Coluna: Política & Políticos – A máfia dos guinchos
Celso Machado comenta os principais acontecimentos da política catarinense
Deputado Egídio Ferrari (PTB/Blumenau), também delegado de polícia, anunciou que pretende investigar possíveis casos de cobranças abusivas por serviços de guinchos e diárias de pátios para onde são levados os veículos apreendidos em blitze. As taxas aplicadas por serviços, como a diária de um automóvel retido, devem seguir o que é determinado na legislação estadual (Detran). Neste caso, as diárias são de R$ 12,24, citou o deputado Ferrari.
Diárias x tabela
“Há municípios que cobram R$ 175 pela entrada do automóvel no pátio e vão somando as diárias: R$ 40 para carros, R$ 81 para caminhões ou ônibus. Ou seja, o valor cobrado é de três a seis vezes mais que a tabela do Detran, variando de cidade para cidade”, afirmou Ferrari. “Custa-me a acreditar que existe máfia de pátio, de guincho, em solo catarinense”, disse o deputado. Que, obviamente, não se reportou ao assunto baseado apenas em denúncias.
Em todo o país
Conteúdos em alta
As denúncias são recorrentes. O primeiro caso comprovado em SC foi levantado pelo então repórter do jornal “A Notícia” de Joinville, Marco Aurélio Braga. Em reportagens investigativas entre 1998 e 1999, seguidas de ameaças físicas a cada publicação. Mas a coisa se espalha pelo país. Só para citar exemplos de repercussão nacional: em 2011, 17 PMs foram presos em São Paulo e em junho de 2015, quatro oficiais da PM foram condenados em Vitória (ES) pelo mesmo motivo.
CURTAS
*Em âmbito de Brasil, o comércio varejista pressiona o governo e o Congresso na tentativa de melhorar a competição com empresas estrangeiras que passaram a atuar no mercado de vendas online no Brasil. Por exemplo, Shein, Shopee e AliExpress, que não pagam tributos. Estima-se uma evasão fiscal em torno de R$ 14 bilhões anuais.
*Em SC, o Plano de Ajuste Fiscal da secretaria estadual da Fazenda, com a assinatura do govenador Jorginho Mello (PL) e que será construído com representantes do comércio, deve apontar para tributos sobre as compras online. O retorno financeiro projetado nem é significativo, ao redor de R$ 50 milhões/ano. O dilema é, sobretudo e principalmente, político.
*Muitos prefeitos agoniados para saber que rumo Jorginho Mello (PL) dará ao Plano 1000 (mil reais por habitante) criado por Carlos Moisés (Republicanos). Alguns com obras em andamento. Outros esperando para começar obras e mais um tanto com obras paradas. Explica-se: em 2024 teremos eleição para prefeito. Sem dinheiro e sem obras prometidas, as urnas podem sepultar uma reeleição.
*Jorginho Mello (PL) já deu claros sinais de rejeição “à criança” parida por Moisés, mesmo assim bancou o “padrasto” na campanha, prometendo adotar a proposta. Questionado por deputados aliados e prefeitos que cabalaram votos para sua eleição, Mello garante que projetos regularizados vão seguir, porém, ainda não se sabe de onde virá o dinheiro.
*Há quem diga que a relutância de Mello se dá pelo fato de a ideia ter sido gerada em governo antagônico ao seu. E por isso, politicamente, não teria mérito, o que é bem próprio de políticos em cargos executivos. Ora, então que crie algo semelhante, com a sua marca. Exceto se acoplado a empréstimos. Aliás, já admitido por Mello para cumprir a promessa.
* “Governo federal reduziu em 60% a cota para a pesca artesanal da tainha, de 1.100 toneladas para 460. Isso vai dar uma encrenca no dia 1º de maio”. A data marca o início da pesca em SC. O alerta é do senador Esperidião Amin (PP). Na verdade, o ministro da Pesca e Agricultura, André de Paula, ignorava que o pescador artesanal captura tainhas “de passagem” pelo nosso litoral, com cardumes que chegam ao litoral paulista. Não se trata da pesca industrial destrutiva, com barcos que cercam os cardumes lá no Rio Grande do Sul.

Todos temos pressa
“Todo nosso time de secretários e lideranças está unido e seguindo o mesmo rumo: melhorar a vida do catarinense. As pessoas estão com expectativa alta e precisamos entregar excelentes resultados. Não gosto de governo morno e cobro resultados. Precisamos fazer entregas e Santa Catarina tem pressa”. Discurso do governador Jorginho Mello (PL) depois da primeira reunião do colegiado do governo. E bota pressa nisso, governador! Bota pressa nisso! Principalmente com as prioridades elencadas na campanha eleitoral e que são, não por coincidência, prioridades de todos.
VIA BRASIL
*Em entrevista à rede argentina C5N, o Papa Francisco disse que Luiz Inácio Lula da Silva (PT) foi condenado injustamente e que a ex-presidente Dilma Rousseff tem “mãos limpas” e é uma “mulher excelente”. O que sabe Francisco sobre isso além da narrativa da esquerda? O que leva Francisco a, repetidas vezes, defender Lula e Dilma? Pior de tudo é o silêncio de quem deveria questioná-lo.
*O Supremo Tribunal Federal está votando ação movida pelo PSL em 2017, que extingue trecho do Código Penal Militar, editado em outubro de 1969, quando o general Emílio Garrastazu Médici assumiu o terceiro governo militar do Brasil.
*O trecho questionado na ação proíbe críticas a superiores hierárquicos, resoluções de governo e a disciplina militar. O PSL alegou que isso fere o direito de liberdade de expressão. A punição em caso de descumprimento é de até um ano de detenção e a regra também vale para bombeiros e policiais militares.
*O ministro Dias Tófoli já deu voto favorável à pretensão da ação do PSL. Seria hilário ver o STF, que a tudo e a todos censura, aprovar, porque isso levaria a uma penca de ações do gênero já com ganho de causa. Os ministros do Supremo têm prazo até 12 de abril para concluir a votação, que não tem debates em plenário.
*Enquanto vive de narrativas sobre seu governo, Lula da Silva (PT) mandou seu assessor especial, Celso Amorim, à Rússia e à França, para conversar com interlocutores de Vladimir Putin e Emmanuel Macron. Sobre a Guerra na Ucrânia. Lula quer porque quer ser apontado como a “solução” para o conflito.

A prisão especial
Ministros do STF derrubaram a prisão especial para quem tem curso superior, mas mantendo exceções que incluem eles próprios. A regalia segue valendo para ministros de estado, senadores, deputados federais e estaduais, oficiais das Forças Armadas e militares estaduais, padres, pastores, rabinos e outros sacerdotes, ministros de tribunais de contas; delegados de polícia e guardas civis, magistrados, de ministros do STF (indicados pelo Presidente de plantão) até juízes de tribunais locais. Em tempo: A venda (nos olhos da estátua da Justiça) não significa que ela é “cega” e, sim, “imparcial”.
Celso Machado
Nascido em Blumenau, 72 anos, 57 de profissão, incluindo passagens pelo rádio. E em jornais diários como A Notícia (Joinville), Jornal de Santa Catarina (Blumenau) e O Correio do Povo (Jaraguá do Sul)