Queda nos pedidos dos EUA já afeta SC antes da tarifa entrar em vigor
Foto: Divulgação/Portonave
Mesmo antes da nova tarifa de 50% anunciada pelos Estados Unidos entrar em vigor, as exportadoras de Santa Catarina já estão sentindo os impactos diretos da medida. Uma pesquisa realizada pela FIESC (Federação das Indústrias do Estado de Santa Catarina) revelou que 69,23% das indústrias exportadoras consultadas registraram queda no volume de pedidos de clientes norte-americanos.
Quer entender mais a fundo os impactos e as propostas?
A FIESC apresentou os resultados completos da pesquisa em uma transmissão especial com dados inéditos sobre os setores e regiões mais afetados, incluindo sugestões concretas para enfrentar o tarifaço. Assista abaixo à apresentação na íntegra e veja como Santa Catarina está se articulando frente ao cenário internacional.
Pedidos suspensos, renegociações e férias coletivas
Embora o decreto que detalha a nova tarifa tenha sido publicado apenas recentemente e entre em vigor na próxima quarta-feira (6), os reflexos já estão sendo sentidos desde o anúncio da medida, feito em 9 de junho. Mais da metade das empresas (53,84%) foram obrigadas a suspender embarques. Em 38,46% dos casos, houve solicitação de renegociação de preços por parte dos clientes norte-americanos. E 17,7% das indústrias decidiram conceder férias coletivas aos trabalhadores.
Cenário de perdas financeiras e risco de desemprego
A pesquisa também aponta que 93,8% das exportadoras projetam queda na receita, sendo que 51,2% estimam perdas superiores a 30% no faturamento. Em termos de emprego, 72,1% das indústrias consultadas prevêm a necessidade de demissões nos próximos seis meses, caso a tarifa seja mantida nos patamares atuais. Apenas 27,9% disseram não prever cortes. Entre as demais, 29,5% devem reduzir em mais de 30% o quadro de pessoal, 22,5% entre 10% e 20%, e 21,7% até 10%.
Setores mais atingidos e exclusões limitadas
Os principais produtos da pauta exportadora catarinense para os Estados Unidos, como madeira e derivados (incluindo móveis), estão fora da lista de isenção e seguem sob investigação pela seção 232. Enquanto isso, o setor de veículos e autopeças permanece com tarifa fixada em 25%, igual para todos os países. A presidente da Câmara de Comércio Exterior da FIESC, Maria Teresa Bustamante, destaca que a avaliação de impacto deve ser feita caso a caso, devido à complexidade da lista de exceções.



Reação empresarial e busca por alternativas
Apesar do cenário adverso, 61,4% das empresas já estão prospectando novos mercados internacionais como estratégia para reduzir a exposição à dependência do mercado norte-americano. A FIESC, por sua vez, já se reuniu com o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, Geraldo Alckmin, além de articular com o governo de Santa Catarina para sugerir medidas de mitigação dos impactos.
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Como isso impacta sua vida?
O Vale do Itapocu, onde estão concentradas diversas indústrias exportadoras, pode ser diretamente afetado pelo tarifaço norte-americano. Com previsão de demissões em larga escala e perdas expressivas de receita, a população local enfrenta o risco de retração econômica, diminuição de investimentos e aumento da insegurança no mercado de trabalho. A mobilização de entidades e governos é essencial para proteger empregos e manter a atividade industrial na região.
Max Pires
Já criei blog, portal, startup… e agora voltei pro que mais gosto: contar histórias que fazem sentido pra quem vive aqui. Entre um café e um latido dos meus cachorros, tô sempre de olho no que importa pra nossa cidade.