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Coluna: Valorize o seu trabalho

“Nós trocamos nosso trabalho por dinheiro e nosso dinheiro por algo que foi fruto do trabalho de outras pessoas”. […] não existem regras gerais em relação ao dinheiro que funcionem para todas as pessoas; coisas demais envolvem a relação das pessoas com o que fazem, com o que ganham, como gastam e como guardam.

13/05/2022

Por

Advogado, inscrito na OAB/SC 37.773. Pós-graduado em Direito Empresarial e Advocacia Societária. Escritor e Consultor de Finanças Pessoais.

O trecho que irei compartilhar abaixo está no livro: “Investindo sem erro”, dos autores em conjunto José Godoy, Luiz Gustavo Medina e Marco Antonio Gazel Junior.

Eis o trecho:

“´- Pierre, quando éramos crianças, eu e o Orfeu caçávamos passarinhos, o que até hoje me dá arrepios, tanto que atualmente contribuo com várias ONGs de preservação da nossa fauna. De qualquer forma, o primeiro grande ensinamento da minha vida, que até hoje sedimenta minhas palestras sobre finanças, aprendi naquela época. Em dada ocasião, enquanto atirávamos em um ninho de curiós, o proprietário do sítio vizinho se aproximou e nos fez uma proposta.

– E que proposta foi essa? [..]

– Primeiro ele nos perguntou se sabíamos o que existia antes do dinheiro e o que as pessoas faziam sem ele. Nos falou do escambo, da troca de mercadorias, até que chegou em uma definição que até hoje relembro: “Nós trocamos nosso trabalho por dinheiro e nosso dinheiro por algo que foi fruto do trabalho de outras pessoas”. Então ele nos propôs uma aposta: quem trouxesse mais passarinhos capturados – mortos ou vivos – vencia. Se perdêssemos, trocaríamos nosso trabalho de matar os passarinhos pelo dele, que era salvá-los. E, se ele perdesse, nos mostraria o local onde vários pardais faziam ninho.

– E vocês toparam a aposta?

– Claro, como toda criança, nos achávamos os maiores caçadores do mundo, e entendi naquele momento que estava aprendendo algo importante que usaria por toda a vida. Aquela aposta, que no fundo era uma troca entre o esforço de cada um de nós, me fez ver nos produtos consumidos o trabalho de outras pessoas e, com isso, valorizar o que consumo, como consumo, e, por fim, valorizar o meu próprio trabalho. Observar, em última análise, se a troca proposta – a do esforço do meu trabalho – é válida em relação ao produto que adquiro. […] Nós seguimos para um desfiladeiro próximo a um riacho e combinamos de nos encontrar uma hora depois com o resultado do nosso trabalho. Dito e feito. Em uma hora, não vimos um passarinho sequer, ao passo que o vizinho retornava com duas gaiolas repletas deles. Ele nos propôs o seguinte: a partir do dia seguinte, se o ajudássemos uma hora por dia a catalogar os pássaros da região, da maneira que ele fazia, colocando uma pequena argola de metal nas patas e devolvendo-os à natureza, ele nos pagaria por esse serviço. Só que não mais diretamente por meio da troca de outro serviço, e sim mediante a troca que todo o mundo fazia, em moedas, em dinheiro.

– Foi o seu primeiro salário?

– Foi. Pela primeira vez, entendi na prática essa troca de esforço por moeda. Aprendi também que alguns trabalhos são mais prazerosos de fazer, de que era melhor salvar do que matar pássaros, de que as pessoas o valorizavam mais, até pagando por ele. Mas o que aprendi mais nessa história foi a incrível perspicácia daquele homem. Alguns anos depois, conversando com meus tios que viviam na região, descobri que passarinho nenhum se aproximava daquele riacho, pois lá fazia ninho uma velha família de gaviões; foi tudo uma armação para pararmos de matar os pássaros da região. […] Do ponto de vista prático, para nós, perder, foi melhor do que ganhar, pois nada ganhávamos caçando e, de repente, estávamos ganhando para não caçar. Mas é o que eu digo, não existem regras gerais em relação ao dinheiro que funcionem para todas as pessoas; coisas demais envolvem a relação das pessoas com o que fazem, com o que ganham, como gastam e como guardam. […]”.

Desejo que faças uma reflexão sobre as palavras acima. Para mim, a mensagem deste trecho fiz questão de deixar grifada em negrito ao longo do texto. Valorize o seu trabalho. Sinta-se à vontade para entrar em contato através do e-mail: cmwatzko@hotmail.com. Também podes entrar em contato através do Whatsapp pelo número (47) 99614-6185, ou me procure nas redes sociais, no Instagram (@cristianomwatzko) e no Linkedin (Cristiano Mahfud Watzko). Até a próxima.

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