Sônia Pillon é jornalista e escritora, formada em Jornalismo pela PUC-RS e pós-graduada em Produção de Texto e Gramática pela Univille. Integra a AJEB Santa Catarina. Fundadora da ALBSC Jaraguá do Sul.
Coluna: Não é não!
Todos os dias nos deparamos com denúncias de estupro. Não raro, são crimes praticados por pessoas bem próximas, até da própria família, que nem sempre são denunciadas, seja pelo fato das vítimas serem ameaçadas, pelo acobertamento de familiares, ou ainda por omissão. Por sinal a omissão em relação aos suspeitos…
29/01/2023
Todos os dias nos deparamos com denúncias de estupro. Não raro, são crimes praticados por pessoas bem próximas, até da própria família, que nem sempre são denunciadas, seja pelo fato das vítimas serem ameaçadas, pelo acobertamento de familiares, ou ainda por omissão.
Por sinal a omissão em relação aos suspeitos também pode acontecer no ambiente escolar, com diretores e professores que preferem “fechar os olhos”, ignorando o sofrimento da criança e os traumas que uma agressão sexual pode causar a um ser inocente. Como jornalista e cidadã, constatei essa situação mais de uma vez. É a conhecida frase: “Não quero me meter”.
E infelizmente, mesmo quando uma denúncia é feita e investigada pelas autoridades competentes, nem sempre os culpados são punidos. Muitas investigações emperram por falta provas, ou pela ausência de pessoas dispostas a testemunhar.
Há uma semana o mundo foi surpreendido com a denúncia de uma jovem espanhola de 23 anos, que acusa o jogador Daniel Alves de a ter estuprado em uma boate de Barcelona. O protocolo “No Callem” garante que a mulher seja imediatamente enviada em ambulância para atendimento médico, submetida a exames e passa a receber suporte psicológico. Paralelamente é iniciada a investigação, inclusive com as filmagens da casa noturna, depoimentos de funcionários e testemunhas.
O veterano jogador negou tudo, evidentemente. Mas à medida que novos fatos apareciam, mudou o depoimento três vezes e está preso preventivamente, sem direito a fiança.
A vítima, que teve exames apontando lesões características de abuso, está em tratamento com antivirais, ansiolíticos e com dificuldades para dormir, segundo a advogada. Ela estaria sendo poupada dos noticiários, quer a identidade preservada e não aceita indenização: “Quero prisão, não dinheiro”. A jovem já conta com apoio da federação que administra as casas noturnas em Barcelona, que pedem “punição exemplar” a Daniel Alves, se for condenado.
Enquanto isso, Daniel Alves segue preso, jogou bola na prisão e funcionários pararam para assistir… O advogado criminalista Cristóbal Martell, contratado a peso de ouro pelo acusado, garante que tem uma estratégia “infalível” para livrar Daniel do cárcere. Quem duvida?
Esse triste episódio lembra a condenação por nove anos do ex-jogador Robinho, que participou de estupro coletivo de uma mulher albanesa na Itália, em 2013. Por não haver acordo de extradição entre o Brasil e a Itália, Robinho permanece solto por aqui e se diz “perseguido pela imprensa”. Aos 38 anos, ele manifestou recentemente a vontade de voltar a jogar profissionalmente. E, ao que consta, dois clubes brasileiros já se interessaram…
Que situações como essas, envolvendo atletas milionários, que se sentem “intocáveis”, e também agressores anônimos, sejam tratados com o rigor da lei. As relações sexuais precisam ser consentidas. Não se pode banalizar os crimes sexuais.
Chega de impunidade! Não é não!
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