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Quando um amor vai embora

Cada pessoa sente a perda de um amor, o término de um relacionamento de maneiras diferentes: uns se sentem em luto, outros em choque, outros sofrem em ritmo de carnaval. Descobrir-se nesse processo de adeus é uma tarefa individual. Quem é você no término de uma relação?

20/05/2019

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Cada pessoa sente a perda de um amor, o término de um relacionamento de maneiras diferentes. Para uns, é como se a casa fosse roubada. É um golpe. Quem já teve a casa invadida sabe bem como é a sensação. É desconcertante. A gente fica meio desconfiado de tudo, vai dormir mais cedo, não quer sair de casa pra não correr o risco de outra invasão e não quer, de maneira nenhuma, que se fale sobre o assunto.

Outros ficam enlutados. O período de luto é doloroso, amargo e só há tristeza, lembrança e saudade. Quando as pessoas estão de luto, não se engane, elas querem sim falar sobre o falecido, querem que você pergunte como tudo aconteceu, porque talvez falando sobre o ente querido a distância diminua um pouco. Assim é para os enlutados de amor que não morreu, mas foi embora, o que é bem pior. Essas pessoas querem falar muito sobre o assunto ainda, querem contar porque terminaram, e lutam para não deixar que as pessoas mais próximas se esqueçam do defunto.  Não querem que ninguém esqueça que os dois tiveram um laço.

Em outros casos, a sensação pode ser igual ao desaparecimento de uma pessoa. É um tormento, porque você espera por noticias todos os dias. Em todo fim de tarde alimenta uma esperança de que ele (a) volte pra casa. É muito ruim reconhecer que acabou quando se tem esperanças de que alguém possa voltar.  E é bem isso, quando alguém some, as famílias nunca deixam de esperar até que o corpo apareça. Enquanto não constatarem com os próprios olhos que não há mais nada a fazer, vão esperar. E tem mais.  Há os que sofrem em ritmo de carnaval. Saem pra beber todas as noites, não perdem uma festa e não querem passar nem um dia sozinhos. Acho que esse tipo de reação é a mais covarde, mas enfim, também é um modo de externizar a dor. Mas isso, pra mim, é engolir o sofrimento em dose, demora mais pra passar. Autoflagelo. Não acredito que alguém se cure de um amor dessa forma. Engana a si mesmo.

Não dá pra esquecer dos bebês emocionais. Os bebês emocionais choram, esperneiam, tem ataques de raiva, perseguem o ser amado, fazem ameaças e não aceitam o fim. Ficam se debatendo, como um peixe fora da água. Quando nada resolve, começam a fazer chantagens emocionais. E principalmente, colocam a sua felicidade na responsabilidade do outro. A frase mais típica do bebê emocional é -você nunca me amou, -só vou ser feliz com você? e você só me usou.  Independente das razões do término não há nada mais infantil que isso. A palavra de ordem nesses casos em que o parceiro (a) aprontou, traiu, mentiu, foi embora é: ame-se a si mesmo.

Mas não posso deixar de fora deste texto, os que sofrem porque o amor foi embora deles, eles deixaram de amar, mas ainda não sabem como lidar com isso. Dedico este parágrafo aos que não tem reação nenhuma. Para aqueles que tanto faz, tanto fez. Para aqueles que fizeram tanto que agora tanto faz. Para os que se perguntam pra onde foi aquele amor todo? Aquela loucura? Foi embora, caro leitor, foi embora. Porque o amor também se despede.

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