Cultura

Banda Aurora: Um renascimento cultural em honra aos 200 anos da imigração alemã

Banda Aurora, uma icônica instituição cultural de Jaraguá do Sul, em um momento significativo: o Bicentenário da Imigração Alemã no Brasil

05/07/2024

Este texto celebra o renascimento da Banda Aurora, uma icônica instituição cultural de Jaraguá do Sul, em um momento significativo: o Bicentenário da Imigração Alemã no Brasil. Através de uma jornada de pesquisa, resgate e reinvenção, a nova formação da banda se prepara para marcar presença na 38ª Kolonistenfest, não apenas para relembrar o passado, mas também para trazer uma nova vitalidade ao cenário musical local. Explore conosco como esta iniciativa não só honra as tradições ancestrais, mas também promete emocionar e inspirar através da música germânica autêntica, ajustada aos desafios e expectativas dos tempos modernos.

 

As celebrações dos 200 anos da presença da imigração alemã no Brasil, em Jaraguá do Sul, estão conectadas aos eventos nacionais. Diversos eventos estão ocorrendo no interior do município, especialmente nas comunidades tradicionais de remanescentes dos descendentes de pomeranos e alemães. Neste contexto, é significativo recordar as pesquisas de Emílio da Silva, historiador que dedicou estudos ao seu livro “Jaraguá do Sul – Um Capítulo da Povoação do Vale Itapocu”. Nas páginas 352 e 353, ele destaca o histórico da primeira geração do movimento cultural da Banda Lira da Aurora, de Rio Cerro II, fundada em 20 de maio de 1958. Em 17 de junho de 1964, a banda foi declarada de utilidade pública pela lei municipal durante a gestão do prefeito Roland Harold Dornbusch.

 

banda

O maestro e regente da Banda Lira da Aurora era Vicenz Weh, um cidadão que também atuou como professor na Deutsch Schule de Rio Cerro II, extinta durante o Estado Novo (1937-1945) na fase da Campanha de Nacionalização, na era Vargas e Ramos. Entre os integrantes do movimento musical e germânico estavam: Günther Siewert, I piston; Werner Siewert, I piston; Kurt Hass, I piston; Arno Schroeder, II piston; Wiegando Siewert, II piston; Wilfred Schroeder, II piston; Ilse Siewert, requinta; Gisela Borchardt, requinta; Waltraud Hornburg, II clarineta; Ingris Krüger, II clarineta; Elzira Doege Hass, I clarineta; Wera Grützmacher, I clarineta; Adular Reinke, saxofone; Hilberto Bloedom, trombone; Werner Grützmacher, trombone; Werner Siewert, bombardino; Artur Siewert, bombardino; Leopoldo Krüger, bombardino; Gerhardt Siewert, contrabaixo; Ricardo Paupitz, contrabaixo; Egon Grützmacher, trompa; Beno Volkmann, trompa; Beno Schroeder, trompa; Bruno Müller, bumbo; Emílio Siewert, pratos; e Udo Schroeder, repique.

 

Este grupo de músicos se apresentou por longos anos em diversos eventos nos estados de Santa Catarina e Rio de Janeiro. As sociedades e clubes de caça e tiro do Vale do Itapocu contratavam a famosa Banda Lyra da Aurora para a tradicional Königfest (Festa do Rei), bem como nas comunidades da denominação luterana, para suas festas anuais.

 

A festa de instalação do município de Schroeder, em outubro de 1964, foi um marco inesquecível com a presença da Banda Lyra da Aurora. O povo cheredense e seus convidados prestigiaram a apresentação cultural e folclórica, enquanto participavam do banquete festivo e celebravam a conquista emancipatória. O evento contou com a ilustre presença do governador Celso Ramos, do presidente da Alesc, Ivo Silveira, do prefeito de Jaraguá do Sul, Roland Harold Dornbusch, e de outras lideranças estaduais.

 

A Bandinha Aurora foi pioneira ao tocar o Hino de Jaraguá do Sul, de autoria de Rudolpho Francisco Hufenüsller e o gênero musical de Alcesti Berri, que foi lançado oficialmente em 1º de julho de 1975, durante a gestão do prefeito Eugênio Strebe.

 

Nos anos 80, um LP – disco de vinil – foi organizado e apresentou uma nova versão da Banda Lira da Aurora, agora com a denominação de Bandinha Aurora. Esta nova formação era composta por Lauro Siebert, Egon Knebühler, Udo Borchardt, Werner Grützmacher, Günther Siewerdt, Werner Siewerdt, Artur Siewerdt, Wigand Siewerdt e Armelindo Stolf.

 

A ideia de revitalizar a Banda Aurora emergiu em 2019, quando Hermes Siewerdt procurou Ilmar Siewerdt para sugerir a iniciativa. Ambos são filhos dos fundadores e ex-integrantes da Banda Lyra da Aurora.

 

Naquela época, ambos atuavam como músicos freelances em outras bandas. A proposta de reviver uma das instituições mais emblemáticas da cultura alemã na segunda metade do século XX em Jaraguá do Sul foi considerada viável e essencial para preservar a memória dos antepassados fundadores e transmiti-la às novas gerações.

 

O processo de seleção dos músicos para compor a nova Banda Aurora foi iniciado, um trabalho meticuloso e prolongado, pois os músicos precisavam possuir as características musicais alinhadas ao estilo que a banda desejava apresentar. Outros descendentes da primeira geração foram convidados, mas muitos, devido a compromissos pessoais, não puderam aceitar. Após quase um ano de buscas, o grupo foi finalmente completado.

 

No entanto, no início de 2020, a pandemia da Covid-19 interrompeu o progresso do projeto. Durante os dois anos de restrições, metade dos integrantes previamente selecionados optou por não continuar, exigindo que o projeto fosse reiniciado.

 

Em 6 de abril de 2024, a nova formação da Banda Aurora realizou seu primeiro ensaio e, desde então, tem se reunido semanalmente em preparação para sua reestreia na 38ª Kolonistenfest, na Sociedade Esportiva e Recreativa Aliança, em 21 de julho. No evento, a banda participará do desfile das sociedades e se apresentará no Pavilhão B, a partir das 11h.

 

São participantes da nova versão de reavivamento e salvaguarda da Banda Aurora: Ditmar Klemms, Heide Siewerdt, Henrique Weege, Hermes Siewerdt, Ilmar Siewerdt, Jordan Anderson Berndt, Julinor de Souza Sampaio, Lincon Jairo Ponath, Maikon Jonas Ponath e Raphael Sérgio Paterno. Todos tem engajamento com a música folclórica e germânica, nas cidade de Jaraguá do Sul, Pomerode e Corupá.

 

A nova Banda Aurora mantém traços característicos da formação original, mas também introduz novidades e uma diversificação no repertório, adaptando-se às demandas contemporâneas. Seu foco principal é abrilhantar eventos nos quais a música alemã de qualidade é requisitada, promovendo alegria e preservando tradições.

 

Através desta reorganização, pesquisa e salvaguarda do patrimônio cultural e folclórico de Rio Cerro II, o evento será permeado por memórias e uma reinterpretação da história da música germânica, em celebração ao Bicentenário da Imigração Alemã.

 

A revitalização da Banda Aurora não é apenas um resgate do passado, mas uma afirmação vibrante da identidade cultural e musical da comunidade de Jaraguá do Sul, especialmente no contexto do Bicentenário da Imigração Alemã no Brasil. Este projeto não apenas preserva as tradições musicais e folclóricas dos ancestrais fundadores, mas também as reinterpreta e as traz para os dias atuais, garantindo que sejam apreciadas e perpetuadas pelas futuras gerações.

 

Ao recriar e fortalecer a Banda Aurora, os organizadores e membros atuais não apenas prestam homenagem à rica herança germânica da região, mas também enriquecem o cenário cultural local com novas interpretações e abordagens musicais. Este esforço não poderia ser mais oportuno, pois une passado e presente em uma celebração contínua da diversidade cultural e da vitalidade da música alemã em Jaraguá do Sul.

 

Por meio deste renascimento cultural, a Banda Aurora não apenas ressoa como um símbolo de orgulho e identidade para a comunidade local, mas também se posiciona como um exemplo inspirador de como a arte e a cultura podem continuar a evoluir e florescer, mantendo vivas as tradições que são fundamentais para a identidade de uma comunidade.

 

Este texto celebra não apenas a história e a música, mas também a resiliência e a dedicação daqueles que se empenham em preservar e promover o rico legado cultural da imigração alemã em Jaraguá do Sul.

 

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Por

Historiador e criador de conteúdo digital para as plataformas do Kwai, Tik Tok e You Tube. Dedicado à pesquisas sobre memória e patrimônio histórico-cultural em comunidades tradicionais

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