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Coluna: Política & Políticos – A “CPI do Asfalto”

Celso Machado comenta os principais acontecimentos da política catarinense

31/03/2023

Uma auditoria anda em andamento, instalada por determinação do governador Jorginho Mello (PL), inimigo figadal do ex-governador Carlos Moisés (PL), deve apontar que obras de asfaltamento financiadas pelo Plano 1000 (mil reais por habitante) lançado em dezembro de 2021 podem ter custado cinco vezes mais que o preço de mercado por metro quadrado.

 

Esperando o relatório

De olho nas suspeitas de Mello, levantadas recentemente ao explicar a paralisação do Plano, os deputados Ivan Naatz (PL) e Rodrigo Minotto (PDT), também desafetos de Moisés, organizam a papelada para pedir a instalação do que já chamam de “CPI do Asfalto”. Que joga Moisés de volta à cena política e tira um pouco o foco do governo, até agora apenas narrativo.

 

CURTAS

*A precariedade da maioria dos prédios ocupados pelo governo de Santa Catarina, exceto e com certeza, a residência oficial do governador, parece uma rotina com a qual todos se acostumam. Ou se obrigam a isso. O ano letivo começou com mais de 700 escolas ainda sem ar condicionado porque suas redes elétricas não suportam a instalação destes equipamentos.

*Salas de aula sem nem mesmo tomadas adequadas para que professores possam usar computadores e projetores para lousas digitais. São 3.759 unidades compradas no governo de Carlos Moisés (Republicanos) ao custo de R$ 28,8 milhões, empilhadas no depósito da Secretaria da Educação. E onde estão, também, pilhas de condicionadores de ar.

*Agora, são os hospitais mantidos pelo Estado em condições lastimáveis. Ainda não se tem um quadro total levantado, mas em Florianópolis não há exceção: Maternidade Carmela Dutra, Hospital Governador Celso Ramos, Hospital Infantil Joana de Gusmão, Hospital Regional de São José, Instituto de Psiquiatria de Santa Catarina e Hospital Santa Teresa.

*A situação é calamitosa- redes elétricas e hidráulicas obsoletas, goteiras, forros apodrecidos, pisos danificados, tanto que o governador Jorginho Mello (PL) decretou emergência. Salvo honrosas exceções, a saúde pública Brasil afora sempre foi e é assim. Pode até ser tudo muito bonitinho por fora, mas “lá dentro”, não! Feliz daquele que pode pagar do próprio bolso.

*Desconto de 14% sobre os vencimentos de servidores estaduais aposentados, gerado pela reforma previdenciária aprovada pela Assembleia Legislativa (29 votos contra 8) em agosto de 2021 é, de novo, tema de debates. Mas agora a Alesc discute projeto de lei que revoga o índice para quem recebe abaixo do teto do INSS, de R$ 7.087.

*Alguns deputados reeleitos aprovaram os 14%, inclusive o atual presidente da Alesc, Mauro de Nadal (MDB). A Fazenda alega que a isenção pretendida seria igual a R$ 1,1 bilhão/ano a menos para a Previdência, frente ao atual déficit anual de R$ 5,3 bilhões. Até junho de 2022, eram 62 mil aposentados e 11 mil pensionistas. Em fevereiro de 2023, havia 100.489 servidores na ativa. 

 

Dinheiro para prevenção

Acordo com o Banco Mundial permite que o Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul libere R$ 511 milhões para municípios de pequeno e médio portes do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul investirem na prevenção de fenômenos naturais extremos: inundações, alagamentos, deslizamentos de terras, entre outras ocorrências. Até porque, esperar por recursos federais e estaduais é acreditar que Papai Noel existe.

 

Ações por empréstimos

São empréstimos para projetos de mapeamento de áreas de risco, planos de contingência ou compra de sistemas e equipamentos. Passando pela análise técnica do Banco. O anúncio é do diretor financeiro do BRDE, Eduardo Pinho Moreira (MDB). Nomeado por Carlos Moisés (Republicanos), Moreira vai deixar o cargo. Assume a cadeira o ex-prefeito de Blumenau, João Paulo Kleinübing (União Brasil), indicado por Jorginho Mello (PL).

 

VIA BRASIL

*Há exatos noventa dias, por coincidência a partir da posse de Lula da Silva (PT), a “mídia verdade” nacional não fala mais em mortes de pessoas pela Covid 19 e suas variantes. Números do Ministério da Saúde (do atual governo) apontam para mais 1.500 mortes em 2023.

*O Senado aprovou requerimento do senador Sérgio Moro (União/PR) para desarquivar o projeto de lei que reativa a prisão em segunda instância. Foi o caso de Lula da Silva (PT. O projeto é de autoria do ex-senador Álvaro Dias (Podemos/PR), derrotado por Moro na eleição de 2022.

*Entre os 25 senadores signatários do requerimento de Moro estão Esperidião Amin (PP) e Jorge Seif (PL). Ivete Appel da Silveira (MDB) não assinou. Como também não assinou a CPI do Senado para apurar o quebra-quebra de 8 de janeiro em Brasília.

 *Depois de quatro anos à frente do Sebrae Nacional, o diretor-presidente Carlos Melles, nomeado por Jair Bolsonaro, renunciou ao mandato ontem (30). No mesmo dia em que o Conselho Deliberativo Nacional do Sebrae tinha agendado reunião para destitui-lo do cargo- o governo conseguiu 11 dos 15 votos possíveis. Assume Décio Lima (PT), compadre de Lula.

*A PEC número 25/22, da Confederação Nacional dos Municípios, prevê que a União repasse R$ 9 bilhões/ano para municípios e hospitais filantrópicos, por exemplo, pagarem o piso nacional da enfermagem. Mas ainda vai se passar bom tempo de bate-bocas. Na Câmara dos Deputados e Senado só há pressa quando há interesses (deles) está em jogo.

 

Com sangue nos olhos

A volta de Jair Bolsonaro (PL) ao Brasil na quinta-feira (30), depois de 90 dias nos Estados Unidos, era tudo o que a esquerda não queria neste momento, quando o governo completa três meses assentado em Brasília vivendo de narrativas. A estratégia do comando nacional do PL, se posta em prática, vai levar Bolsonaro país afora em visita a municípios, preferencialmente os de grande densidade eleitoral. Obrigando que lideranças petistas e outras siglas de esquerda deem respostas todo dia ao “capitão”. Bolsonaro, que deve assumir a presidência de honra do PL, não vai deixar por menos. Voltou com “sangue nos olhos”

 

Por

Nascido em Blumenau, 72 anos, 57 de profissão, incluindo passagens pelo rádio. E em jornais diários como A Notícia (Joinville), Jornal de Santa Catarina (Blumenau) e O Correio do Povo (Jaraguá do Sul)

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