[COLUNISTA] Da Olivetti ao pseudônimo feminino: as credenciais que ninguém pediu (mas aqui estão)
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O escritor Mario Quintana dizia: “Antes, ser poeta era um agravante, depois passou a ser um atenuante e, hoje, é uma credencial”. Sempre que inicio um trabalho, costumo apresentar as minhas. Comecei aos 17 anos, levando à recepção do jornal Diário Popular RS, uma folha datilografada na Olivetti e entregando ao editor, um texto que sugeria uma mudança no trânsito. Fiz a conta: levando em mãos, ficava mais barata a passagem de ônibus do que comprar um envelope e um selo. Passei a colaborar com alguma frequência, ocupando as colunas de opinião.
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Quando mudei para Jaraguá do Sul, tentei seguir com o meu “hobby”, porém, embora enviasse os textos, eles não eram publicados. Fiz uma análise nos vários jornais impressos da cidade e percebi que não havia colunistas mulheres.
Tracei o plano perfeito. Criaria um pseudônimo feminino: Morgana. A escolha não seria aleatória. Era o nome de batismo, planejado para mim. Só que nasci prematuro, sem cabelos, sem unhas e no gênero oposto ao que um exame rudimentar e/ou a cigana Olga tinham previsto.
Acabei colocando em prática outra estratégia. Também observei que somente as pessoas com “títulos” tinham “voz” na cidade, ou melhor, tinham seus pontos de vistas publicados. Assim, virei o presidente de uma associação criada por mim e combinada com meus colegas da faculdade de engenharia. Sem ata, sem sede, sem formalização, porém, com opinião mensal em vários periódicos jaraguaenses.
Depois de um tempo, migrei para a crônica, estudei muito, fiz cursos com Martha Medeiros, Tati Bernardi, Pedro Bial, Carlos Schroeder, João Chiodini, Manuel Ricardo de Lima, entre outros. Ocupei colunas, por muitos anos, em vários jornais, revistas e sites, além de quatro livros publicados e participações em três coletâneas. Fui finalista do concurso nacional de microconto Stephen Kanitz. Meu livro, Papo no Cafezinho, foi distribuído pela prefeitura, por meio de edital da cultura, nas escolas de ensino médio e bibliotecas da cidade e do estado.
Entendo, que o mais importante ao leitor é o que eu tenho a dizer e não somente as credenciais que me trouxeram a este espaço. Não sou de fazer promessas, mas posso garantir que os textos serão meus e não, um conjunto perfeito de palavras criado pela IA, que não tem uma vírgula ou acento mal colocados. E essa é uma boa dica para identificá-los por aí. Farei o maior esforço para que o leitor fique confuso, a cada 15 dias, quando nos encontraremos: “Foi ele mesmo que escreveu isso?”.
Marcelo Lamas é cronista. Autor de Papo no cafezinho, Indesmentíveis, Arrumadinhas e Mulheres casadas têm cheiro de pólvora.