Fake news sobre Faustão afetam doações de órgãos em Jaraguá do Sul
Boatos sobre transplantes do apresentador geram desconfiança e podem reduzir número de doadores na cidade
A repercussão nacional dos transplantes do apresentador Fausto Silva, o Faustão, reacendeu um problema sério no Brasil: a desinformação sobre o sistema de doação de órgãos. Nas redes sociais, comentários sugerindo que o comunicador teria “furado a fila” se espalharam rapidamente, mesmo após o Ministério da Saúde esclarecer que o procedimento seguiu todos os critérios técnicos.
Em Jaraguá do Sul, o tema preocupa especialistas. O Dr. Gustavo Polesso Noal, cirurgião da equipe de transplante do Hospital São José, alerta que esse tipo de boato pode desestimular famílias a autorizarem a doação.
“Cada vez que uma informação falsa circula, ela mina a confiança no sistema. E sem confiança, muitas famílias dizem não. Isso resulta em menos doações e mais vidas perdidas”, afirma o médico.
Não existe privilégio na fila
O médico explica que o Brasil possui um dos sistemas de transplante mais rigorosos do mundo, regulado pelo SUS e auditado constantemente.
“Não há como alguém ‘passar na frente’ só por ser famoso ou ter dinheiro. A seleção do receptor leva em conta critérios como gravidade do quadro, compatibilidade sanguínea e fatores técnicos. No caso do Faustão, o transplante era prioridade por ele já ter sido transplantado. Toda pessoa já transplantada tem prioridade caso necessite um outro transplante”, diz Dr. Gustavo.
Ele reforça que a fila não é definida apenas pela ordem de inscrição. “Se um paciente corre risco iminente de morte, ele passa a ter prioridade, seja ele quem for. É assim que salvamos mais vidas.”
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O impacto local das fake news
Segundo Dr. Gustavo, Jaraguá do Sul, como outras cidades do país, depende do “sim” das famílias para que a doação aconteça. “Mesmo com alta taxa de aceitação da ideia de doar, muita gente ainda não conversa com a família sobre isso. Quando a notícia falsa espalha desconfiança, a tendência é a negativa aumentar. É um efeito direto”, explica.
Ele destaca que, em Santa Catarina, a logística de captação e distribuição de órgãos é centralizada pela SC Transplantes, sem contato direto entre as equipes de diagnóstico e as de transplante. “Essa separação garante transparência total no processo.”

Confiar no sistema salva vidas
Dr. Gustavo faz um apelo para que a população busque informações em fontes confiáveis.
“O caso Faustão ganhou repercussão porque ele é uma figura pública. Mas para cada famoso, existem milhares de pacientes comuns que dependem dessa rede para viver. É por eles que precisamos proteger a verdade e combater a desinformação.”
Como isso impacta sua vida?
Quando a confiança no sistema de doação é abalada, menos famílias autorizam a retirada de órgãos, e mais pacientes morrem na fila. Em Jaraguá do Sul, cada doação pode salvar várias vidas. Informar-se e conversar com a família sobre o desejo de doar é uma decisão simples que pode mudar esse cenário.
Max Pires
Já criei blog, portal, startup… e agora voltei pro que mais gosto: contar histórias que fazem sentido pra quem vive aqui. Entre um café e um latido dos meus cachorros, tô sempre de olho no que importa pra nossa cidade.