O que está por trás do aumento de moradores de rua em Jaraguá do Sul
Fotos: PMJS/Divulgação
A presença de moradores de rua pelas ruas de Jaraguá do Sul tem chamado atenção e despertado preocupações entre moradores. Em entrevista à Rádio 105, a secretária de Assistência Social e Habitação, Bianca Schwartz Uber, e a coordenadora do Serviço de Abordagem Social, Deise de Oliveira Félix, explicaram os fatores que envolvem esse cenário.
Contexto local
O fenômeno, mais comum em grandes centros urbanos, tem chamado atenção em um município reconhecido pela organização e qualidade de vida. Segundo as entrevistadas, essas pessoas não ficam, necessariamente, o ano todo em Jaraguá do Sul, já que também costumam ir para outras cidades. De todo modo, muitas voltam para cá e acabam aceitando acolhimento e tratamento por um período.
“Depois elas retornam para a rua, é um ciclo de encaminhamentos positivos, mas também de retornos para essa condição da rua. A gente faz todos os encaminhamentos possíveis, mas essas pessoas também têm que querer esse encaminhamento, a gente não pode forçá-las para que elas façam acompanhamento na saúde”, destacou a secretária.
De acordo com ela, a maioria da população que está em situação de rua tem alguma dependência tanto com drogas quanto com álcool. Atualmente, há cerca de 30 pessoas fazendo acompanhamento na Secretaria de Saúde.

Parceria com a Polícia Militar
Durante a entrevista, também foi destacado o trabalho conjunto com a Polícia Militar. “Realizamos ações semanalmente [com a PM], porque a gente entende que dentre esses migrantes, também há pessoas que vêm usufruir da rua para cometer pequenos delitos ou crimes”, destacou.
Conteúdos em alta
Além disso, a coordenadora do Serviço de Abordagem Social, Deise de Oliveira Félix, pontuou que os atendimentos do serviço de abordagem são de busca ativa.
“A gente vai aos locais, localiza pessoas, conversa com elas, faz os atendimentos e os encaminhamentos. Então, a gente vai conhecer a pessoa, vai ver as demandas que ela apresenta, e aí há uma gama de encaminhamentos possíveis, que podem ser para a CAPS-AD, a Casa de Passagem ou até para o Creas. Então, a gente vai se articulando e vendo as demandas que as pessoas em situação de rua trazem para nós”, ressaltou a coordenadora do Serviço de Abordagem Social.
Reações da comunidade
O tema dos moradores de rua é bastante complexo, uma vez que é senso comum que essas pessoas não estão nessa situação por opção, mas por um histórico de abandono e dificuldades extremas. Isso gera empatia e a necessidade de se tratar a questão de forma humanizada, como tem sido feito em Jaraguá do Sul.
Por outro lado, claro, há preocupação com a segurança dos moradores e com a ordem nos espaços públicos. No comércio central, por exemplo, têm sido registradas ocorrências de pedintes em frente a lojas e restaurantes, o que gera desconforto para os trabalhadores e clientes.
Tema chega à Câmara de Vereadores
A discussão sobre os moradores de rua também esteve em pauta na Câmara de Vereadores de Jaraguá do Sul, durante sessão realizada em abril. Na ocasião, parlamentares debateram medidas para aliviar o sofrimento das pessoas em situação de rua e votaram em primeira discussão um projeto que cria o chamado “endereço social”.
A proposta, apresentada pelos vereadores Delegado Mioto (União) e Cani (PL), busca facilitar o acesso desse público a programas de empregabilidade e reinserção social.
O debate foi marcado por diferentes perspectivas. O vereador Cani destacou que observa duas realidades entre os moradores de rua: aqueles que enfrentam dependência química e necessitam de tratamento, e os que perderam o emprego ou não conseguem arcar com o custo de vida da cidade.
Já Jair Pedri (PSD) reforçou que “ninguém está na rua porque quer”, defendendo um olhar mais humano sobre o tema. Outros parlamentares, como Osmair Gadotti (MDB) e Sirley Schappo (Novo), também cobraram maior empatia e ampliação de políticas públicas.
Como isso impacta sua vida?
A presença de moradores de rua em Jaraguá do Sul afeta a rotina de moradores, comerciantes e visitantes e exige um trabalho conjunto para que seja encontrada uma solução humana para o problema. Entender os fatores que alimentam essa realidade ajuda a cidade a construir soluções mais justas e eficazes, capazes de equilibrar segurança e solidariedade.
Enfrentar essa questão, portanto, significa não apenas melhorar a qualidade de vida urbana, mas também fortalecer o senso de comunidade e responsabilidade social entre os jaraguaenses.
Max Pires
Já criei blog, portal, startup… e agora voltei pro que mais gosto: contar histórias que fazem sentido pra quem vive aqui. Entre um café e um latido dos meus cachorros, tô sempre de olho no que importa pra nossa cidade.