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Coluna: Heróis de verdade e de mentira

Muitas vezes, líderes de atuação controversa e figuras históricas duvidosas são equivocadamente colocados no patamar de “grandes homens”, recebem estátuas, nomes de cidades, de ruas…

13/09/2020

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Sônia Pillon é jornalista e escritora, formada em Jornalismo pela PUC-RS e pós-graduada em Produção de Texto e Gramática pela Univille. Integra a AJEB Santa Catarina. Fundadora da ALBSC Jaraguá do Sul.

Por Sônia Pillon

A definição para a palavra “herói” não é a mesma para todos. A interpretação é subjetiva e depende do lado em que se está. É comum associarmos uma figura heróica a um personagem do cinema norte-americano, que historicamente supervaloriza os feitos de seus cidadãos, já que os transforma em mitos e vende a imagem de “bom mocismo” para além de suas fronteiras.

Governantes e generais de atuação controversa, figuras históricas duvidosas, responsáveis por batalhas sangrentas, massacres e perseguições contra minorias étnicas, como indígenas e negros, são equivocadamente colocados no patamar de “grandes homens”. 

Muitos receberam estátuas, nomes de cidades, de ruas, com biografias maquiadas, que falam de bravura e do quanto foram implacáveis com os inimigos… Ou seriam sanguinários perversos? Isso sem falar na intolerância religiosa, com seus líderes extremistas, que cometem crimes contra a humanidade. Radicais de direita ou de esquerda são sempre radicais, mas, mesmo assim há os que os enxergam como exemplos a serem seguidos.

E os super-heróis, então? Com poderes especiais, vestem roupas colantes, capas esvoaçantes, máscaras, sempre prontos para salvar o planeta. Valorizamos heróis dos quadrinhos e “enlatados”, mas nem sempre reconhecemos quem realmente merece ser enaltecido. 

Durante a II Guerra Mundial, pracinhas brasileiros foram combater na Itália, sob condições duríssimas. Embarcaram como aliados, e, mesmo jovens, com treinamento militar relâmpago e sem nenhuma experiência, em sua maioria, contribuíram de forma decisiva no combate aos nazistas. Ao encontrarem a população italiana passando fome, muitos dividiam o pouco que tinham. Por esse gesto e por lutarem pelo fim da opressão, são vistos como libertadores pelos italianos. Merecidamente, lá, são tratados com todas as honras.

E no Brasil, como são vistos esses ex-combatentes corajosos e solidários, tão reconhecidos lá fora? Por aqui, as homenagens ficam restritas a cerimônias militares e atos cívicos, com inexpressiva participação e pouco reconhecimento popular. Em minha atuação como jornalista, inúmeras vezes tive o privilégio de conhecer ex- pracinhas e ouvir seus relatos emocionantes. Porém, constato que há os que questionam seu heroísmo. Triste é a nação que não valoriza seus verdadeiros heróis.

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