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Coluna: Dias e dias literários…

Em primeiro lugar, preciso me desculpar com os leitores desta coluna pela ausência involuntária, nesse espaço que tanto prezo. Desde o final de outubro e ao longo de novembro, uma série de eventos literários tomaram conta da agenda e me levaram para lá e para cá, inclusive para o Rio…

25/11/2024

Em primeiro lugar, preciso me desculpar com os leitores desta coluna pela ausência involuntária, nesse espaço que tanto prezo. Desde o final de outubro e ao longo de novembro, uma série de eventos literários tomaram conta da agenda e me levaram para lá e para cá, inclusive para o Rio Grande do Sul, minha terra natal. E nesse vai e vem faltaram horas em cada dia e sobraram assuntos para me debruçar… Eu e minha mala nos dirigimos para lançamentos de obras de coatoria e de interação com escritores de diversas vertentes. Apesar da correria e do cansaço nos deslocamentos, foram com certeza momentos em que me senti gratificada pela entrega de novos livros, pela confraternização e interação proporcionada aos autores e o aprendizado adquirido. Como sempre digo, viver é se permitir aprender todos os dias.

 

Quem acompanha o meu trabalho, sabe que a literatura e o jornalismo sempre caminharam lado a lado e até se confundiam, em muitos momentos quando escrevia (apesar de reconhecer que enquanto atuava com reportagem, minha produção textual, obviamente, era mais informativa e técnica). Em muitos momentos, não havia espaço para a arte literária, e especialmente a minha veia lúdica, ficou adormecida por um bom tempo. Porém, especialmente em 2024, sinto que retomei essa caminhada, tão essencial para mim.

 

 

 

 

A literatura nos permite viajar na imaginação, assimilar conhecimento e questionar, formar opinião. Foto: https://br.freepik.com/fotos-gratis/

 

 

A jornada que me levou pelos caminhos da literatura começou com o II Festival Literário de Laguna, nos dias 25 e 26 de outubro, no Instituto Cultural Anita Garibaldi, evento que proporcionou aos participantes conhecer a adquirir livros que contam a trajetória dos açorianos catarinenses e seus descendentes, com apresentações de danças folclóricas, declamação de poesias e peças valiosas do artesanato local. Foi ali, no Sul Catarinense, que a Coordenadoria Santa Catarina da Associação de Jornalistas e Escritoras do Brasil (AJEB-SC), da qual faço parte, lançou oficialmente a obra “Dos Açores a Santa Catarina – Uma viagem no tempo”, que retrata em contos, crônicas, versos, artigos e pesquisas sobre os 275 anos da chegada dos açorianos em solo catarinense. O pré-lançamento aconteceu na Bienal do Livro de São Paulo, em setembro. Foi a 2a. Coletânea Internacional da AJEB-SC.

 

Participei da obra como coautora com o conto “Minha viagem ao Novo Mundo”, o que me conectou com a riquíssima cultura dos Açores e me fez submergir nesse universo fascinante. Por meio de pesquisas históricas sobre a região de origem dos viajantes, as dificuldades enfrentadas na terra natal, os desafios enfrentados em alto-mar, a dura travessia até a chegada no Desterro (hoje Florianópolis), os costumes e a cultura açoriana, criei a protagonista Maria das Graças, que conta em primeira pessoa a trajetória pessoal, desde a partida de Portugal, ainda adolescente, o impacto da chegada, a vida que construiu e o legado deixado, com muito trabalho e determinação. “Dos Açores a Santa Catarina…” pode ser adquirido no site clubedeautores.com.br.

 

 

 

 

 

 

Seguindo o calendário, dessa vez tendo como foco a Feira do Livro de Porto Alegre, no dia 18 de novembro, ocorreu o lançamento da coletânea Palavras 2024, iniciativa da AJEB-RS, que incluiu os cadernos Vivências Culturais e Tragédia Climática, com foco nas enchentes de maio deste ano. Integro a publicação de coautoria com a crônica “Mercado de aromas e lembranças”, e o lançamento, na Praça da Alfândega teve um especial significado para mim, que nasci e cresci em Porto Alegre e onde iniciei meus estudos acadêmicos. Foi uma grande emoção para mim, que há três décadas me mudei para Santa Catarina e, até então, era uma escritora desconhecida por lá. Para completar, pude revisitar o Mercado Público e constatar a alegria dos comerciantes, que pouco a pouco se recuperam dos prejuízos causados pelas inundações, principalmente com a volta das operações do Aeroporto Salgado Filho. Essa viagem ainda me proporcionou a oportunidade de rever amigos de longa data e me reconectar com a “Querência Amada”, com as minhas raízes gaúchas.

 

Por último, e não menos importante, participei nos dias 22 e 23 de novembro, do XII Encontro Catarinense de Escritores e Leitores, promovido pela Associação das Letras, na Escola Bolshoi, em Joinville. Em pauta, a polêmica que envolve a Inteligência Artificial utilizada na produção literária, questionamentos do uso e necessidade de impor limites éticos. Acima de tudo, na defesa de que a criatividade e o talento do escritor  devem prevalecer na feitura de um livro. Sim, acredito que é possível utilizar os recursos da máquina, desde que o cérebro humano esteja no comando! A luta começou nesse sentido e nesse enfrentamento, ainda haverão muitos desdobramentos… Quem viver, verá!

 

Por

Sônia Pillon é jornalista e escritora, formada em Jornalismo pela PUC-RS e pós-graduada em Produção de Texto e Gramática pela Univille. Integra a AJEB Santa Catarina. Fundadora da ALBSC Jaraguá do Sul.

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