Tanto faz | 26/06/2025 | Atualizado em: 26/06/25 ás 14:04

A estranha

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A estranha

Quando o grupo da família está parado, entro lá e dou uma agitada. Semana passada, ao chegar o primeiro “Bom dia família!”, estiquei o assunto:

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– Bom dia família! Indo para um lugar que nunca fui: o Piauí.

E enviei uma selfie na poltrona 14E. A conversa começou:

Minha mãe Oli: – Bom dia família. Ótima viagem filho! Deus te acompanhe.

Tia Leci: – Boa viagem, te cuida não entra em lugar que não conhece sozinho.

Prima Carol: – E não dá assunto para estranhos! (emogi de risadas)

Irmã Susana: – É que ele é muito dado kkkk.

Tia Leci: – Sim! Não conhece o lugar, quando vê, tá numa cilada.

Prima Fernanda: – Boa viagem, primo! Não te abre muito. (emogi de risadas)

Eu comecei a rir das recomendações, afinal estava indo em uma viagem de trabalho e nem teria tempo para ir aos supostos lugares desconhecidos e/ou conhecer outrem.

Portas fechadas. Segui a orientação da comissária e coloquei o celular em modo avião. Quando a aeronave começou a se mexer, uma senhora que estava ao meu lado, perguntou:

– Moço, posso pegar na sua mão?

Demorei alguns intermináveis segundos para responder. Porque a primeira coisa que me veio à cabeça foi a lista de conselhos da tia e das primas.

Dizem que minha mão é quente, mas a da Marinalva, suava. As duas, inclusive, pois ela se agarrou de um jeito, que parecia não ter cinto de segurança.

Com discrição, fiz uma foto secreta, das nossas mãos entrelaçadas, sem ferir a lei LGPD. Um cronista precisa de provas.

Depois que o voo estabilizou, conversamos bastante. Ela me disse que teve um câncer, fez tratamento, cirurgia e que a sua meta de vida é viajar. Pela primeira vez, fazia isso sozinha.

Na descida, foi o mesmo ritual. Tão logo o avião pousou, fui dar um tchau frio e ela me pediu um abraço e desejou muitas coisas boas.

Assim que pude, compartilhei a foto secreta e contei a história no Grupo dos Vieiras.

Sensibilizada, minha tia Leci, respondeu:

– Pronto! Deu a mão para a estranha.

Marcelo Lamas é cronista. Autor de Papo no cafezinho, Indesmentíveis, Arrumadinhas e Mulheres casadas têm cheiro de pólvora.

Marcelo Lamas

Marcelo Lamas Cronista, autor de 4 livros. Sou gaúcho radicado em Jaraguá, há 3 décadas, porém, estou mais para jaraguaense, nascido no RS. Frio, doces, cafés, gatos, livros, futebol e Coca-Cola são as minhas preferências.

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