De Jaraguá para Luxemburgo: mudança com destino ao um recomeço no velho continente

Tem gente que muda de carreira, de estilo ou de playlist. Daniela Maçaneiro mudou de país. Em 2017, ela deixou Jaraguá do Sul rumo a Luxemburgo – aquele país minúsculo, cravado no coração da Europa, que parece cenário de filme medieval, mas com qualidade de vida digna de ranking internacional. A decisão foi corajosa, planejada e acompanhada daquele friozinho na barriga que aparece sempre que a gente se joga num novo capítulo.
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Tudo começou em 2015, quando Daniela descobriu que sua família tinha raízes luxemburguesas. Logo, então, ela iniciou o processo de recuperação da cidadania, algo que o próprio governo do país passou a incentivar como forma de rejuvenescer sua população. Com passaporte europeu em mãos e muitos questionamentos na cabeça, ela tomou a decisão que mudaria sua trajetória. “Não foi impulso. Foi um passo consciente, construído aos poucos”, relembra.

Ao chegar em Luxemburgo, encontrou um ritmo de vida bem diferente do que estava acostumada. Lá, o transporte funciona de graça e no horário, a natureza se mistura com o urbano e a vida menos corrida. Foi nesse equilíbrio que ela se encontrou. “Tudo aqui funciona sem pressa, mas funciona”, diz, como quem descobriu uma lógica que respeita o tempo das coisas (e das pessoas).

Uma rotina que fala vários idiomas
Luxemburgo pode ser pequeno, mas conversa com o mundo inteiro. Com três idiomas oficiais – francês, alemão e luxemburguês – e um ambiente altamente multicultural, viver lá é um exercício diário de adaptação. Daniela, que hoje trabalha em um banco, convive com colegas de várias nacionalidades e transita entre idiomas com naturalidade.
“No trabalho uso inglês, mas o francês e o alemão ajudam muito”, conta. E avisa: quem pensa em tentar a sorte no país precisa se preparar. Dominar línguas, entender as regras e, se possível, já chegar com uma proposta de emprego são pontos-chave para que tudo corra bem.

Mas nem só de trabalho vive a Daniela. Viver fora também virou uma oportunidade de se redescobrir. Ela passou a frequentar feiras locais, se apaixonou pelo Gromperekichelcher (um bolinho de batata que ela define como “viciante”) e viu na tradicional Schueberfouer – uma feira popular que reúne comidas, cores e culturas – um reflexo da convivência respeitosa entre moradores e imigrantes.
A saudade do Brasil, claro, existe. Mas ela a ameniza do seu jeito: cozinha feijão, ouve música brasileira e mantém vivas tradições como Festa Junina e Natal em família (mesmo que por chamada de vídeo).
Entre o pertencimento e a saudade que ensina
Apesar da distância, Jaraguá do Sul nunca deixou de fazer parte da rotina. “Tem dias que a saudade vem forte”, admite. Mas com o tempo, ela aprendeu a criar pontes. Descobriu novos laços, novos gostos e, principalmente, um novo olhar sobre si mesma. Se no começo ainda existia a dúvida sobre voltar, hoje a resposta é mais clara: Luxemburgo virou casa. “Nunca digo nunca, mas por enquanto é aqui que quero estar”, afirma com tranquilidade.

E para quem sonha em recomeçar em outro lugar, o conselho é direto: planejamento, preparo emocional e menos cobrança. “Morar fora é transformador, mas também exige resiliência. Eu teria estudado mais francês e me cobrado menos nos primeiros meses. Tudo tem seu tempo”, diz.
Quer saber mais sobre a trajetória de Daniela Maçaneiro no velho continente? Leia a matéria com mais detalhes no nosso vizinho JDV: Os desafios e alegrias de quem decidiu recomeçar a vida em Luxemburgo.
Como isso impacta sua vida?
A história da Daniela mostra que às vezes a vontade de mudar vem antes de qualquer explicação. E tá tudo bem. Recomeçar é, muitas vezes, uma resposta silenciosa a uma pergunta que a gente nem sabia que estava fazendo. E o mais bonito é perceber que, mesmo quando a gente vai longe, existem raízes que continuam firmes. Porque no fim das contas, não importa o CEP: o que carrega a gente são as memórias, os afetos, e a coragem de se reinventar.
Gabriela Bubniak
Jaraguaense de alma inquieta e jornalista apaixonada por contar boas histórias. Tenho fascínio por livros, música e viagens, mas o que me move é viver a energia de um bom futsal na Arena e explorar o que há de melhor na nossa terrinha.