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Coluna: A Bezerra

Para quem está ligado nos últimos acontecimentos, sabe que a “Bezerra” que não sai da boca do povo não é aquela “criaturinha fofa” inserida em uma paisagem bucólica. Definitivamente, não! Estamos falando aqui da “dotôra” Deolane Bezerra, 36 anos, a advogada criminalista e influenciadora digital presa em Pernambuco por graves…

11/09/2024

Para quem está ligado nos últimos acontecimentos, sabe que a “Bezerra” que não sai da boca do povo não é aquela “criaturinha fofa” inserida em uma paisagem bucólica. Definitivamente, não! Estamos falando aqui da “dotôra” Deolane Bezerra, 36 anos, a advogada criminalista e influenciadora digital presa em Pernambuco por graves acusações de envolvimento com jogos ilegais, crime organizado e lavagem de dinheiro. Confesso que resisti a abordar esse tema. Procuro ser cautelosa ao seguir conteúdos disponibilizados por pessoas surgidas da noite para o dia, que passam a opinar como especialistas sobre tudo na condição de digital influencer. Claro que não podemos generalizar! Conheço o trabalho de influenciadores que contribuem em diversas áreas. Mas essa situação específica que envolve a investigada tomou proporções tão absurdas que senti a necessidade de me pronunciar.

 

Solta essa semana com a condição de se manter afastada das redes sociais e não se pronunciar à imprensa, Deolane saiu “cuspindo fogo” e, como era de se esperar, voltou a ser presa  por descumprir medidas judiciais, pela postagem no Instagram e declaração pública. Agora, a famosa está em uma colônia penal, onde não poderá mais desrespeitar os trâmites da investigação. Ué, mas ela não deveria saber como teria de agir, por ser uma advogada?! Parece que não…

 

Deolane Bezerra foi presa novamente por descumprir medidas judiciais. Foto: Reprodução Instagram

 

Interessante ela ter declarado em um podcast, certa vez, que prefere “defender bandido do que um cidadão honesto”.  Também se aventurou à carreira de cantora com duas músicas e passou a faturar em aparições publicitárias. Participou do reality show “A Fazenda” com uma presença bastante criticada. Há um ano, Deolane foi uma das escolhidas da série “Para que serve?” do controverso youtuber Régis Tadeu. Sem papas na língua, bem ao estilo “sincerão” que o caracteriza, enumerou questionamentos no episódio “Para o que serve a Dra. Deolane?” e a definiu como subcelebridade. Pelos comentários da postagem, a  influenciadora certamente não é uma unanimidade em termos de aceitação. Nem sempre concordo com os posicionamentos “sem filtro” do Régis Tadeu, mas reconheço que apresentou fatos a serem  considerados, nesse caso. Para os que ainda não tiveram acesso ao episódio, sugiro buscarem a página no YouTube e tirarem as próprias conclusões.

 

O mais chocante disso tudo, é que ao sair do presídio para a  prisão domiciliar ela foi aclamada por fãs, carregada por uma multidão ensandecida. Admiradores? Claque paga por uma das irmãs? O comportamento dessas pessoas na porta da penitenciária reforça que vivemos uma inversão total de valores, em que para parcela da população, o simples fato de um indivíduo ter dinheiro de montão o credencia à veneração e, não raro, à impunidade. Comum patrimônio estimado em R$ 2,1 bilhões, bloqueado pela Justiça, a investigada sempre fez questão de ostentar. Entre outras coisas, ela é dona de 12 mansões, joias e carros de luxo.

 

Pessoalmente, entendo que em um país com tantas desigualdades sociais e recentes tragédias ambientais, em que falta o mínimo para tanta gente de Norte a Sul, chega a ser uma afronta, um escárnio para com o povo brasileiro, que rala para colocar comida na mesa e pagar as contas.

 

Advogada Deolane durante a primeira prisão. Foto: Reprodução Instagram

 

E pensar que a “dotôra” Deolane passou a ganhar notoriedade nacional a partir da trágica morte do MC Kevin, o ex-namorado que caiu da sacada de um hotel enquanto fugia de um flagrante dela, lembram? De lá para cá, além da acusada despertar a desconfiança das autoridades por ter tanto dindin nas contas bancárias, a advogada colecionou polêmicas, também, pela forma de se expressar, ao utilizar uma linguagem, digamos, inapropriada, para dizer o mínimo… E agora, Deolane Bezerra? Agora é conseguir provar a sua inocência, não é mesmo? Afinal, não podemos esquecer que todo mundo é inocente até prova em contrário…

 

 

 

 

 

 

Por

Sônia Pillon é jornalista e escritora, formada em Jornalismo pela PUC-RS e pós-graduada em Produção de Texto e Gramática pela Univille. Integra a AJEB Santa Catarina. Fundadora da ALBSC Jaraguá do Sul.

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