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Coluna: A Inteligência Emocional como primordial na atividade dos professores

“A Inteligência Emocional se revela primordial na atividade dos professores, pois pode promover melhores resultados, aumentar a capacidade para lidar com as tensões vivenciadas na escola, assim como melhorar as competências de relacionamento interpessoal.” Nunes-Valente e Monteiro, 2016

23/03/2022

A natureza humana

A natureza humana requer, entre as várias habilidades e competências necessárias para viver em sociedade, um conjunto de aptidões que incluem autocontrole, zelo, persistência e a capacidade de automotivação. A esse grupo de aptidões chamamos de “Inteligência Emocional”, tão necessária nesses tempos complexos e confusos em toda e qualquer área do conhecimento humano, seja ao nível pessoal ou profissional.

Mundo Caótico

O mundo está caótico: consumismo desenfreado, uso sem consciência das tecnologias, inversão de valores nas famílias e na sociedade como um todo, crianças e jovens confusos com a vida familiar desestruturada, e tudo isso deságua nos muros escolares. Por isso temos que questionar: quem olha para o professor? Quem pensa no estado psicológico e emocional desse profissional? Que tempo ele tem para desenvolver o seu emocional diante de uma jornada de trabalho, dentro e fora da sala de aula, tão extensa? Será que a gestão escolar já tem estratégias para esta situação ou apenas está deixando as coisas caminharem para ver o que acontece?

Sensibilidade a flor da pele

É perceptível o aumento de casos de docentes que estão perdendo “facilmente” o controle em sala de aula; que estão saturados de apelar para o bom senso e respeito de pais e alunos; que estão cansados de sua longa jornada de trabalho para sobreviver; que estão adoecendo, com, por exemplo, a síndrome de Burnout; e que estão, principalmente, passando a maioria do seu tempo a refletir sobre o seu papel na sociedade que aí está.

Refletir acerca dos sentimentos e das emoções

Toda essa realidade docente nos faz refletir acerca dos sentimentos e das emoções que estão lado a lado dos professores no seu percurso formativo e prático, dentro e fora do contexto escolar. São inúmeras as exigências na vida de um professor, e a cada dia parece que surgem novas responsabilidades. Então, como será que caminha a dimensão emocional do docente na atualidade? O que fazer para minimizar os estragos causados pela insuficiência emocional do professor? Será que já existe uma cultura que tencione a dimensão emocional do professor?

Controle emocional

Nesse contexto, Silva (2012, p. 6) frisa que “é cada vez mais exigido do professor, enquanto profissional da educação, desenvolver nos seus alunos a capacidade de controle emocional” e que “a relação pedagógica se torna cada vez mais de ordem afetiva”. Frente a isso, é essencial pensar, também, em desenvolver a Inteligência Emocional do docente, pois, para que este possa trabalhar com os seus alunos, é preciso que, primeiramente, tenha consciência de suas próprias emoções e saiba geri-las adequadamente.

O docente é um profissional que lida diariamente com pessoas

E sabe-se que esse papel não é fácil de se cumprir, pois, cada pessoa é um mundo com formas diferentes de ser, pensar e agir. Assim sendo, torna-se indispensável desenvolver a sua Inteligência Emocional, isto é, “[…]a capacidade de identificar os próprios sentimentos e os dos outros, de se motivar e de gerir bem as emoções dentro de si e nos relacionamentos” (Goleman, 1998), a fim de auxiliar na gestão dos conflitos e na prevenção dos comportamentos inadequados frente às situações imprevisíveis que surgem no contexto escolar.

Carências emocionais e sociais

Crianças, adolescentes e adultos chegam à escola com carências emocionais e sociais, o que constitui um grande desafio para o professor: ensinar aos alunos as regras básicas que regem as emoções, mas acima de tudo ele mesmo – o professor – necessita de um preparo emocional, adquirindo a competência de gerenciar suas próprias emoções. Só então, será também capaz de desenvolver o despertar emocional de seus alunos.

 A pergunta que se põe é

Podem os professores ensinar aos alunos as regras básicas que regem as emoções?” (Mártin e Boeck, 2002, p.175). Este questionamento faz emergir um outro, trazido à tona por Laborit apud Fazenda (1997, p.36): “Será que a educação no educador não se deve fazer mais pelo conhecimento de si próprio do que pelo conhecimento da disciplina que ensina?” . O artigo de hoje é uma reflexão com base em artigos acadêmicos.

Por

Professor Pesquisador, Mestre em Educação, Especialista em Planejamento Educacional e Docência do Ensino Superior, Historiador e Pedagogo. Entusiasta da Educação

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