Maior sambaqui do mundo fica em SC e guarda segredos milenares; saiba mais!
Foto: Divulgação/Portal de Turismo de Jaguaruna
No litoral Sul de Santa Catarina, mais precisamente em Jaguaruna, está localizado o maior sambaqui do mundo. O local é considerado um dos patrimônios arqueológicos mais importantes do país, revelando mistérios sobre os povos ancestrais que habitaram a região há milhares de anos.
Sambaquis são formações originadas pelo acúmulo de conchas, ossos, restos de alimentos e utensílios, feitos por comunidades pré-históricas. Em tupi-guarani, “tamba” significa conchas e “ki”, monte. Esses montes guardam registros valiosos sobre os hábitos, crenças e modos de vida de povos que viveram entre 7 mil e 2 mil anos antes de Cristo.
Vestígios de uma civilização milenar
Em Jaguaruna, 53 sítios arqueológicos já foram identificados, com mais de 30 sambaquis catalogados oficialmente. Entre eles está o maior do mundo, localizado no Balneário Garopaba do Sul, com impressionantes 31 metros de altura e 300 metros de comprimento.

Esses montes revelam que os sambaquieiros viviam de forma organizada, com divisão de tarefas e uma dieta variada. Alimentavam-se de peixes como robalo e tainha, além de ostras, mariscos, aves e mamíferos. Produziam ferramentas de pedra e osso, como anzóis, lanças e raspadores, adaptando-se ao ambiente para sobreviver.
Além do aspecto cotidiano, os sambaquis também tinham função espiritual. Muitos serviam como cemitérios, com rituais de sepultamento que incluíam oferendas e corantes. O caso mais conhecido é o do sambaqui Jaboticabeira 2, também em Jaguaruna, onde se estima que mais de 40 mil corpos tenham sido enterrados ao longo de 800 anos.
Em 2003, um estudo conduzido pelos arqueólogos Maria Dulce Gaspar e Paulo DeBlasis, revelou que os corpos eram depositados em posição fetal, tingidos com pigmento vermelho e cercados por ossos de peixe e estacas. Esses achados revelam uma cultura complexa, com forte sentido de espiritualidade.
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Patrimônio ameaçado, mas ainda acessível
Apesar de seu valor histórico, parte do maior sambaqui do mundo foi destruída por atividades industriais nas décadas passadas. Hoje, a visitação ao local ainda é possível e de forma gratuita, mediante agendamento com o Museu Cidade de Jaguaruna, que também coordena o projeto “Museu no Percurso da História do Homem do Sambaqui”.
A preservação é responsabilidade da prefeitura e do setor ambiental, mas há preocupação com vândalos e a falta de consciência sobre a importância do local. Ainda assim, o sambaqui permanece como um símbolo de resistência e memória.

Como isso impacta sua vida?
Saber que Santa Catarina abriga o maior sambaqui do mundo é uma oportunidade de valorizar o patrimônio cultural, fomentar o turismo histórico e promover a educação sobre as origens dos povos que habitavam a região. Para moradores do Estado, é um lembrete de que a história do Brasil começa muito antes da colonização.
Maria Eduarda Günther
Jornalista em formação na FURB, nascida em Jaraguá. Cresci entre filmes, livros e peças teatrais. Após criar conteúdo para redes socias sobre Formula 1 e esportes descobri a paixão por jornalismo e a área de comunicação. Nunca perco a oportunidade de conhecer novos lugares e novas histórias por ai.