Cotidiano | 15/12/2025 | Atualizado em: 15/12/25 ás 16:21

“Eles não são descartáveis”: protetoras de Jaraguá relatam aumento no abandono de animais no fim de ano

Cresce o abandono de cães e gatos em Jaraguá durante o verão. Veja como proteger e denunciar

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“Eles não são descartáveis”: protetoras de Jaraguá relatam aumento no abandono de animais no fim de ano

Foto: Divulgação

Com a chegada das festas de fim de ano e do período de férias, Jaraguá do Sul enfrenta um problema que se repete e se agrava a cada dezembro: o abandono de cães e gatos pelas ruas da cidade e em locais de acolhimento e proteção animal.

Voluntárias da causa animal e representantes de organizações de proteção animal alertam que muitos tutores deixam seus pets para trás ao viajar ou por falta de planejamento, expondo os animais a riscos, sofrimento e abandono.

O abandono de animais é crime ambiental, previsto na legislação federal, e também configura infração administrativa ambiental, sujeita à aplicação de multa – de até R$ 3.000,00, além de outras sanções cabíveis.

Gatos abandonados hoje, 15 de dezembro no Bairro Estrada Nova

Crescimento dos casos no fim de ano

Moradores e protetores em Jaraguá do Sul relatam um aumento significativo de pets deixados sozinhos nas ruas ou entregues a a organizações de proteção animal e protetores independentes, por falta de preparo ou responsabilidade dos tutores.

“A gente vê mais animais deixados à própria sorte justamente nas duas últimas semanas antes do Natal e no início do ano. São cães e gatos que antes tiveram um lar, agora abandonados como se fossem descartáveis”, afirma Fernanda Wagner, voluntária da causa animal na região.

Montagem com três cães disponíveis para adoção: dois adultos em fundo laranja e um filhote com laços sobre juta
Diversas campanhas de adoção acontecem semanalmente na cidade, buscando encontrar um lar para os animais.

Fernanda destaca que os impactos vão além da falta de abrigo: “Esses animais enfrentam fome, sede, e o calor intenso dessa época. É fundamental que, mesmo quem não for abandonar, tenha consciência de que o pet precisa de água limpa e fresca todos os dias, e que esteja protegido do sol. Nada de deixar o animal exposto no quintal sem cobertura.”

Ela também faz um alerta sobre uma prática comum na região: “Nunca deixe seu cão ou gato sair para dar voltinhas sozinho. Aqui isso ainda é muito cultural, mas a chance de ele não voltar é enorme.”

Cachorro atrás de grade em abrigo, com língua de fora e olhar sereno
Max ficou 8 anos aguardando adoção após ser abandonado diversas vezes

O papel das organizações de proteção animal locais

A Gang dos Patinhas, organização de proteção animal atuante em Jaraguá do Sul, é uma das entidades que mais sentem os efeitos desse aumento no abandono. Kelly Puccini, responsável pela organização, explica que o fluxo de resgates e pedidos de acolhimento cresce de forma preocupante nesse período:

“Nos últimos anos, chegamos a registrar um aumento de cerca de 30% nos pedidos de ajuda somente durante as festas de fim de ano. Muitos animais chegam em situação de extrema vulnerabilidade, exaustos e com traumas severos. É um trabalho intenso, mas seguimos firmes para garantir que eles tenham uma nova chance de vida”, relata Kelly.

Autoridades e responsabilidade social

O presidente da Fundação Jaraguaense de Meio Ambiente (FUJAMA), Anderson Kassner, explica que o abandono de animais enseja penalidades, tanto na esfera administrativa, de atuação da FUJAMA, quanto na esfera penal.

“No âmbito do Programa de Bem-Estar Animal, a FUJAMA atua tanto no controle populacional quanto no combate aos maus-tratos. Abandono de animais sujeita o infrator às penalidades previstas na legislação ambiental porque o abandono configura maus-tratos na esfera administrativa, uma vez que expõe o animal a sofrimento, fome, doenças, riscos à integridade física e à própria vida”, afirma Kassner.

O presidente esclarece ainda que, uma vez identificado o responsável pelo abandono, é instaurado procedimento administrativo ambiental e:

“Nessas situações, o responsável está sujeito à aplicação de multa administrativa, que pode chegar a R$ 3.000,00 por animal, além de outras sanções cabíveis. Além disso, o caso pode ser encaminhado ao Ministério Público de Santa Catarina (MPSC) para apuração da responsabilidade penal, uma vez que o abandono também configura crime ambiental”, completa.

É fundamental que as pessoas passem a se conscientizar no momento de adotar um animal, compreendendo que essa decisão envolve responsabilidade nas esferas administrativa, penal e civil. A adoção não é um ato temporário ou condicionado à conveniência, mas sim um compromisso para toda a vida do animal, conclui o presidente.

Cachorro de rua
Abandono de animais é crime

Atitudes que podem reduzir o abandono

Protetores locais recomendam algumas atitudes simples que podem reduzir significativamente o abandono de animais no fim de ano:

  • Planejar com antecedência o cuidado dos animais durante viagens, buscando hotéis para pets, creches ou apoio de familiares e amigos;
  • Adotar com responsabilidade, compreendendo que o compromisso com um animal é de longo prazo;
  • Denunciar casos de maus-tratos e abandono às autoridades competentes, pelo telefone 190, especialmente em situações de flagrante, uma vez que o abandono também é crime.

>> A Polícia Militar pode atuar de forma imediata em relação ao agente delituoso e, concomitantemente, acionar a clínica prestadora de serviço contratada pela Fundação Jaraguaense de Meio Ambiente (FUJAMA) para a realização do resgate do animal, a qualquer hora, sem prejuízo da apuração da infração administrativa pela FUJAMA

Como isso impacta sua vida?

O aumento do abandono de animais em Jaraguá do Sul durante as férias de fim de ano evidencia um desafio que envolve não apenas protetores e organizações de proteção animal, mas toda a comunidade. Como reforçam as vozes das voluntárias e das entidades locais, cada animal merece cuidado, respeito e um lar seguro, e a responsabilidade de quem escolhe adotá-lo deve perdurar por toda a sua vida.

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Max Pires

Já criei blog, portal, startup… e agora voltei pro que mais gosto: contar histórias que fazem sentido pra quem vive aqui. Entre um café e um latido dos meus cachorros, tô sempre de olho no que importa pra nossa cidade.

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