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Coluna: Pais e Filhos

Sim! Hoje, “aos treze dias de agosto de dois mil e vinte e três”, comemoramos o Dia dos Pais no Brasil. E desde as primeiras horas deste domingo, o feed e os stories das redes sociais foram tomados por imagens de pais e filhos sorridentes, compartilhando momentos de felicidade e…

13/08/2023

Sim! Hoje, “aos treze dias de agosto de dois mil e vinte e três”, comemoramos o Dia dos Pais no Brasil. E desde as primeiras horas deste domingo, o feed e os stories das redes sociais foram tomados por imagens de pais e filhos sorridentes, compartilhando momentos de felicidade e gratidão.

Estejam eles ainda entre nós, ou mesmo se já tenham partido dessa vida, hoje somos tomados pelas lembranças paternas. Recordamos os momentos felizes em família, o apoio recebido nos momentos difíceis, as comemorações com nossas vitórias, os sacrifícios que fizeram ao longo da vida, as broncas, as brigas e as reconciliações. E como aquece o coração ter boas lembranças da figura paterna!

Mesmo que não tenham sido momentos perenes. Mesmo que alguns acontecimentos da vida, alheios à nossa vontade, em determinado momento tenham pausado, parcial ou totalmente, a convivência com o pai. Mesmo para os que têm, ou tiveram pais ausentes, é impossível não pensar no pai nesse dia. E para esses que a presença do pai fez falta, ou se faltou a compreensão e o amor paterno tão esperados, esse é o momento de perdoar. E a melhor maneira de ressignificar a relação entre pais e filhos é não repetir o passado e se tornar um pai exemplar.

Essa semana, não por acaso, lembrei muito de meu pai Almerindo, que há três anos, no dia 19 desse mesmo mês de agosto, foi embora para sempre. Ao mexer em guardados, reencontrei fotografias muito antigas, de diversas épocas da vida dele, muitas das quais não participei e acompanhei apenas de longe. Confesso que me emocionei ao manusear cada foto. Ficou a estranha sensação de sentir saudades de momentos felizes que não participei, justamente pelo fato de não ter participado.

Coube a mim reaver a convivência diária com meu amado pai nos últimos anos da vida dele, quando estava com a saúde fragilizada e pouco a pouco se abstraindo do mundo real. Porém, agradeço cada dia, cada hora que ainda pude conviver mais proximamente com ele. O Universo nos permitiu esse resgate e por isso a palavra para definir o que sinto é gratidão, porque sei que mesmo à maneira dele, mesmo à certa distância, nunca deixou de me amar.

Ontem, causalmente (ou seria sincronicidade?), me caiu às mãos a obra “Carta ao Pai”, de Franz Kafka. No livro, o autor escreveu, teceu longo desabafo, reclamando da frieza e severidade como que sempre foi tratado, sem nunca  enviar ao destinatário. Na mais íntima obra de Kafka, ele desvenda a alma e suas angústias, que tanto influenciaram seu legado literário.

É preciso ter sempre presente de que não existem manuais para “bons pais” (assim como não existem para “boas mães”). Somos todos seres imperfeitos buscando a evolução. Viver é estar aberto para aprender todos os dias. E como diz a última estrofe da letra “Pais e Filhos”, da banda Legião Urbana, ”…Você me diz que seus pais não entendem, Mas você não entende seus pais; Você culpa seus pais por tudo, Isso é absurdo; São crianças como você; O que você vai ser, Quando você crescer.”

Por

Sônia Pillon é jornalista e escritora, formada em Jornalismo pela PUC-RS e pós-graduada em Produção de Texto e Gramática pela Univille. Integra a AJEB Santa Catarina. Fundadora da ALBSC Jaraguá do Sul.

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