Os Catarinas na II Guerra Mundial: Jaraguá do Sul transforma sua memória em roteiro vivo de história e cultura
Foto: Divulgação
Jaraguá do Sul, reconhecida por suas tradições germânicas e pelo vigor industrial, firma-se agora também como guardiã da memória nacional. O projeto “Os Catarinas na II Guerra Mundial – PARTE 1” propõe uma jornada que transforma a cidade em um roteiro vivo de lembranças e reconstrução. Cada capítulo será dedicado a um marco simbólico da presença jaraguaense na Segunda Guerra Mundial e ao legado moral dos pracinhas que lutaram pela liberdade.
Pesquisa e fontes
A investigação envolverá fontes primárias, familiares dos pracinhas, documentação museológica, arquivos históricos, coleções particulares e jornais da época. Como ação complementar, serão produzidos vídeos educativos que acompanharão o processo de pesquisa e servirão como ferramenta de difusão cultural. Com linguagem documental e educativa, a iniciativa reconecta a população às memórias que testemunharam o esforço de uma geração pela paz por meio de vídeos e de um e-book.
O projeto concentra-se na pesquisa, organização cronológica das informações, digitação de textos, elaboração de índice, todo o material resultante do diagnóstico será reunido em um e-book, que servirá como consulta e preparação para
a edição impressa. O lançamento do e-book e vídeos de ação educativa estão previstos ainda para este ano.
“Relembrar a memória dos pracinhas nos dias de hoje não é apenas preservar seu legado, mas educar para que possamos viver com as diferenças. No fim, o que todos buscamos é a paz. Em tempos de guerra, como vemos em várias partes do mundo na atualidade, lembramos o quanto ela é necessária. Trabalhar esse conceito é fundamental para que as novas gerações a busquem continuamente”, afirma Sérgio Luiz Pedrotti, representante da Multi Ideias Gestão de Artes e Negócios, proponente do projeto.
Proposta executada pelo Governo do Estado de Santa Catarina, por meio da Fundação Catarinense de Cultura (FCC), com recursos do Governo Federal e da Política Nacional Aldir Blanc.

Objetivos
Pesquisar e preparar material para elaboração de um livro sobre a participação
dos pracinhas do Vale do Itapocu na Segunda Guerra Mundial (1939-1945);
Conteúdos em alta
Evidenciar a importância do patrimônio imaterial na preservação da memória
da Força Expedicionária Brasileira;
Promover a paz e o diálogo como ensinamentos viáveis para a defesa de nossos
territórios.
Durante as etapas, serão criados materiais educativos virtuais, com postagens culturais que apresentarão informações e curiosidades para despertar o interesse dos futuros leitores. Essa estratégia, além de antecipar conteúdos do livro, funciona como uma introdução envolvente ao tema. O historiador Ademir Pfiffer, especialista na difusão
do patrimônio cultural material e imaterial, será o responsável pela pesquisa.
A cidade como museu a céu aberto
Lugares que revelam aspectos essenciais da jornada dos jaraguaenses: do alistamento ao retorno, da luta pela vida à preservação da identidade cultural. O público é conduzido ao Monumento da Praça do Expedicionário, símbolo da
bravura e união cívica local, e à Estação Ferroviária, de onde partiram os jovens da FEB. O trem que, em 1944, levou os pracinhas rumo ao desconhecido retorna hoje como símbolo de memória e gratidão.
O Museu da Paz, instalado na antiga estação de 1943, guarda relíquias como a Placa do Serviço Militar, símbolo da convocação, e a Padiola de Resgate, que representa o sacrifício dos soldados do Batalhão de Saúde nos campos da Itália. Cada objeto é narrado como elo entre patrimônio material e moral, preservado pela dedicação de instituições como a ANVFEB, o Museu Histórico Emílio da Silva e a AAMPAZ.
O secretário executivo da Associação Nacional dos Veteranos da Força Expedicionária Brasileira (ANVFEB), Ivo Kretzke, filho de ex-combatente da FEB, foi entrevistado pois tem dedicado sua trajetória à preservação da memória dos pracinhas e à promoção da cultura da paz. Desde a infância, Ivo carrega lembranças familiares que despertaram
seu interesse pelo tema e moldaram sua atuação. Hoje, é reconhecido como grande incentivador da ANVFEB, organizando eventos, palestras e atividades que aproximam a comunidade das histórias dos ex-combatentes e reforçam a importância de transmitir às novas gerações o valor da liberdade e da paz.
“Preservar a memória dos pracinhas é garantir que o sacrifício deles nunca seja esquecido. É também mostrar aos jovens que a paz é fruto da coragem e da união”, destaca Ivo Kretzke.

A memória que se escreve com documentos
O Arquivo Histórico Eugênio Victor Schmöckel, na Barra do Rio Molha, é o ponto de convergência entre história e pesquisa. Ali repousam títulos, registros civis, jornais antigos e plantas de casas que permitem reconstruir o passado dos expedicionários e de suas famílias. Esse acervo confere substância e autenticidade à narrativa, reforçando a importância da documentação etnográfica como pilar da memória coletiva.
Segundo Ademir Pfiffer o projeto é um ato de devolução de memória. A pesquisa de desenvolvida converte-se em narrativa que reaproxima o cidadão jaraguaense de sua história e de seus heróis. Ao unir arquitetura, fé e trabalho, o projeto revela que a identidade cultural do Vale do Itapocu foi moldada tanto pela colônia quanto pela trincheira. Em tempos em que a memória é o alicerce da cidadania, esta iniciativa reafirma Jaraguá do Sul como uma cidade que preserva, honra e ensina.
Todos os produtos culturais e atividades do projeto estarão disponíveis gratuitamente ainda este ano nas redes sociais: 👉 https://www.facebook.com/Multiideias
Para acessar o e-book diretamente no Google Drive: https://drive.google.com/drive/folders/1MuZy-tSK9PofGikOAdi7D52nLaDenFD?usp=sharing