Amy Winehouse em SC: o show que permanece vivo na memória dos fãs
Foto: Domínio Público/Wikimedia Commons
Em 23 de julho de 2025, completam-se 14 anos desde a morte de Amy Winehouse, e a data resgata lembranças marcantes da passagem da artista britânica pelo Brasil — em especial sua estreia no país, que aconteceu em Florianópolis, no palco do Summer Soul Festival, em 8 de janeiro de 2011. A apresentação, realizada no Stage Music Park, permanece viva na memória de quem esteve presente naquela noite histórica, carregada de expectativa, emoção e intensidade.
Uma estreia aguardada: Amy Winehouse no palco catarinense
O show em Florianópolis marcou oficialmente o retorno de Amy aos palcos após um longo período sem apresentações completas desde 2008 — com exceção de uma performance fechada em Moscou, no fim de 2010, envolta em mistério. Na capital catarinense, diante de cerca de 10 mil pessoas, ela mostrou que sua voz poderosa seguia intacta, embora ainda fosse visível que estava em fase de readaptação aos grandes palcos.
Fãs emocionados e um clima de incerteza
A presença de Amy por si só já bastava para muitos fãs, que compareceram sem sequer ter certeza de que ela realmente cantaria. Afinal, ela vivia uma fase intensa e contraditória: estava no auge da fama musical, graças ao estrondoso sucesso do álbum Back to Black (2006), e, ao mesmo tempo, sob os holofotes por conta de episódios polêmicos e visível fragilidade pessoal.
O espetáculo: improviso, clássicos e alma
A cantora subiu ao palco por volta da 1h da madrugada, última atração da noite após Janelle Monáe e Mayer Hawthorne. Amy foi recebida por sua banda de nove músicos ao som de “Shimmy Shimmy Ko Ko Bop”, e sua entrada, com um episódio engraçado, divertiu tanto a artista quanto o público. A espontaneidade deu o tom da apresentação, que mesclou momentos de entrega emocional com passagens descontraídas e inesperadas.
Setlist poderoso e momentos inusitados
O repertório incluiu sucessos como “Back to Black”, “Tears Dry on Their Own”, “You Know I’m No Good”, “Rehab”, e o encerramento com “Valerie” — todos cantados em coro pelo público. Houve momentos em que Amy saiu do palco, se sentou junto aos músicos ou cedeu espaço aos backing vocals, especialmente a Zalon Thompson, que assumiu duas canções sozinho. Entre trocas de olhares com o baixista Dale Davis e sorrisos tímidos, ficou claro que, mais do que uma performance polida, o que o público assistiu foi um retrato cru e honesto de uma artista genial em conflito consigo mesma.
Summer Soul Festival: marco cultural para Florianópolis
O Summer Soul Festival foi uma celebração vibrante da soul music contemporânea e trouxe à capital catarinense um evento de porte internacional — algo raro até então no cenário musical local. Além de Amy Winehouse, o público pôde assistir aos shows de Mayer Hawthorne e de uma ainda pouco conhecida Janelle Monáe, que anos mais tarde se consolidaria como uma respeitada atriz em Hollywood, com papéis elogiados em produções como Estrelas Além do Tempo e Glass Onion. Durante sua apresentação, a cantora também pintou um quadro ao vivo.
Conteúdos em alta
O que para muitos parecia “apenas mais um festival de verão” acabou se tornando um capítulo importante da história cultural de Florianópolis, reunindo no mesmo palco três talentos que, cada um à sua maneira, ganhariam relevância mundial. Para a cidade, foi a oportunidade rara de antecipar no tempo o brilho de artistas que ainda iriam surpreender o mundo.
Como isso impacta sua vida?
Eventos como o show de Amy Winehouse em Florianópolis reforçam o papel de Santa Catarina como rota relevante para grandes turnês internacionais, conectando o público local e regional a experiências que antes pareciam restritas aos grandes centros. O festival atraiu fãs de diversas partes do estado — e até de fora dele — que puderam ver de perto uma artista que até então parecia distante das plateias brasileiras. Quando a música de nível mundial chega tão perto, o impacto vai além do entretenimento: fortalece a cena cultural, movimenta a economia criativa e aproxima os catarinenses de seus ídolos.
Marcio Martins
Profissional da comunicação desde 1992, com experiência nos principais meios de Santa Catarina e no poder público. Observador, contador e protagonista de histórias, conheço Jaraguá do Sul como a palma da mão
