Contas externas do Brasil têm pior saldo desde 2021, mas investimentos crescem
Importações disparam e balança comercial perde força.
O Brasil registrou um saldo negativo de US$ 9,77 bilhões nas contas externas em setembro deste ano, informou o Banco Central nesta sexta-feira (24). Esse é o pior resultado para o mês desde 2021 e mostra um aumento em relação a setembro de 2024, quando o déficit havia sido de US$ 7,38 bilhões.
As contas externas são o termômetro das transações do país com o resto do mundo — incluindo comércio, serviços, rendas e transferências. O resultado ruim foi puxado por menor superávit na balança comercial e aumento no pagamento de lucros e juros a estrangeiros.
Déficit cresce, mas exportações também sobem
O comércio exterior teve destaque em setembro: as exportações somaram US$ 30,68 bilhões, aumento de 7% em relação ao mesmo mês de 2024. Mas as importações avançaram ainda mais, totalizando US$ 28,36 bilhões — um salto de 17,4% — puxadas pela compra de uma plataforma de petróleo de US$ 2,4 bilhões.
Com isso, o superávit da balança comercial caiu para US$ 2,32 bilhões, bem abaixo dos US$ 4,52 bilhões registrados um ano antes.
Serviços e rendas mantêm pressão negativa
O déficit nos serviços (como viagens, transportes e tecnologia) foi de US$ 4,9 bilhões, com destaque para as despesas em propriedade intelectual (streaming, software, etc.), que subiram quase 65%.
Na conta de rendas primárias, que envolve lucros e dividendos enviados ao exterior, o déficit ficou em US$ 7,63 bilhões — valor 14% maior que no ano anterior. Isso reflete a saída de lucros de empresas estrangeiras instaladas no Brasil.
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Investimento estrangeiro direto cresce
Apesar do déficit, o país teve uma entrada robusta de investimentos diretos no setor produtivo: US$ 10,67 bilhões em setembro, quase o triplo de setembro de 2024. Em 12 meses, o total de IDP (Investimento Direto no País) chega a US$ 75,8 bilhões — sinal positivo para o financiamento do déficit externo.
Como isso impacta sua vida?
Mesmo sendo um tema macroeconômico, os saldos das contas externas afetam o câmbio, os juros e a percepção de risco do país. Setores exportadores como o têxtil e o metalmecânico sentem os reflexos de oscilações no dólar e nas taxas de importação. Além disso, o aumento nos investimentos diretos mostra confiança no Brasil, o que pode representar mais empregos e produção no futuro.
Agência Brasil
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