Coluna: Por que não temos educação política nas escolas?
Essa pergunta sempre rondou minha cabeça: por que não temos educação política nas escolas? Por quê? Não consigo compreender. Passou da hora de incluirmos esse ensino nas Diretrizes Curriculares. E isso é dever tanto do governo federal como do Congresso Nacional.
Instruir a população com educação política só tem pontos positivos. Não vejo nenhum negativo. O principal é fazer todo brasileiro entender que ele precisa participar para conquistar melhorias e avanços em diferentes áreas de nossas vidas. Essa noção de engajamento é fundamental. Hoje, a gente não participa nem de reunião do condomínio.
Objetivamente, formaríamos cidadãos mais engajados com a política e com o desenvolvimento de sua cidade, para participarem ativamente de discussões importantes, como zoneamento, orçamento, saúde, segurança, transporte coletivo etc. Todos podemos participar de audiências públicas realizadas por diversos órgãos públicos. Elas são sempre divulgadas pelas mídias sociais e também pela imprensa. É só ficar atento e anotar na agenda.
Outro ponto importante na educação política é respeitar a pluralidade de correntes, pensamentos e opiniões. Todo mundo tem direito de expressar a sua opinião, mesmo que eu não concorde. E eu preciso respeitá-la. E podemos e devemos expor os argumentos favoráveis e ouvir os contrários, sem terminar em discussão, briga ou ofensas.
Também precisamos entender a divisão dos poderes (Executivo, Legislativo e Judiciário); o funcionamento das instituições (como no âmbito federal, por exemplo, com o governo federal, a Câmara dos Deputados, o Senado, o STJ e o STF); o papel dos agentes políticos (o que fazem os vereadores, os deputados estaduais, federais e os senadores); entre várias outras possibilidades de estudos.
Vimos aqui que a educação política vai contribuir com uma sociedade mais democrática, com mais conhecimento e maior participação popular. Esse caminho é longo, mas necessário. E no fim será compensador, porque também valorizaremos o nosso voto, que é o principal poder de transformação de uma sociedade.
Não existe um único espaço por excelência para a política educacional. Ela se processa onde há pessoas imbuídas da intenção de gradualmente conduzir a criança a ser o modelo social de adolescente e, posteriormente, de jovens e adultos idealizado pelo grupo social em que está situado.
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Pelo fato de a política educacional ser estabelecida por meio do poder de definição do processo pedagógico, em função de um grupo, de uma comunidade ou de setores dessa comunidade, ela tanto pode ser resultado de um amplo processo participativo, em que todos os membros envolvidos com a tarefa pedagógica (professores (as), alunos (as) e seus pais) debatem e opinem sobre como ela é, como deverá ser e a que fim deverá atender, como também pode ser imposição de um pequeno grupo que exerce o poder sobre a grande maioria coletiva.
Atualmente, existem duas versões de política educacional correspondentes às práxis políticas aristotélicas e platônicas. Na linha platônica, há a política educacional tecnocrática, e, na vertente aristotélica, há a política educacional municipalizante.
Na vertente platônica, aqueles que elaboram a política educacional são representantes do Estado – um pequeno grupo de pessoas que também desenvolve a atividade normativa sobre o sistema de ensino público, sem, contudo, ser responsável pelo fornecimento do ensino.
Essa elite é conhecida como representante da tecnocracia. Na esfera educacional, a tecnocracia tem um perfil antidemocrático, já que continuamente reserva para si o monopólio das virtudes necessárias para a direção da educação.
Um dos exemplos para política nas escolas seria o voto válido regional, quando os eleitores exercendo sua cidadania votariam preferencialmente nos candidatos de sua cidade, assim pensando em somar regionalmente.
Claudio Piotto
Professor Pesquisador, Mestre em Educação, Especialista em Planejamento Educacional e Docência do Ensino Superior, Historiador e Pedagogo. Entusiasta da Educação