Ameaçado de extinção, sapinho catarinense ganha projeto de lei para proteção

Foto: Fundação Florestal/Governo de São Paulo
Em meio às montanhas cobertas pela Mata Atlântica, entre os municípios catarinenses de Blumenau, Gaspar e Luiz Alves, vive um dos menores e mais raros anfíbios do Brasil — o sapinho-pingo-de-ouro. Com menos de dois centímetros de comprimento e coloração vibrante, essa joia da biodiversidade, conhecida cientificamente como Brachycephalus boticario, é encontrada apenas em um único ponto no mundo: o Morro do Cachorro, em Santa Catarina.
Agora, além de símbolo da riqueza ambiental do estado, o sapinho pode também se tornar oficialmente o “anfíbio-símbolo” de Blumenau. Um projeto de lei em trâmite na Câmara de Vereadores propõe essa homenagem, e promete abrir caminho para a valorização e proteção dessa espécie tão única quanto ameaçada.
Espécie foi descoberta em 2015 e está em perigo crítico de extinção
A existência do sapinho-pingo-de-ouro só foi reconhecida pela ciência em 2015. Desde então, pesquisadores e ambientalistas têm alertado sobre a vulnerabilidade da espécie, principalmente por causa do avanço desordenado da urbanização na região onde ele vive.
Segundo uma manifestação técnica elaborada pela Secretaria de Meio Ambiente e Sustentabilidade (Semmas), a situação é crítica: a espécie corre “grave risco de extinção”, e precisa urgentemente de ações que ajudem a preservar seu habitat natural.
O projeto de lei que reconhece o sapinho como símbolo municipal tramita em regime de urgência e já recebeu aprovação das comissões de Finanças e de Constituição e Justiça da Câmara.

Importância ambiental vai além da beleza
Pequeno no tamanho, mas gigante na importância, o sapinho-pingo-de-ouro é um bioindicador natural: sua presença em um ecossistema revela o equilíbrio ambiental da região. Como os anfíbios são extremamente sensíveis às alterações do meio, a existência deles é sinal de que o ambiente está saudável.
A Semmas também destaca que muitas espécies de anfíbios são valiosas para a ciência médica, já que produzem substâncias bioativas usadas na fabricação de medicamentos. Por isso, a preservação dessa fauna é essencial não só para o equilíbrio ecológico, mas também para o avanço da ciência.
O documento técnico reforça que cerca de 40% das espécies de anfíbios do planeta estão ameaçadas de extinção, e que em Santa Catarina mais de 260 animais integram a lista oficial de espécies ameaçadas, entre eles o sapinho-pingo-de-ouro.
Exclusivo da Mata Atlântica catarinense
Apesar de pertencer a uma família com outras 36 espécies distribuídas por áreas montanhosas da Mata Atlântica, o Brachycephalus boticario é um verdadeiro “morador exclusivo” das encostas do Morro do Cachorro. Isso significa que, caso o habitat dessa região seja degradado, o risco de desaparecimento da espécie é total.
A sua aparência reluzente e corpo diminuto fazem com que ele se destaque entre os demais da mesma família, mas também o tornam extremamente vulnerável às mudanças no ecossistema. É justamente por isso que especialistas e autoridades ambientais defendem sua valorização como símbolo da fauna regional.
Como isso impacta sua vida?
A proteção do sapinho-pingo-de-ouro não é apenas uma pauta ambiental: ela representa a importância de preservar a biodiversidade única de Santa Catarina. Com mais de 260 espécies em risco, cuidar da fauna local é preservar o patrimônio natural do estado, garantir equilíbrio ecológico, fomentar a educação ambiental e até contribuir com descobertas científicas futuras. Ao valorizar o “sapinho-símbolo” de Blumenau, toda a região dá um passo a mais na construção de um futuro sustentável.
Maria Eduarda Günther
Jornalista em formação na FURB, nascida em Jaraguá. Cresci entre filmes, livros e peças teatrais. Após criar conteúdo para redes socias sobre Formula 1 e esportes descobri a paixão por jornalismo e a área de comunicação. Nunca perco a oportunidade de conhecer novos lugares e novas histórias por ai.