Cultura

Grupo discute o fortalecimento da cultura italiana em Massaranduba

Este também é o ano histórico do gemellaggio. Uma delegação brasileira testemunhou a formalização. O jornalista Flávio José Brugnago, do JDV, acompanhou e fez todo o registro histórico em fotografias e também um caderno especial 

18/08/2021

O fortalecimento da cultura italiana, em especial na manutenção da língua e dos costumes, é o objetivo das lideranças que estiveram reunidas no sábado, no 2º Braço do Norte, na propriedade do empresário Edemar Hélio Micheluzzi. O grupo pró-gemellaggio tem se reunido periodicamente para tratar de questões relacionadas ao protocolo do intercâmbio que Massaranduba mantém com cinco cidades do Vale do Biois, Belluno, de onde veio grande parte dos moradores da região alta que na época da imigração pertenciam à Colônia Luiz Alves.

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O encontro foi coordenado por José Valdir Ronchi e contou com a presença do vice-prefeito Odenir Deretti, da secretária de Educação Cultura, Esporte e Turismo, Diva Spézia Ranghetti e equipe, da Associazione Bellunesi nel Mondo, do Instituto Chiesetta Alpina, vereadores Selezio Zapelini e Jeferson Cardozo (de Massaranduba e Jaraguá), representantes da Festa da Polenta e convidados das comunidades.

A introdução da língua italiana no currículo das escolas de Massaranduba foi um dos assuntos. A secretária Diva disse que isso é possível, mas que é preciso respeitar as particularidades de cada região de Massaranduba, colonizadas também por poloneses e alemães.

A sua sugestão é implantar um projeto piloto na Escola Alto Luiz Alves, que é em tempo integral. Diva defende inicialmente o aprendizado da língua italiana, não da gramática, porque isso facilitaria a sua difusão e os alunos teriam a oportunidade de praticar em casa com os avós e pais, como também entre si.

O município já oferece o ensino do italiano, mas não está no currículo escolar, como no 1º Braço do Norte e no Centro. A secretaria da Educação vai tratar desta questão, inclusive da contratação dos professores.

Resgate das ruínas da antiga cooperativa de leite está no projeto

No ano 2027, será celebrado os 150 anos da imigração italiana em Santa Catarina, particularmente a Colônia Luiz Alves, de onde boa parte do atual território de Massaranduba pertencia antes de se tornar município. O grupo reunido no sábado no 2º Braço do Norte tratou também da recuperação das ruínas da Sociedade Cooperativa Italiana Agordinas de Luiz Alves, ao lado da Capela Sagrada Família.

A antiga leiteria teve inclusive produtos exportados e a sua manteiga premiada com medalha de ouro em Milão, Itália, em 1906. A ideia é fazer das ruínas um marco histórico que representa não apenas a atividade industrial já existente na época, mas também o cooperativismo entre os produtores de leite. O vice-prefeito Odenir Deretti, descendente de italiano, ficou encarregado das questões legais.

Segundo ele, no traçado da SC-414, que passa pelo Braço Direito, e que será asfaltado, já prevê a preservação desse bem histórico. Outra questão definida pelo grupo é o levantamento dos lotes, cujo mapa, datado de 1890, tem a coautoria de Celeste Mosca, serve de base até hoje acerca da divisão territorial destinada a cada imigrante nas diferentes regiões.

Alguns estão identificados no antigo mapa, mas outros não. A ideia é fazer a pesquisa para saber a quem pertencia, originalmente, os lotes, para registro histórico. Esse mapa faz parte da carta enviada por Benedetto Bonelli ao padre Antônio Della Lucia, considerado o apóstolo do associativismo na Itália, que teve importante participação no encaminhamento dos imigrantes a Luiz Alves, para fugir das difíceis condições de sobrevivência nas montanhas do Vale do Biois, coração das Dolomitas.

Bonelli, em sua carta e mapa, relata como se encontrava a Colônia, na época. Está tudo registrado no livro “A carta, o imigrante e a esperança – de Luiz Alves para Forno di Canale. O livro foi recentemente lançado, com organização de Iria Tancon e participação de Claudiberto Fagundes, Álvaro Augusto Luciani, Loris Serafini, Antônio Francisco Bohn e Luca Giuseppe Luchetta.

O projeto é ter as informações sobre os ocupantes dos lotes e outros sobre os italianos que colonizaram as terras altas da antiga Colônia Luiz, na porção pertencente a Massaranduba, até o sesquicentenário da imigração, para publicação de um outro livro.

Gemellaggio completa dez anos de formalização em setembro

Este também é o ano histórico do gemellaggio (cidades-irmãs) entre Massaranduba e as cidades de Cencenighe Agordino, San Tomazo Agordino, Vallada Agordina, Canale d”Agordo e Falcade, em Belluno, Norte da Itália. A formalização do gemellaggio deu-se no dia 1º de setembro de 2011, em Cencenighe, com a presença das autoridades locais e também de Massaranduba, representada pelo prefeito Mário Fernando Reinke.

Uma delegação brasileira testemunhou. O jornalista Flávio José Brugnago, do JDV, acompanhou e fez todo o registro histórico em fotografias e também um caderno especial publicado no retorno e que serve como referência para pesquisa do fato. Os contatos anteriores que resultaram no documento firmado entre as seis cidades também foram registrados.

Gemellaggio é um acordo estabelecido entre cidades ou países de um mesmo Estado ou de nações diferentes, por vezes, distantes uns dos outros, mas que possuem, em suas histórias ou origens, pontos comuns que se identificam. Esse acordo facilita o acesso a informações, troca de experiências, elaboração de projetos e cooperação política, econômica e cultural. 

O município de Massaranduba, por sugestão do grupo reunido no sábado, no 2º Braço, deve renovar a placa com o registro do gemellaggio, elencando também as cidades-irmãs italianas. Este ano, o município completa seis décadas de emancipação político-administrativa.

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