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Entidades discutem ações para diminuir índices de acidente de trânsito em Jaraguá do Sul

Como sugestão de medida, o delegado regional aponta a curto prazo: “ou cobrir a cidade de lombadas físicas ou reavaliar os limites de velocidade, que hoje estão em 60 quilômetros por hora”

16/06/2021

A secretaria de Planejamento e Urbanismo da prefeitura de Jaraguá do Sul coordenou um encontro na sexta-feira (11) para discutir alternativas à redução dos índices de acidentes de trânsito no município. Participaram representantes da Polícias Militar e Civil, Bombeiros Voluntários, Acijs, hospitais Jaraguá e São José, Câmara de Vereadores e secretarias municipais da Administração e de Saúde.

O secretário Eduardo Bertoldi apresentou os dados relacionados ao trânsito e explicou que os números de 2021 motivaram a reunião para buscar uma solução em conjunto.

“Recentemente, recebemos ofícios das polícias solicitando que sejam adotadas medidas para reduzir os índices de acidentes e estamos avaliando quais são as melhores alternativas”, disse, acrescentando que o município possui uma frota de mais de 126 mil veículos, com 300 veículos novos emplacados mensalmente, em média, e mais de 88 mil pessoas com habilitação.

De janeiro a abril deste ano, foram registrados 616 acidentes de trânsito em Jaraguá do Sul, com 557 pessoas feridas, ou seja, 90% dos acidentes tiveram vítimas com algum tipo de ferimento. Esta informação foi confirmada pelo gerente executivo assistencial do hospital São José, Renan Urack Sagrilo, enfatizando que diariamente, em média, são atendidas pelo menos cinco pessoas acidentadas no pronto socorro do hospital, sendo a maioria condutores de motocicletas.

Bertoldi apresentou os dados das despesas hospitalares causadas pelos acidentes de trânsito e os custos para o sistema público de saúde. Em 2019, R$ 1,3 milhão foram utilizados para as despesas médicas e hospitalares com 1.570 pessoas acidentadas no município. Deste total, 323 passaram por cirurgias e 175 ficaram internadas nas UTIs.

Em 2020, 1.266 vítimas de acidentes de trânsito deram entrada no pronto socorro, sendo que 383 passaram por algum tipo de cirurgia e outros 333 necessitaram de internação em UTI, gerando um gasto aos cofres públicos de R$ 1,5 milhão. Já neste ano, até o começo de junho, foram 720 acidentados atendidos, 201 cirurgias em função dos ferimentos e 131 vítimas de acidentes foram para as UTIs, e foram necessários R$ 675 mil para as despesas com estes pacientes.

Os dados foram repassados pelo Hospital São José.

“Além disso, teve os custos com os materiais e deslocamentos dos Bombeiros Voluntários e Polícia Militar, que não entram nestas estatísticas”, comenta Bertoldi.

Cidade poderá adotar redução do limite de velocidade

Depois da apresentação dos dados, os participantes sugeriram alternativas a serem adotadas para baixar os índices, no curto prazo e a longo prazo. O delegado titular da 15ª Delegacia Regional de Polícia Civil, Fabiano dos Santos Silveira, disse que é fundamental discutir este assunto que envolve vários fatores, desde o cuidado e o zelo com as pessoas que estão recebendo a Carteira Nacional de Habilitação junto à Ciretran, pela fiscalização da Polícia Militar e também pelos estudos do sistema viário, a cargo do município.

“Precisamos avaliar porque o trânsito de Jaraguá do Sul ainda mata bastante gente”, resume ele.

De acordo com o coordenador do Instituto Geral de Perícias de Jaraguá do Sul, Eduardo Linhares, os números de atendimentos relacionados aos acidentes de trânsito são alarmantes. Dos cerca de dois mil atendimentos por ano no IGP, 15% de exames de corpo de delito são de pessoas feridas em acidentes, e metade das mortes por causas externas registradas em Jaraguá do Sul são em decorrência do trânsito.

“São óbitos, ou vítimas lesionadas que ficam, muitas vezes, numa cama ou em cadeiras de rodas pelo resto de suas vidas. E tem todos os familiares em volta, que acabam sendo vítimas indiretas desses índices”, comenta o delegado Fabiano.

Como sugestão de medida, o delegado regional aponta a curto prazo: “ou cobrir a cidade de lombadas físicas ou reavaliar os limites de velocidade, que hoje estão em 60 quilômetros por hora. No médio e longo prazo, são outras medidas. É aquilo que a gente faz na 15ª Ciretran, no setor de CNH, a credibilidade, o cumprimento da lei, e a educação no trânsito para quem sabe, daqui a 30, 40 anos, nós tenhamos uma nova geração de motoristas que possam conduzir com segurança nas nossas vias”.

O secretário de Planejamento pontuou algumas medidas adotadas por cidades brasileiras na busca de soluções para o mesmo problema. A maioria optou pela redução dos limites de velocidade.

Realidade é grave quanto aos acidentes e seus impactos

O comandante do 14º Batalhão de Polícia Militar, Valdeci Oliveira da Silva, afirma que o encontro foi positivo e necessário.

“Nós temos uma realidade grave quanto aos acidentes de trânsito, número de mortos e feridos. Hoje é uma questão de saúde pública e extremamente necessário discutir o assunto”, diz ele, acrescentando que a velocidade está diretamente ligada aos índices. Mas, existem outros fatores, como a ingestão de bebidas alcoólicas, a direção não habilitada, a falta de atenção entre outros. “Em regra, um dos índices que mais afeta os resultados dos índices é a velocidade. O controle dessa velocidade é primordial discutir neste momento, para tentar ter um resultado lá na frente”, enfatiza.

O comandante dos Bombeiros Voluntários de Jaraguá do Sul, Neilor Vincenzi, entende que para a corporação é fundamental reduzir os índices e gravidade dos acidentes.

“Este ano, o número de ocorrências com feridos mais graves aumentou consideravelmente. Isso é bastante preocupante”, disse ele. “Precisamos colocar Jaraguá do Sul como uma cidade segura no trânsito também”, finalizou.

Novo encontro com o mesmo grupo deve ser agendado para as próximas semanas, onde será criado um comitê para dar continuidade ao assunto, com as autoridades de segurança e representantes das entidades que participaram do encontro da última sexta-feira. “Temos que unir esforços para encontrar uma solução que reflita na diminuição do grande número de acidentes de trânsito, tendo em vista a gravidade dos casos com vítimas”, concluiu o secretário de Planejamento e Urbanismo.

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