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Coluna: As discussões do Novo Ensino Médio

Para começo de conversa, minha formação não é Pedagogia, mas sim, Jornalismo. Mesmo assim, atuei por cerca de um ano como professora ACT (Admitida em caráter temporário) da disciplina de Português e Literatura na rede estadual de ensino, há duas décadas. Daquela experiência pude constatar as lacunas no aprendizado e…

16/04/2023

Para começo de conversa, minha formação não é Pedagogia, mas sim, Jornalismo. Mesmo assim, atuei por cerca de um ano como professora ACT (Admitida em caráter temporário) da disciplina de Português e Literatura na rede estadual de ensino, há duas décadas. Daquela experiência pude constatar as lacunas no aprendizado e as demandas não atendidas do modelo de ensino instituído com as expectativas dos alunos. Já naquela época, as queixas eram recorrentes sobre a distância entre o que a grade curricular oferecia e as exigências do mercado de trabalho.

Hoje a polêmica envolve a decisão do Ministério da Educação de suspender o cronograma de implementação do Novo Ensino Médio por 60 dias. Dessa forma, as mudanças que estavam previstas no Enem 2024 automaticamente também estão canceladas. A medida atende clamor de entidades ligadas à Educação que já haviam manifestado posição pela revogação, o que fez o MEC abrir consulta pública em 9 de março, com 90 dias de duração e possibilidade de prorrogação. A intenção é avaliar e reestruturar o novo modelo.

Vale lembrar que o Novo Ensino Médio foi estabelecido pela Lei 13.415/2017, prevendo mudanças para torná-lo mais flexível, com diferentes possiblidades de escolhas dos estudantes e ampliação de 800 horas anuais para 1000 horas anuais. A Lei de 2017 prevê a escolha dos alunos para ampliar conhecimentos nas áreas de Linguagens, Matemática, Ciências da natureza, Ciências humanas e sociais, e formação técnica e profissional.

As reclamações que motivaram a consulta pública indicam que em algumas escolas públicas foram impostas escolhas e até “sorteadas” entre os estudantes. Outra constatação é que disciplinas estão sendo ministradas por professores sem a formação adequada. Resumindo: muitos alunos estão estudando disciplinas que não têm interesse, fato que contraria o objetivo inicial da reforma. Por tudo isso, a Ubes (União Brasileira dos Estudantes) considera a suspensão importante para alunos e professores.

Os pais que tiveram, ou ainda têm filhos no Ensino Médio, sabem o quanto esse período de aprendizado é crucial para direcionar às escolhas profissionais. Não raro, os estudantes das escolas públicas se obrigam a frequentar cursos complementares, fora do ambiente escolar, justamente porque o modelo anterior se mostrava arcaico e limitante.

A sociedade brasileira clama por um ensino que acompanhe os avanços tecnológicos e amplie o conhecimento dos jovens, para que estejam aptos às profissões que escolherem.

Outro fator importantíssimo: a participação e o acompanhamento dos estudos dos filhos nesse período crucial da vida. Nunca é demais lembrar que não se pode terceirizar os ensinamentos que devem ser levados de casa para a sala de aula, de respeito pelos colegas, professores e direção. Lembra do “Gentileza gera gentileza”? Pois é… A comunidade escolar precisa trabalhar a Cultura da Paz de forma mais efetiva, na prevenção, e também na solução de conflitos. Somente dessa forma poderemos coibir novas tragédias em instituições  de ensino.

 

Por

Sônia Pillon é jornalista e escritora, formada em Jornalismo pela PUC-RS e pós-graduada em Produção de Texto e Gramática pela Univille. Integra a AJEB Santa Catarina. Fundadora da ALBSC Jaraguá do Sul.

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