Cotidiano | 08/07/2025 | Atualizado em: 08/07/25 ás 10:44

Demolição do Portal de Jaraguá marca fim de era no comércio local; veja fotos!

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Demolição do Portal de Jaraguá marca fim de era no comércio local; veja fotos!

Imagem: Reprodução/Google Street View

Durante décadas, era impossível passar pela divisa entre Jaraguá do Sul e Guaramirim sem notar o Portal de Jaraguá e sua imponente construção de aparência enxaimel azul e branca que se estendia lateralmente pelas margens da BR-280.

Para quem vinha de fora, aquele prédio era quase como um cartão de visitas. Para quem morava aqui, era um símbolo. E para quem trabalhou ali, era o centro de uma era em que ali a cidade respirava malha e prosperidade.

Restos do Portal de Jaraguá ou Shopping da Malha sendo demolido, com entulho espalhado e escadaria ainda de pé.
Fotos: Larissa Hofelmann

O Portal de Jaraguá — ou, como muitos ainda chamam, o “shopping da malha” — foi durante muitos anos o endereço mais movimentado da moda popular da região. E não era só para comprar roupa: havia restaurante, feira, excursão, sacoleiro, história.

Agora, com o início das obras de demolição na semana passada, o fim se torna real. O prédio está sendo desmontado pedaço por pedaço, numa despedida silenciosa que mexe com a memória de toda uma geração.

Mas antes que o último tijolo caia, vale revisitar o que esse espaço representou para Jaraguá do Sul — e por que, mesmo em ruínas, ele continua dizendo muito sobre quem somos. Segundo Claudete Werlang, que nos acompanha pelas redes sociais e deixou um comentário na publicação da reportagem de vídeo pelo Instagram, “boas lembranças, bons tempos. Ficará na memória de todo jaraguaense”.

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Uma publicação compartilhada por Jornal do Vale (@jdvonline)

Portal de Jaraguá: um sonho de malha

Inaugurado em 1985, o Portal de Jaraguá foi idealizado por Osmar Vailatti, empresário e entusiasta da força produtiva da região. Naquela época, Jaraguá já era conhecida como a “Capital Catarinense da Malha”, com fábricas como Malwee, Marisol e Elian puxando uma cadeia têxtil robusta, empregando milhares de pessoas e colocando a cidade no mapa nacional do vestuário.

A ideia de Vailatti era simples e ousada: reunir num só lugar diversas malharias da cidade e transformá-las num centro de compras voltado principalmente ao atacado. A fórmula funcionou. Ônibus lotados de compradores do Paraná, Rio Grande do Sul, São Paulo e até do Centro-Oeste passavam ali semanalmente. Era comum ver sacoleiros saindo com pilhas de sacolas e comerciantes locais fazendo estoque direto de fábrica.

Mais que um centro de compras

O prédio foi se moldando ao tempo. No auge, chegou a abrigar mais de 30 lojas de moda, além de restaurante, espaço para as crianças e estacionamento para ônibus. 

Pinturas coloridas de personagens infantis como Mickey e Pateta em parede desgastada de sala abandonada.
Fotos: Larissa Hofelmann

Além disso, a cada julho, a tradicional Feira da Malha movimentava a cidade. Em 2009, por exemplo, a 11ª edição envolveu 31 lojas com descontos que chegavam a 50%. Era o evento mais esperado do ano para quem queria renovar o guarda-roupa de inverno — e fazer boas compras direto da fonte.

Para Tania Mari Nonnemmacher, que também deixou seu recado em nossa publicação do Instagram, “memórias lindas desse local. Até mesmo as famílias com mais dificuldades, como a minha, tiveram oportunidades de encontrar produtos bons e por um preço acessível. Dói no coração vê-lo hoje assim, assim como doeu o fechamento dele. Que esse espaço seja abençoado e encontre um propósito bom”.

A curva das mudanças no Portal de Jaraguá

Com o passar dos anos, o cenário começou a mudar. A abertura do mercado para produtos importados, o crescimento dos shoppings centers e, mais recentemente, o avanço do e-commerce, foram fatores que esvaziaram o brilho dos polos de compras físicos. E o que antes era motivo de orgulho passou a conviver com a nostalgia.

Entre 2010 e 2015, o número de lojas foi diminuindo. Algumas malharias migraram para novos pontos da cidade, outras encerraram as atividades. O restaurante fechou. O estacionamento ficou vazio. Aos poucos, o Portal virou sombra do que já foi.

De símbolo à poeira

Agora é oficial: enfim o Portal de Jaraguá está sendo demolido. O trabalho começou discretamente, sem alarde, mas logo os moradores perceberam o vai e vem de máquinas e caçambas. 

A estrutura ainda preservava a aparência enxaimel que marcava a identidade germânica da região, mas já estava sem uso havia anos. Os acessos estavam fechados, as vitrines vazias e o pátio coberto de poeira. O prédio, mesmo sem função, continuava impondo presença — agora, se despede de vez.

Fachada do antigo prédio Portal de Jaraguá, popularmente chamado de shopping da malha, em imagem do Google Street View
Imagem: Reprodução/Google Street View

A área, com mais de 20 mil metros quadrados, está oficialmente à venda. O futuro ainda é incerto: pode virar espaço logístico, empreendimento habitacional, parque industrial, ou simplesmente mais um terreno ocioso à espera de destino.

Memória que resiste

Mesmo com o fim das operações e o avanço das escavadeiras, o legado do Portal de Jaraguá continua vivo nas memórias da comunidade. Para muitos, ele representa uma época de ouro do setor têxtil: “cresci neste local! Minha mãe tinha loja ali… Foi um tempo feliz e abençoado! Ficará na história e na memória”, garantiu Cristiana Poltronieri Ziehlsdorff pelas redes sociais.

Como isso impacta sua vida?

O prédio foi um grande projeto. Um espaço de trabalho, de sonho e de sustento para centenas de famílias. Um ponto de referência para turistas e comerciantes. Um exemplo de como uma ideia pode transformar a economia de uma cidade. Se hoje ele deixa de existir fisicamente, sua história continua presente na memória da cidade — como parte do que Jaraguá do Sul já foi e ainda representa.

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