Cotidiano | 31/07/2025 | Atualizado em: 31/07/25 ás 13:28

Amor de três patas: a história de coragem da pequena Luna

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Amor de três patas: a história de coragem da pequena Luna

Foto: Arquivo pessoal/Leticia Belarmino

“Ela estava ali, encolhidinha no meio do macadame, chorando muito debaixo de uma chuva forte. Meu marido ligou dizendo que tinha encontrado uma cadelinha no acostamento da BR. Naquela hora, a gente não sabia, mas nossas vidas estavam prestes a mudar.”

Foi no dia 8 de junho de 2018 que Luna entrou na vida da família de Leticia Fernanda Belarmino Cândido e Thiago Odorizzi, de Jaraguá do Sul. Leticia lembra bem da angústia do momento em que seu marido, junto com o tio, resgatou a pequena vira-latinha e a colocou em um local coberto, ligando em seguida para uma clínica veterinária.

A equipe prontamente buscou a cachorrinha, mas, depois disso, o silêncio. Durante uma semana, a família não teve notícias do estado de saúde da peludinha, até que decidiu ir atrás de informações.

A resposta foi um baque: por conta de um acidente grave – possivelmente atropelamento – uma das patinhas dianteiras precisou ser amputada. Ela tinha só sete meses, nascida por volta de setembro de 2017, e começava a vida enfrentando a dor e a superação.

Cachorra preta em repouso com cicatriz visível após amputação
Foto: Arquivo pessoal/Leticia Belarmino

Mas mesmo com essa notícia dura, o coração de Thiago falou mais alto. “Ele chegou em casa e disse que sentia, lá no fundo, que ela devia ser nossa”, conta Leticia. No dia 16 de junho daquele ano, eles voltaram à clínica para buscá-la. E, desde então, nunca mais se separaram da sua princesa Luna.

No início, Leticia confessa, o medo tomou conta. “Tive muitas noites em claro, preocupada se seríamos capazes de cuidar de um cão com deficiência. Mas logo vimos que sim, nada a impedia de ser uma cachorrinha feliz, que brinca e corre normalmente. Já no primeiro dia, ela até roubou comida da mesa (risos)!”

>> Leia também: Quem é o cãozinho que “invadiu” missa e deitou na cadeira do padre em Jaraguá do Sul?

Três patinhas e muita determinação

Cachorrinha preta de três patas sorrindo sobre a grama
Foto: Arquivo pessoal/Leticia Belarmino

Com o tempo, Luna mostrou não só que podia viver bem com três patinhas, como podia correr mais rápido que o próprio medo. Hoje, aos 7 anos e 7 meses, ela é pura energia e alegria. Vive com Leticia, Thiago e mais duas cachorrinhas, mãe e filha, que também foram adotadas. A convivência é harmoniosa, mesmo que, de vez em quando, role um ciúme saudável. Luna, sempre gentil, respeita os limites das companheiras de matilha.

Leticia conta que a rotina da Luna é cheia de pequenas alegrias: come ração específica para cães acima de 7 anos, adora frutas e legumes (especialmente melancia, cenoura e pepino japonês) e tem uma paixão especial por brinquedos que fazem barulho.

O favorito? Um macaquinho pernudo que ganhou da “tia Lilian”. “Ela corre com ele na boca chamando a gente pra pegar… E quem disse que conseguimos? Ela é muito rápida! Mais um motivo pra nunca duvidar da capacidade de um cão amputado.”

Cachorrinha preta deitada abraçada a brinquedo de pelúcia amarela
Foto: Arquivo pessoal/Leticia Belarmino

A recuperação da Luna, no entanto, não foi simples. Nos primeiros meses, ela se desequilibrava com frequência. “Acho que ela esquecia que não tinha a patinha, queria desbravar, se desafiar. Caía muito. Levou uns dois meses para reencontrar o equilíbrio”, lembra a tutora.

O trauma do acidente também deixou marcas: até hoje, certos barulhos e situações ainda provocam medo. Mas, mesmo assim, Luna encontrou coragem para ser a guardiã da casa. “Ela protege o terreno como ninguém. Sobe de ‘amorosa’ para ‘protetora nível 100’ em segundos”, brinca Leticia.

Com o tempo, os cuidados com a saúde exigem atenção especial: a veterinária, Dra. Nicole, vive alertando a família por conta do peso da Luna, já que a ausência da patinha pode gerar sobrecarga em outras articulações. Fora isso, a vida segue com leveza, amor e muitos momentos engraçados.

Sete anos de muito amor e alegrias

Tutora deitada rodeada por três cachorros de estimação
Foto: Arquivo pessoal/Leticia Belarmino

Quando reflete sobre esses sete anos com a Luna, Leticia fala com emoção. “Adotar um animal com deficiência não só é possível, como transforma vidas. Os traumas dela demoraram a se amenizar, mas conseguimos. Foi a melhor escolha que poderíamos ter feito. A Luna nos mostrou que é capaz de tudo e completou nossa família. É a cachorrinha mais doce que poderia existir.”

Hoje, Leticia é uma grande defensora da adoção. “Sempre achei essencial. Uma vida sem um cão não é uma vida. Eles nos trazem uma leveza que nenhum remédio dá. Nos dias mais cansativos e tristes, o rabinho abanando já faz a gente esquecer tudo o que incomodou. Colocamos os pés dentro de casa e viramos uma pessoa nova.”

E deixa um recado forte para quem pensa em adotar um animal especial: “Adotar um animal com deficiência não é ter pena. É ter coragem de amar além dos limites. Como sempre digo: ‘Se Deus fez, devemos amar e respeitar’.”

Quer adotar um amigo? Veja os pets disponíveis para adoção em Jaraguá do Sul!

Luna é mais um dos protagonistas da série “Meu Cachorro Tem História”, produzida em Jaraguá do Sul com apoio de tutores, ONGs e protetores independentes. Todo mês trazemos aqui provas de que trás de cada adoção, há duas vidas que se reinventam: a do cão e a da pessoa que decide acolher.

Conheça outras histórias de cãezinhos que conquistaram corações na região:

Ajude as ONGs e grupos de proteção animal a continuarem o excelente trabalho de proteção e acolhimento em Jaraguá do Sul e região. Você pode colaborar de várias formas:

  • Ajapra (Associação Jaraguaense Protetora dos Animais): doações via Pix – CNPJ: 07.532.982/0001-01, doação de ração, fraldas, remédios e outros itens (confira as necessidades da ONG no Instagram: @ajapra_oficial);
  • Gang dos Patinhas: doação via Pix – 8pix.gang@gmail.com. Saiba mais sobre a instituição pelo Instagram: @gangdospatinhas
  • Focinhos Carentes: entre em contato e saiba mais pelo Instagram: @focinhoscarentes_poreles
  • Bigodes e Ronrons: doação via Pix – grupobigodeseronrons@gmail.com. Saiba mais sobre a instituição pelo Instagram: @bigodeseronrons

Você também pode ajudar protetoras de animais independentes. Conheça algumas delas:

Conhece outra alguma ONG da região? Escreva para redacao@nascecom.com.br e compartilhe conosco mais projetos incríveis dedicados à proteção e acolhimento de animais.

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Max Pires

Já criei blog, portal, startup… e agora voltei pro que mais gosto: contar histórias que fazem sentido pra quem vive aqui. Entre um café e um latido dos meus cachorros, tô sempre de olho no que importa pra nossa cidade.

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