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Coluna: A cultura dos “fura-fila” e a resistência às vacinas

Ao mesmo tempo em que criticamos os que passam na frente dos grupos prioritários, é preciso dar um voto de confiança aos cientistas que desenvolveram os imunizantes. É a esperança no enfrentamento à pademia.

24/01/2021

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Sônia Pillon é jornalista e escritora, formada em Jornalismo pela PUC-RS e pós-graduada em Produção de Texto e Gramática pela Univille. Integra a AJEB Santa Catarina. Fundadora da ALBSC Jaraguá do Sul.

Duas situações chamam a atenção no Brasil nesse momento, quando se trata da nova vacina.

Nesse país que carrega a fama de aprovar o lema “leve vantagem em tudo”, não é de surpreender que, ao serem liberadas as vacinas para combater a covid-19, alguns “espertinhos” se valessem da influência social e política para serem vacinados em primeira mão. Desrespeitando sem nenhum pudor os grupos prioritários, como os profissionais de saúde que atuam na linha de frente da covid, idosos e indígenas.

E como se não bastasse esse ato reprovável, usam as redes sociais para se vangloriar do feito… Isso sem falar das desculpas esfarrapadas, na tentativa de justificar o injustificável.

É a abominável cultura dos “fura-fila”, dos que usam e abusam de privilégios para passar a perna nos demais.

É gente assim que costuma lançar aquela famosa frase, (“Você sabe com quem está falando?”), toda a vez que é questionada, seja infringindo leis, ou descumprindo regras. Ainda bem que a sociedade civil aprendeu a berrar toda a vez que fatos como esses acontecem, obrigando os governantes a tomarem atitudes, tamanha é a repercussão negativa. 

Paralelamente aos que só enxergam o próprio umbigo e não tem um pingo de empatia com as vidas perdidas, e as em risco na pandemia, estão aqueles que resistem à imunização.

Por sinal, essa atitude de desacreditar o processo vacinal vem de longe. Recorrendo à História do Brasil, constatamos que no início do século 20, mais precisamente em 1904, o médico e sanitarista Oswaldo Cruz, alarmado com a epidemia da febre amarela no Rio de Janeiro, sofreu grande resistência da população, num episódio conhecido como a “Revolta da Vacina”…

Pois é, já estamos no século 21, as descobertas científicas nos conduziram a progressos inimagináveis em relação à vida. E em se tratando dos imunizantes testados e aprovados em tempo recorde, é preciso reconhecer o esforço hercúleo da comunidade científica internacional em busca de uma solução.

Pesquisadores de várias partes do mundo se mostraram incansáveis e merecem o nosso reconhecimento. Temos o Instituto Butantan e a Fundação Instituto Oswaldo Cruz (Fiocruz), que nos enchem de orgulho! É o momento de darmos um crédito de confiança, para a esperança que se apresenta no enfrentamento à pandemia.

Para progredir, é preciso avançar. Sempre foi assim, desde os primórdios da civilização.

Esses dias, fiz compras no mercado e mandei entregar em casa. Ao abrir a porta para receber os produtos, o entregador se ateve à reportagem da TV, que tratava da vacina. Ele olhou e reproduziu o pensamento que é defendido por parte da população: “Pois é, tá todo mundo com medo da vacina, né?”. Olhei para ele e respondi convicta: “Eu não! Eu acredito na Ciência!”.

 

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