Hoje, não vou fazer amor.

Hoje, não vou fazer amor.
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Hoje, não vou fazer amor.
Não, essa crônica não é uma simples exposição da minha vida particular. A frase acima é uma constatação.
Provavelmente, hoje, não conseguirei jantar, talvez eu nem queira – e não se trata de dieta.
Também não faço parte da turma dos solteiros convictos, aquela que posta “O dia é dos namorados, mas a noite é dos solteiros”. Não sou solteiro, tampouco avulso.
Não sou daqueles que gostam de remar contra a maioria: “Se todo mundo vai sair para jantar, vou ficar em casa”.
Me explico: ao longo do meu relacionamento CIS, hétero, monogâmico, de mais de dez anos, não lembro se estive disponível, em Jaras, para um jantar a dois, num 12/06. As obrigações do meu trabalho sempre me jogaram para algum lugar. Hoje à noite, estarei num voo, no interior do Maranhão.
Já passei dois dias dos namorados seguidos com meu colega, o J. Num deles, na hora do almoço, só mesas para dois. Acho que muitos anteciparam o evento, do jantar para o almoço por conta de falta de espaço para reservas no restaurante, e nós que estávamos a trabalho, ali em Joinville, de uniforme, só queríamos almoçar. Pelo menos, conseguimos uma mesa num canto, com flores ao centro e tocando Ritchie, no som ambiente. Ao final, o atendente perguntou se os pratos estavam bons e se um tinha experimentado o do outro.
Já passei a véspera do dia de Santo Antônio, com os comparsas: M. e O. Estávamos no interior de Goiás e nos dirigimos ao único restaurante aberto na cidade. Fizemos vistas grossas a decoração cheia de balões de corações vermelhos e às mesas bem-organizadas, cada uma com sua foto de casal, ao centro. Chegamos cedo, sabíamos que era um desafio. Conforme fomos subindo a rampa, o garçom, assim que nos viu, veio na nossa direção, acenando negativamente com as mãos. Tentamos argumentar. Sem êxito. Comemos num posto de combustíveis. Como dizia Ariano Suassuna: “Tudo que é ruim de passar, é bom de contar”.
Não precisa ser especialista em economia para saber que o movimento nos restaurantes e nos motéis é quase maior que 100% nesta data, desde 1948, quando o dia passou a ser comemorado para movimentar o mês de junho, que era muito fraco para o comércio.
De lá pra cá, muita coisa mudou. Inclusive as formas e principalmente a definição de namoro, assim descrita na Enciclopédia de Moral e Civismo, distribuída pelo MEC (governo), em 1964:
Namoro: é a corrente de simpatia entre duas pessoas de sexo diferente, conduzindo à busca de convívio social mais frequente e à descoberta de afinidades, que muitas vezes, propiciam o aparecer do amor-sentimento”.
Tem muita coisa que ainda precisa evoluir. Por exemplo, com relação a sequência comercial e as filas que o casal vai enfrentar. Me parece mais inteligente ir ao motel primeiro e ao jantar depois. Vai ser muito melhor. E nem precisa ser somente no concorrido Dia dos Namorados… No próximo sábado, pretendo levar meu par para jantar.