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Cenário de água potável e saneamento é complexo em SC, avalia especialista
Esse municípios, depois, são classificados em um ranking geral de saneamento, de acordo com o desempenho em cada requisito.
23/03/2023
Santa Catarina tem uma cidade entre as 20 do país que mais oferecem água potável à população. Com 100% de atendimento aos moradores, Joinville é o único município da lista, segundo a pesquisa do Instituto Trata Brasil divulgada na segunda-feira (20). No atendimento de esgoto, porém, a cidade não aparece no ranking com a melhor cobertura — assim como nenhum outro município do Estado.
O ranking do Trata Brasil avalia o acesso à água potável, coleta e tratamento de esgoto nas 100 maiores cidades do país. Esse municípios, depois, são classificados em um ranking geral de saneamento, de acordo com o desempenho em cada requisito.
Blumenau é a única cidade de SC a cair no ranking nacional de saneamento básico
Neste levantamento, Florianópolis é a que aparece na melhor posição, em 59º — uma a mais que no ano passado. Em seguida vêm Blumenau, em 68º (uma queda de duas posições em relação a 2022), e Joinville, em 74º, com crescimento de quatro posições.
Ambos os serviços, conforme explica o pesquisador e professor de Botânica da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Leonardo Rubi, fazem parte de uma mesma “engrenagem” e devem ser pensados em conjunto. O ciclo funciona desta forma: água potável vira esgoto que, posteriormente, volta a virar água ao ser tratada.
O cenário em Santa Catarina, porém, é complexo devido às diferentes formas econômicas de cada região. No Oeste, por exemplo, a poluição de agrotóxicos prejudica a limpeza da água, assim como no Sul, a indústria do carvão acidifica ela. Nas regiões litorâneas o problema tem relação, conforme explica Rubi, com o crescimento desenfreado das cidades, que acabam deixando de lado o tratamento de esgoto.
— O Vale de Itajaí, assim como Joinville, possui a melhor das situações por conta da industrialização, já que as indústrias são muito cobradas em relação a isso, diferente da prefeitura — explica.
Ele explica que, historicamente, o Estado sempre apareceu com índices baixos de saneamento, principalmente por conta do baixo nível de tratamento de esgoto. Outro ponto é a sobrecarga que as cidades litorâneas vivem durante a temporada, que supera os índices do inverno.
— Os sistemas de tratamento de trabalham com uma carga no inverno e outra no verão e isso traz uma série de desafios para as companhias técnicas. Mas as notas baixas estão mais voltadas ao tratamento de esgoto do que no sentido de água — pontua.
Por exemplo, apesar de Joinville aparecer com 100% de distribuição de água potável, no ranking do esgoto a cidade do Norte tem uma cobertura de 31,25%. Em nota, a Companhia Águas de Joinville, que é responsável pelo abastecimento no município, informou que 43,6% da cidade possui coleta de esgoto. A estrutura conta com 13 estações de tratamento, 130 elevatórias e 708 km de rede.
Além disso, a companhia informou que vem realizando investimentos para atingir as metas do Marco do Saneamento, que prevê 99% de cobertura de água e 90% de esgoto. Para os próximos anos estão previstos projetos que devem auxiliar no índice, como a implantação de mais de 800 km de redes coletoras de esgoto, construção e ampliação de três estações de tratamento nos bairros Jardim Paraíso, Vila Nova e Jarivatuba.
Joinville fica só em 74º em ranking do saneamento com 100 cidades
Blumenau aparece em 68º lugar no ranking de saneamento básico, que inclui ambos os assuntos — tratamento de esgoto e água potável. O documento mostra o município com 46% da população atendida com serviço de esgoto, dos quais 33,5% é efetivamente tratado em relação à água consumida.
Em nota, porém, a prefeitura afirmou que 99% da cidade é atendida com água potável, e 70% com saneamento. Mesmo assim, o órgão sente como principal desafio “acompanhar o crescimento da cidade”. Por esse motivo, a companhia prevê ampliar a capacidade de adução dos bairros com um novo reservatório, além da ampliação da captação de água bruta — serviços previstos para entrar em licitação em julho deste ano.
Florianópolis aposta na fiscalização
De acordo com o levantamento, Florianópolis aparece com 65,14% do município com cobertura de tratamento de esgoto. Já no ranking geral, a capital catarinense está em 59º lugar, com 100% da água potável.
Em nota, a Secretaria de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável de Florianópolis informou que a cidade tem atuado na intensificação de programas de estações de fiscalização e na ampliação de novas estações de tratamento de efluentes.
Porém, a pasta salienta que tem enfrentado desafios, principalmente no avanço de crescimento populacional na região, além da conscientização por parte dos cidadãos.
Por fim, Blumenau aparece em 68º sendo o único munícipio catarinense que teve queda nas posições em relação a 2021. No quesito tratamento de esgoto, o índice é de 35,55%. O NSC Total procurou a prefeitura a respeito dos números, mas não teve retorno até a publicação.
Os desafios na melhoria da água em Santa Catarina
Para o pesquisador e professor de Botânica da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Leonardo Rubi, o Estado esbarra nas diferentes realidades na hora de planejar estruturas que possam melhorar a qualidade da água ofertada à população.
— As soluções devem ser regionalizadas, mas elas devem atender algumas legislações ambientais básicas, como no sentido de reter e conservar água através de manutenção das florestas em áreas estratégicas — explica.
Outras opções seriam planejar obras de reservação de água e fazer um planejamento sustentável das atividades e da ocupação urbana, o que inclui conectar os planos diretores com investimentos em saneamento e ações de gerenciamento de bacias hidrográficas.
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