma cobrança extra. Sempre senti que precisava provar duas vezes o meu valor. Não quero ser lembrada por ser esposa do cofundador, quero ser reconhecida pela minha competência”, afirma.

Essa postura firme tem inspirado outras profissionais dentro e fora da empresa. Em um mercado em que apenas 9% dos cargos de liderança financeira são ocupados por mulheres, segundo o IBGE, histórias como a de Duda mostram uma mudança gradual no perfil das lideranças.

grande grupo de colaboradores da Banlek comemorando dentro da Banlek House
Encontro de colaboradores da Banlek

A maternidade que fortalece

Quando Duda fala de maternidade, a expressão muda. “Ser mãe e líder é uma escola diária. Eu precisei aprender a delegar, confiar e ser mais objetiva”, diz.

Ela não enxerga a maternidade como obstáculo, mas como combustível. “A gente aprende a ser mais focada, a priorizar o que realmente importa. Isso me tornou mais eficiente no trabalho.”

Na Banlek, ela ajuda a criar uma cultura que acolhe essa visão. A startup adota horários flexíveis e defende o equilíbrio entre produtividade e bem-estar. “Maternidade não precisa ser sinônimo de culpa ou de pausa. É sobre reorganizar prioridades e continuar crescendo”, defende.

casal Maria Eduarda Guerra e Jonathas reunidos na Banlek House
Duda Guerra e Jonathas, casal à frente da Banlek

Jaraguá do Sul como ponto de partida

Mesmo com a rotina agitada e o alcance continental da empresa, Duda mantém fortes laços com Jaraguá do Sul. A cidade é, para ela, um símbolo de origem e valores. “É aqui que aprendi sobre trabalho, disciplina e propósito. Essa mentalidade jaraguaense me acompanha em tudo que faço”, diz.

A trajetória de Duda também se conecta ao movimento crescente de inovação no Vale do Itapocu. Jaraguá, Guaramirim e região vêm se destacando como polos de tecnologia e empreendedorismo. Startups locais de software, logística e marketing têm atraído atenção de investidores e criado oportunidades que antes só existiam nas capitais.

“Há muito talento aqui. O que falta, às vezes, é acreditar que dá pra fazer coisas grandes sem sair da cidade”, comenta Duda.

equipe da Banlek em encontro ao ar livre posando para foto oficial da empresa
Time Banlek celebra conquistas em encontro corporativo

Liderança com propósito

Na Banlek, Duda lidera uma equipe diversa, com profissionais espalhados por diferentes estados e países. Ela é conhecida por ter um estilo de gestão próximo e humano, valorizando o diálogo e o aprendizado contínuo.

“Gosto de trabalhar com gente curiosa, que não tem medo de perguntar. Na startup, o erro faz parte do processo de inovação. O importante é aprender rápido”, resume.

Sob sua gestão, a empresa implementou novas políticas de governança financeira e ampliou o portfólio de produtos, permitindo que fotógrafos recebam comissões automáticas sobre materiais impressos. A mudança aumentou a rentabilidade dos profissionais e reforçou o papel da Banlek como referência no setor.

Maria Eduarda Guerra vestindo camiseta da Banlek e sorrindo em retrato profissional
Foto: Divulgação/Banlek

Inspiração para outras mulheres

Para além da trajetória pessoal, Duda se tornou uma voz ativa na defesa da diversidade. “A tecnologia precisa de olhares diferentes. Quando mulheres participam das decisões, o produto muda, o ambiente melhora e os resultados aparecem”, afirma.

Ela costuma participar de eventos e painéis sobre empreendedorismo e liderança feminina. Mesmo sem buscar os holofotes, acredita que histórias reais têm poder de inspirar. “Se minha trajetória fizer alguém acreditar que é possível mudar de caminho, já valeu a pena”, conclui.

Maria Eduarda Guerra durante palestra sobre liderança e inovação na Banlek
Duda Guerra fala sobre liderança feminina e inovação na Banlek

Como isso impacta sua vida?

A história de Duda Guerra representa o novo perfil de liderança que surge em Santa Catarina: conectado à tecnologia, movido por propósito e enraizado em valores locais. Ela mostra que talento e coragem podem transformar qualquer trajetória, independentemente da área de origem.

Para Jaraguá do Sul, histórias como essa reforçam o potencial da região como berço de inovação e liderança. E para cada mulher que sonha em mudar de área, Duda é a prova viva de que o impossível pode ser apenas o primeiro passo.

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Max Pires

Já criei blog, portal, startup… e agora voltei pro que mais gosto: contar histórias que fazem sentido pra quem vive aqui. Entre um café e um latido dos meus cachorros, tô sempre de olho no que importa pra nossa cidade.

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