De bordar camisas à Copa do Mundo: a trajetória de Tampa, craque da Seleção de Futsal
Seleção, superação e estreia: Tampa mira título mundial inédito.
A trajetória da ala Tampa, da Seleção Brasileira de Futsal Feminino, representa muito mais que talento esportivo: é símbolo da resistência de uma geração que lutou para ser vista. Antes de estrear na primeira Copa do Mundo da FIFA para a modalidade, ela carrega cicatrizes e conquistas que ilustram o caminho percorrido até aqui.
Natural de Constantina (RS), Tampa começou a jogar com nove anos e aos 12 já competia com adultas. Ganhou o apelido por ser a menor do time, e, mesmo com tentativas de apagar o nome, ele ficou. Sua formação como atleta ganhou corpo no Female, de Chapecó, onde iniciou a carreira profissional. A cidade catarinense foi seu ponto de virada.
Quando a camisa precisava ser costurada à mão
As memórias de bastidores revelam um cenário de precariedade que acompanha o futsal feminino há décadas. Tampa lembra de jogos em que as atletas precisaram bordar seus próprios uniformes ou pintar números com canetão. “A maioria desse grupo está junto há 10 anos. Já fizemos de tudo para jogar”, conta.
Ela destaca a importância simbólica da Copa do Mundo: um momento sonhado por quem resistiu. “É um sonho coletivo. Temos um time forte e unido. Vamos dar tudo para fazer história.”
De Chapecó para a Europa: o salto internacional
A carreira internacional começou em 2017, quando Tampa foi jogar no Pescara, na Itália. Depois disso, passou por clubes como Ternana, TikiTaka Planet e Bitonto. Hoje defende o Roma, acumulando experiência em ligas mais estruturadas. “Saí porque acreditava que seria bom para mim. E foi”, afirma.
Mas a conexão com a família sempre foi sua base. O pai, que sonhou ser jogador, incentivou os filhos a seguirem no esporte. Tampa divide o sonho com os irmãos e com a esposa, que estavam ao seu lado quando a convocação foi anunciada. “Chorei. Para elas era certeza. Para mim, não.”
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Seleção, superação e a estreia do sonho
A convocação para a Seleção em 2014 aconteceu num momento de dúvida profissional. Tampa pensava em desistir. Mas o técnico Éder Popioski viu nela o que nem ela via mais. Desde então, a camisa amarela virou parte da sua identidade.
Agora, prestes a estrear na Copa contra o Irã, ela carrega a expectativa de um salto histórico para a modalidade. “Espero que as próximas gerações encontrem um cenário melhor. Já vivemos muita coisa. Essa Copa pode mudar tudo”, projeta.
Como isso impacta sua vida?
A história de Tampa inspira não apenas quem sonha com o esporte, mas também quem entende que representatividade e visibilidade importam. Cada passo dessa atleta mostra como a determinação de uma geração pode transformar uma modalidade inteira — e abrir portas para meninas que ainda estão dando seus primeiros chutes.