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Coluna: Cem anos do aculturamento brasileiro! Semana de 22

Não foi a primeira vez que tentaram sufocar a cultura nacional. Na atualidade vemos diariamente o trabalho para tirara a cultura da população brasileira. Ao que interessa sufocar a livre cultura. Por uma nova e urgente semana de Arte Moderna no Brasil atual

23/02/2022

Movimento mais que cultural

A semana de Arte de 22 rompeu com o colonialismo cultural brasileiro, e por esse  motivo o movimento foi tão odiado pela elite oligárquica brasileira. Consideravam a cultura nacional como “coisa de bicho”. Questionavam onde um punhado de “mulatos, mestiços, indígenas e mulheres” poderiam saber ou fazer cultura e crítica o que vinha da França.

Semana de Artena Moderna

A  Semana de Artena Moderna ocorreu no Teatro Municipal de São Paulo, em 1922, tendo como objetivo mostrar as novas tendências artísticas que já vigoravam na Europa. Esta nova forma de expressão não foi compreendida pela elite paulista, que era influenciada pelas formas estéticas europeias mais conservadoras. O idealizador deste evento artístico e cultural foi o pintor Di Cavalcanti.

Política da época

Em 1922, o Brasil era governado por uma oligarquia ligada ao setor produtor e exportador de café (principal produto econômico brasileiro). Portanto, o nosso país era governado por ricos fazendeiros, principalmente paulistas ou mineiros. Foi o período da política do “Café com leite” e do coronelismo.

Como estava o Brasil na época

Estava ocorrendo o processo eleitoral no Brasil, cujos candidatos eram o mineiro Artur Bernardes (que foi o vencedor) e o carioca Nilo Peçanha (derrotado). O começo da década de 1920, foi marcado por significativo avanço da industrialização na cidade de São Paulo. A cidade de São Paulo passou a ser o principal polo econômico e cultural do Brasil, apresentando grande crescimento populacional. Uma emergente burguesia industrial começava a ganhar força na cena política e econômica do Brasil.

Mudanças na sociedade

Crescimento das ideias anarquistas e comunistas na cidade de São Paulo e Rio de Janeiro. Muitas dessas ideologias foram trazidas pelos imigrantes italianos. Em março de 1922, por exemplo, foi fundado, no Rio de Janeiro, o Partido Comunista Brasileiro. Crescimento urbano desordenado, principalmente das cidades de São Paulo e Rio de Janeiro. Na capital paulista se multiplicavam os cortiços nos bairros centrais, enquanto na capital brasileira (Rio de Janeiro) as favelas começavam a crescer em tamanho e população.

Enfraquecimento do poder

No ano de 1922, ocorreu a Revolta dos 18 do Forte de Copacabana no Rio de Janeiro, um dos principais movimentos tenentistas contrários à política oligárquica brasileira. O tenentismo era contra, principalmente, as fraudes eleitorais e as políticas governamentais, que atendiam os interesses econômicos das oligarquias rurais.

Uma identidade cultural

No Brasil, o descontentamento com o estilo anterior foi bem mais explorado no campo da literatura, com maior ênfase na poesia. Entre os escritores modernistas destacam-se: Oswald de Andrade, Guilherme de Almeida, Sérgio Milliet e Manuel Bandeira. Na pintura, destacou-se Anita Malfatti, que realizou a primeira exposição modernista brasileira em 1917. Suas obras, influenciadas pelo cubismo, expressionismo e futurismo, escandalizaram a sociedade da época. Monteiro Lobato não poupou críticas à pintora, contudo, este episódio serviu como incentivo para a realização da Semana de Arte Moderna.

A Semana

Realizada entre 11 e 18 de fevereiro de 1922, foi a explosão de ideias inovadoras que aboliam por completo a perfeição estética tão apreciada no século XIX. Os artistas brasileiros buscavam uma identidade própria e a liberdade de expressão; com este propósito, experimentavam diferentes caminhos sem definir nenhum padrão. Isto culminou com a incompreensão e com a completa insatisfação de todos que foram assistir a este novo movimento. Logo na abertura, Ronald de Carvalho, ao recitar o poema Os Sapos, escrito por Manuel Bandeira, foi desaprovado pela plateia através de muitas vaias e gritos.

Por

Professor Pesquisador, Mestre em Educação, Especialista em Planejamento Educacional e Docência do Ensino Superior, Historiador e Pedagogo. Entusiasta da Educação

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