Cotidiano | 04/12/2025 | Atualizado em: 04/12/25 ás 12:04

Jaraguá do Sul pode ter arranha-céus? Aposto que você nunca parou pra pensar nisso

Com novas regras urbanísticas, a cidade abre espaço para prédios mais altos, mas será que isso muda o jeito de viver em Jaraguá do Sul?

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Jaraguá do Sul pode ter arranha-céus? Aposto que você nunca parou pra pensar nisso

Imagem ilustrativa com prédios simulados, inspirando debate sobre o futuro urbano de Jaraguá do Sul

Em uma cidade que cresce entre vales, a paisagem de Jaraguá do Sul pode parecer inalterada à primeira vista. Mas, por trás dos casarões enxaimel e da arquitetura industrial, um novo perfil urbano começa a surgir. A pergunta que não quer calar: será que Jaraguá do Sul pode ter arranha-céus?

O que diz o Plano Diretor

Desde a revisão da Lei Complementar nº 219/2018, Jaraguá do Sul eliminou os limites fixos de altura na maior parte da cidade. A exceção são zonas de interesse especial, como o Centro Histórico, onde o limite é de 4 pavimentos (até 12 metros). Em outras áreas sensíveis, como partes da Ilha da Figueira, as restrições variam entre 3 e 8 andares (9 a 26 metros), especialmente por questões de segurança e proteção paisagística.

Fora dessas zonas, a altura permitida passou a ser definida com base no zoneamento urbano e nos índices construtivos. Antes da revisão de 2020, bairros centrais já podiam receber edifícios com até 90 metros de altura (cerca de 30 andares); bairros intermediários tinham limite de 60 metros (cerca de 20 andares); e áreas periféricas, 36 metros (cerca de 12 andares). A nova legislação trouxe mais flexibilidade a esses parâmetros, desde que os empreendimentos apresentem estudos de impacto de vizinhança e respeitem a capacidade da infraestrutura local.

Durante décadas, o título de edifício mais alto de Jaraguá do Sul pertenceu ao tradicional Edifício Jaraguá


Legislação permite, mas com condições

Jaraguá do Sul não possui uma proibição legal para construção de arranha-céus. O que existe são condicionantes legais: Estudos de Impacto de Vizinhança e Ambiental são exigidos para projetos de grande porte. Essas avaliações servem para entender como o empreendimento afetará a cidade, o trânsito, os serviços públicos e a paisagem urbana. A partir desses estudos, a prefeitura pode exigir contrapartidas das construtoras, como melhorias viárias, obras de drenagem, calçadas e outros investimentos em infraestrutura para reduzir os impactos gerados.

Além disso, o Código de Obras impõe padrões técnicos elevados para garantir a segurança de moradores e usuários. Sistemas de combate a incêndios, elevadores suficientes e saídas de emergência são apenas alguns dos requisitos obrigatórios para que um prédio alto seja aprovado.

Infraestrutura, mobilidade e meio ambiente

Construir alto é possível, mas demanda estrutura. Sistemas de água, esgoto, energia e mobilidade precisam ser reforçados em regiões com edifícios verticais. A concentração de pessoas e veículos em um único ponto pressiona os serviços urbanos e pode gerar congestionamentos e sobrecarga na infraestrutura.

Por isso, os estudos de impacto analisam exatamente isso: o que aquele prédio trará de exigências para o entorno. Em troca, a verticalização reduz a expansão horizontal desordenada e preserva áreas verdes. Construir para cima pode ser uma solução inteligente, desde que bem planejada.

Visão técnica: verticalizar é mais que construir alto

Para o arquiteto e urbanista Bruno Luiz Gonçalves, mestre em Desenvolvimento Territorial Sustentável, a verticalização só faz sentido se pensada junto com mobilidade, zoneamento e infraestrutura.

“Crescimento não é sinônimo de desenvolvimento. Precisamos de um projeto de cidade que integre dados e planos setoriais com uma pergunta central: que cidade queremos para o futuro?

Ele ressalta que prédios altos podem tanto melhorar quanto piorar a vida urbana, depende de como são planejados. “Não basta subir andares. O que acontece no térreo é essencial: se o espaço é aberto, arborizado e convida à convivência, temos uma cidade viva. Se o térreo é fechado, com muros e garagem, a cidade perde.

Bruno também destaca que a verticalização pode ser aliada do meio ambiente e da mobilidade:

“Quando bem planejada, evita que a cidade se espalhe e exige menos da infraestrutura pública, além de reduzir deslocamentos e incentivar o uso do transporte coletivo.”

E reforça: “A arquitetura não pode ser genérica. Cada edifício alto precisa respeitar o lugar onde está, valorizar o passado da cidade e sua paisagem natural. Verticalizar não é só sobre altura, é sobre desenhar um futuro sustentável e humano.”

Cultura e mercado: o que o jaraguaense quer?

Segundo o IBGE e o Censo 2022, Jaraguá do Sul já é a 5ª cidade mais verticalizada de Santa Catarina, com 28% da população vivendo em prédios. Isso significa que uma parcela significativa da população já vive em apartamentos, e esse número tende a crescer. O estilo de vida está mudando: mais apartamentos, mais prédios com áreas de lazer, mais segurança e praticidade.

Novos perfis familiares impulsionam esse movimento. Famílias menores e mais conectadas com a vida urbana preferem moradias em condomínios verticais. E o mercado responde com lançamentos altos e modernos, que oferecem conforto e sofisticação no coração da cidade.

Depoimento do mercado imobiliário

Reprodução de anúncios de apartamentos a venda em Jaraguá do Sul

Segundo Charles Medeiros, Diretor da Poder Imóveis e especialista em imóveis de grande porte, a maior preferência por apartamentos em andares mais altos: “Em cerca de 80% dos casos, os clientes escolhem andares elevados. Isso não se deve apenas à vista, eles são mais arejados, silenciosos e valorizam mais, inclusive no preço por metro quadrado.”

Sobre a comparação entre casa e apartamento, ele destaca que a escolha ainda depende do perfil de cada comprador: “Cada tipo de imóvel tem seus pontos positivos e negativos. Mas a busca por praticidade e segurança tem levado muitos a optar pela vida em condomínio.”

Charles também ressalta que as mudanças no Plano Diretor foram fundamentais para abrir espaço a construções mais modernas:

“A nova legislação urbanística flexibilizou os parâmetros e permitiu que Jaraguá do Sul se alinhe ao padrão das cidades mais desenvolvidas.”

Ele reforça, no entanto, que a construção de prédios com até 90 metros de altura ainda é limitada a alguns bairros com infraestrutura e zoneamento adequados: “Há grande interesse do consumidor nesses empreendimentos mais altos e modernos”

Exemplos concretos

O Edifício Jaraguá marcou época com seus 18 andares nos anos 1980. Foi um marco na paisagem urbana e permanece como referência arquitetônica. Por muitos anos, ele foi o mais alto da cidade, em uma época em que ainda não existiam limites legais claros para altura.

Hoje, projetos como o Hyperion Wellness Residence (27 pavimentos) e o Palazzo Del Fiore (20 pavimentos) mostram que a cidade já entrou na era dos “arranha-céus locais”. Esses edifícios representam uma nova fase do mercado imobiliário jaraguaense, mais ousado e conectado com tendências urbanas.

Citação retirada da contra capa do livro Cidades Verticais de Leandro Ludwig

Afinal, o que é um arranha-céu?

O termo “arranha-céu” tem origem no inglês skyscraper e costuma ser associado a prédios enormes de cidades como Nova York ou Dubai. Mas existe um critério técnico: segundo o Council on Tall Buildings and Urban Habitat (CTBUH), órgão referência internacional em edificações altas, um arranha-céu é qualquer prédio com 100 metros ou mais de altura, o que equivale, em média, a 30 andares.

No entanto, esse conceito pode variar de acordo com o contexto. Em cidades como Jaraguá do Sul, onde a paisagem urbana ainda é majoritariamente horizontal, edifícios com 20 andares ou mais já se destacam no horizonte e acabam sendo chamados de “arranha-céus” por incorporadoras e pela população. Mais do que a altura exata, o que define o impacto de um prédio na cidade é como ele se insere no entorno e transforma a paisagem urbana.

Como isso impacta sua vida?

A possibilidade de construção de arranha-céus muda a cara da cidade e também o modo de viver nela. Pode significar mais moradias perto do centro, melhor aproveitamento do solo, menos deslocamentos diários e mais opções de serviços.

Mas também exige planejamento: infraestrutura, trânsito e meio ambiente precisam acompanhar. Entender isso ajuda você a participar das decisões sobre o futuro de Jaraguá do Sul.

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Max Pires

Já criei blog, portal, startup… e agora voltei pro que mais gosto: contar histórias que fazem sentido pra quem vive aqui. Entre um café e um latido dos meus cachorros, tô sempre de olho no que importa pra nossa cidade.

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