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Coluna: O Ser Criança

Presentes não suprem ausências. Precisamos cuidar de nossas crianças como o jardineiro dedicado que acompanha o germinar e o crescer de uma planta

10/10/2021

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Sônia Pillon é jornalista e escritora, formada em Jornalismo pela PUC-RS e pós-graduada em Produção de Texto e Gramática pela Univille. Integra a AJEB Santa Catarina. Fundadora da ALBSC Jaraguá do Sul.

Na próxima terça-feira, 12 de outubro, é comemorado o Dia das Crianças no Brasil, uma das datas em que os comerciantes esfregam as mãos na expectativa de recuperar parte dos prejuízos acumulados ao longo do ano. Por conta dos impactos da pandemia, os apelos para atrair os consumidores se tornou ainda maior. É o momento em que, mais uma vez, pais, tios e avós se desdobram para arrancar sorrisos da criançada, e isso não tem preço.

Em terras brasileiras, a origem do dia 12 de outubro (que coincide com o Dia de Nossa Senhora Aparecida, feriado nacional) surgiu em 1924, por iniciativa do então deputado federal Galdino do Valle Filho, oficializado pelo Presidente Arthur Bernardes (Decreto nº 4867, de 5 de novembro de 1924). Em 1940, Getúlio Vargas instituiu um novo decreto, definindo o Dia da Criança em 25 de março, mas ficou apenas no papel… Foi em 1960 que a Brinquedos Estrela se uniu à Johnson & Johnson na campanha “Semana do Bebê Robusto”, para alavancar as vendas. Que ideia genial! A partir de então, o 12 de outubro virou sinônimo de presentes à molecada e entrou definitivamente no calendário das câmaras de dirigentes lojistas, do Oiapoque ao Chuí…

Porém, as festividades que homenageiam a primeira fase da vida variam pelo mundo e acontecem entre março e dezembro. Entre os países de Língua Portuguesa que adotaram o 1º de junho para celebrar a data estão Portugal, Angola e Moçambique. A data foi assinalada pelas Nações Unidas pela primeira vez em 1950, como forma de “chamar a atenção de que todas as crianças, independente de raça, cor, religião, origem social e país de origem, têm direito a afeto, amor, compreensão, alimentação adequada, cuidados médicos, educação gratuita, proteção contra todas as formas de exploração e a crescer num clima de paz e fraternidade”.

Já a Organização das Nações Unidas (ONU) instituiu o 20 de novembro como o Dia Mundial da Criança, com a provação da Declaração Universal dos Direitos da Criança, em 1959, referendada pela Convenção dos Direitos da Criança, em 1989.

É claro que queremos ver nossos filhos, sobrinhos, netos e bisnetos com os olhos brilhantes ao abrir um presente! Mas é preciso entender que a infância é um momento crucial na vida do ser humano. Mais do que alegrias efêmeras, uma criança precisa de muito mais para se desenvolver de forma saudável e equilibrada, pronta para superar as inseguranças da adolescência e as exigências da fase adulta. Bens materiais não suprem a ausência, a falta de presença, não é mesmo?

Mães, pais, ou responsáveis, precisam ser participativos, estarem atentos ao comportamento dos filhos, suas individualidades e talentos. É preciso ouvir a criança, estimular potencialidades, encontrar o meio termo entre a rigidez e a permissividade.

Assim como o jardineiro atento acompanha o germinar e o crescer de uma planta, adubando, regando e protegendo as folhas e frutos, o ser criança também necessita de muitos cuidados. Os resultados desse cuidar (ou da falta de) serão vistos lá na frente, na geração que terá as rédeas e escolherá quais caminhos irá trilhar.


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