Deslizamentos na BR-376: Geólogo cita fatores que podem contribuir para quedas de barreira
Especialista afirma que 'não existe receita padrão', mas que 'forças que querem movimentar e as forças que querem resistir' definem as ocorrências. Entenda o que significa cada termo e como eles determinam a ocorrência ou não de deslizamentos.
Deslizamentos de terra, como o registrado na BR-376 em Guaratuba, no litoral do Paraná, podem ocorrer por uma série de fatores, conforme o geólogo e professor da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Renato Eugênio de Lima.
Ele que afirmou que não existem fatores padrão para deslizamentos, mas que materiais rochosos e o solo são compostos por “forças que querem movimentar e forças que querem resistir”.
“Não existe uma receita padrão. Os deslizamentos ocorrem de diferentes maneiras e em diferentes processos. […] Uma coisa que todo material de rocha, de solo, eles têm um componente de forças que atuam o tempo todo, as forças que querem movimentar e as forças que querem resistir. O deslizamento acontece quando as forças que querem movimentar, são maiores do que as que querem resistir. Essa é a regra geral”, afirmou ele.
O deslizamento em Guaratuba arrastou 10 carros e seis caminhões. Duas pessoas foram encontradas mortas, e a estimativa é a de que até outras 30 estejam desparecidas, segundo Corpo de Bombeiros.
Utilizando a queda de barreira da BR-376 como exemplo, Lima, que esteve no local do acidente e compõe equipe que analisa a tragédia, explicou que o solo encharcado criou o que é chamado na geologia de “peso maciço”.
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A expressão é referente ao aumento do peso das rochas e do solo devido, neste caso, à grande quantidade de água das chuvas registradas no dia do acidente e nos dias anteriores.
“É como pegar uma garrafa e encher ela de areia e depois colocar água. Ela ocupará todos aqueles espaços e aumentará o peso”, explicou o professor.
As chamadas forças resistentes, segundo o especialista, eram o solo e a formação rochosa da região que acabaram cedendo devido ao grande acumulado de chuva que encharcou a terra (força que quer movimentar) e fez o bloco de solo se desprender da encosta.
“Um período chuvoso de longa duração, ao longo de dias, isso vai encharcando cada vez mais o peso maciço. A água vai diminuindo a força resistente que neste caso são as rochas e o solo”, explicou o geólogo.
Ele afirma que a declive dos locais também pode interferir nos deslocamentos de terra. Segundo Renato, quanto maior a inclinação, maior o risco de deslizamentos.
Cris Badu
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