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Coluna: Esperança para a cura do Alzheimer

Somente quem já conviveu com pacientes que sofrem de Alzheimer pode atestar o quanto é difícil e desafiador. A boa notícia é a aprovação do medicamento donanemab por um grupo de consultores da FDA, a Agência de Alimentos e Medicamentos dos Estados Unidos. Por unanimidade, aprovaram os dados de eficácia…

11/06/2024

Somente quem já conviveu com pacientes que sofrem de Alzheimer pode atestar o quanto é difícil e desafiador. A boa notícia é a aprovação do medicamento donanemab por um grupo de consultores da FDA, a Agência de Alimentos e Medicamentos dos Estados Unidos. Por unanimidade, aprovaram os dados de eficácia para retardar a progressão do Alzheimer em 60% aos pacientes em estágios iniciais da doença. Os resultados alcançados pela indústria farmacêutica Eli Lilly foram publicados na revista Jama (Journal of the American Association) e agora passam a ser divulgados.

 

Desenho representando o cérebro humano e o crânio (https://pt.wikipedia.org/wiki/C%C3%A9rebro_humano

 

Os consultores asseguram que os benefícios dessa medicação “superam os possíveis riscos”. E apesar da não obrigatoriedade da FDA seguir a recomendação dos especialistas, é o que costuma acontecer. É a esperança que toda a comunidade científica mundial acalenta, após décadas de pesquisa. Ainda não há data para a liberação e consequente fabricação em larga escala.

 

É certo que hoje existem poucos medicamentos disponíveis no mercado para o tratamento dos pacientes com Alzheimer, e mesmo assim, nem sempre apresentam o resultado almejado. E assistir a progressão da doença, que atinge a memória de curto prazo e promove alterações no comportamento, é especialmente angustiante quando se trata de alguém da família.

 

Detalhes do estudo

 

O ensaio clínico foi realizado com 1.736 pacientes com Alzheimer leve, com idades variáveis entre 60 e 85 anos, em que a droga experimental retardou a doença em 60% dos casos. Para os estudiosos no tema, os efeitos colaterais não podem ser ignorados, porém, a vantagem é que podem ser monitorados e controlados com ressonância magnética, ou interrupção do tratamento.

 

O foco do tratamento é a eliminação do amiloide do cérebro. A farmacêutica afirma que em maio de 2023 “o estudo atingiu todos os seus objetivos”. Ficou comprovado que “o donanemab retardou o declínio cognitivo em 29% em comparação com um placebo em 1.182 pessoas com comprometimento cognitivo leve, ou demência leve, com cérebros que apresentaram depósitos de duas proteínas-chave do Alzheimer: beta-amiloide e tau”. Outro dado relevante que foi considerado na aprovação do medicamento é que metade dos pacientes conseguiu interromper o tratamento após um ano, após a eliminação de depósitos cerebrais suficientes.

 

O estudo foi executado em 18 meses e aponta ainda que os que os participantes medicados com donanemab tiveram risco 39% menor de progredirem para o próximo estágio clínico do Alzheimer. O conteúdo completo do ensaio clínico foi apresentado na Conferência Internacional da Associação de Alzheimer, em Amsterdã, na Holanda.

 

Efeitos colaterais

 

Um dos efeitos colaterais encontrado em até um terço dos pacientes foi o inchaço cerebral, que causou a morte de três dos 1.736 voluntários. Já a hemorragia cerebral foi constatada em 31% do grupo donanemab e em torno de 14% do grupo placebo. O controle em relação aos efeitos colaterais foi realizado por meio de monitoramento com ressonância magnética, ou interrupção do tratamento.

 

Conheça a doença

 

Ilustração: Museu da Anatomia (https://museuanatomia.ufms.br).

 

Alzheimer é um transtorno neurodegenerativo progressivo e fatal que se manifesta pela deterioração cognitiva e da memória, comprometimento progressivo das atividades de vida diária e uma variedade de sintomas neuropsiquiátricos e de alterações comportamentais. É quando o processamento de certas proteínas do sistema nervoso central começa a dar errado, com o surgimento de fragmentos de proteínas mal cortadas, tóxicas, dentro dos neurônios e nos espaços que existem entre eles. Como consequência, ocorre perda progressiva de neurônios em certas regiões do cérebro, como o hipocampo, que controla a memória, e o córtex cerebral, essencial para a linguagem e o raciocínio, memória, reconhecimento de estímulos sensoriais e pensamento abstrato.

 

A causa é desconhecida, mas acredita-se que seja geneticamente determinada. A doença é a forma mais comum de demência neurodegenerativa em idosos, responsável por mais da metade dos casos de demência.

 

No Brasil, centros de referência do Sistema Único de Saúde (SUS) oferecem tratamento multidisciplinar integral e gratuito aos pacientes com Alzheimer, e medicamentos que ajudam a retardar a evolução dos sintomas. Os cuidados às pessoas com Alzheimer devem ocorrer em tempo integral. Cuidadores, enfermeiras, outros profissionais e familiares, mesmo fora do ambiente dos centros de referência, hospitais e clínicas, podem encarregar-se de detalhes relativos à alimentação, ambiente e outros aspectos para elevar a qualidade de vida dos pacientes. (Fonte: Ministério da Saúde).

Por

Sônia Pillon é jornalista e escritora, formada em Jornalismo pela PUC-RS e pós-graduada em Produção de Texto e Gramática pela Univille. Integra a AJEB Santa Catarina. Fundadora da ALBSC Jaraguá do Sul.

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