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Coluna: A condenação histórica de Chauvin

Que as imagens viralizadas não caiam no esquecimento e se tornem um marco contra a discriminação racial, nos quatro cantos do planeta. Cabe a cada um de nós fazermos a parte que nos cabe como cidadãos, para empreendermos a mudança que queremos no mundo.

25/04/2021

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Sônia Pillon é jornalista e escritora, formada em Jornalismo pela PUC-RS e pós-graduada em Produção de Texto e Gramática pela Univille. Integra a AJEB Santa Catarina. Fundadora da ALBSC Jaraguá do Sul.

Por Sônia Pillon

Definitivamente, o dia 20 de abril de 2021 entrou para a História dos Estados Unidos com a tripla condenação do policial Derek Chauvin pela morte do afro-americano George Floyd. As imagens que mostraram Chauvin sufocando George com o joelho por mais de nove minutos desencadearam protestos contra o racismo e a brutalidade policial não somente na terra do Tio Sam, mas em todo o mundo. Vale destacar que no fatídico 20 de abril de 2020, George Floyd estava desarmado e avisou repetidamente que não conseguia respirar. 

Com a decisão judicial, manifestantes emocionados saíram às ruas em todos os cantos do país para comemorar o veredito, encarado como um prenúncio de que os tempos estão mudando. Porém, esse foi o primeiro de muitos passos a serem percorridos, uma luta iniciada com Martin Luther King e também pelos ativistas “Panteras Negras”, ainda na década de 1960.

Levantamento do jornal Whashington Post aponta que das 1.014 pessoas mortas a tiros em 2019 por policiais nos Estados Unidos, a maioria era composta por negros. Outro dado estarrecedor foi divulgado pela organização não governamental Mapping Police Violence, de que “nos EUA, negros tem quase três vezes mais chances de serem mortos pela Polícia do que brancos”. Antes de George Floyd, 11 mortes em condições semelhantes já haviam provocado protestos contra as ações policiais, porém, sem punição.

Por todo esse retrospecto, desde a morte de Floyd, o movimento “Vidas Negras Importam” ganhou força e recebeu o apoio explícito de políticos, esportistas, celebridades do meio artístico e formadores de opinião. 

E no Brasil, como não poderia deixar de ser, vivemos situações semelhantes por conta do  racismo estrutural e da histórica desigualdade social. Se considerarmos apenas os casos em que a raça é divulgada, o Monitor da  Violência, em parceria com o Fórum Brasileiro de Segurança Pública, indica que 78% dos mortos pelas polícias no Brasil são negros. Pelo menos 11 estados não informam a cor da pele das vítimas, podendo-se deduzir que o percentual de negros e pardos brasileiros baleados deve ser ainda maior.

A jornada para o combate ao racismo está em andamento, ainda que timidamente. Que as imagens viralizadas da truculência de Chauvin não caiam no esquecimento e se tornem um marco contra a discriminação racial, nos quatro cantos do planeta. Cabe a cada um de nós fazermos a nossa parte como cidadãos, para empreendermos a mudança que queremos no mundo.

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