Cotidiano | 14/07/2025 | Atualizado em: 14/07/25 ás 18:39

Massaranduba celebra a tradição: bandoneon une gerações e heranças germânicas

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Massaranduba celebra a tradição: bandoneon une gerações e heranças germânicas

Fotos: Arquivo Pessoal

Em Massaranduba, a rica história da imigração e colonização alemã e pomerana, que se estabeleceu fortemente a partir de 1870, é constantemente celebrada. Esses pioneiros, muitos vindos da Colônia Blumenau, preencheram os espaços de Massaranduba. Particularmente em Massarandubinha, os hunsrücks, migrantes da colônia-mãe São Pedro de Alcântara, também deixaram um legado cultural vibrante. É nesse cenário que a Bandoneonfest se destaca como um dos eventos mais significativos da região, honrando essa herança através da música.

Em Massaranduba, o fenômeno da imigração e colonização alemã e pomerana, com destaque a partir de 1870, foi complementado pela presença dos hunsrücks, sobretudo na localidade de Massarandubinha. Esses colonizadores, vindos principalmente da Colônia Blumenau, ocuparam os vazios demográficos da região, deixando marcas profundas na paisagem, na cultura e na formação social do município.

Bandoneonfest celebra tradição e cultura germânica

Nesse contexto, a 17ª edição da Bandoneonfest, um dos eventos mais aguardados da região, aconteceu no dia 13 de julho, no bairro Patrimônio, na rua Henrique Kuckembercker, em Massaranduba. A tradicional festa celebrou a música, a cultura e a identidade local, reunindo entusiastas do bandoneon e admiradores da cultura germânica em uma grande confraternização comunitária.

O bandoneon e sua trajetória cultural

O bandoneon, instrumento musical da família das concertinas, caracteriza-se por produzir sons distintos conforme o movimento de abrir ou fechar o fole, aliado à pressão sobre os botões. Cada botão aciona palhetas de aço que vibram e emitem notas diferentes, dependendo da direção do fole. A combinação desses fatores gera uma sonoridade rica e complexa.

Embora inicialmente concebido para ser utilizado em contextos musicais na Alemanha, o bandoneon ganhou projeção internacional a partir do início do século XX, especialmente na região do Rio da Prata (Argentina e Uruguai), para onde foi levado por imigrantes alemães. Nessas terras, o instrumento foi incorporado ao tango de maneira definitiva, tornando-se um de seus elementos mais emblemáticos.

No Sul do Brasil, a musicalidade do bandoneon foi introduzida ainda no ciclo da imigração e colonização germânica, iniciado no Rio Grande do Sul em 1824 e expandido para o Paraná e Santa Catarina a partir de 1829. Sua sonoridade reflete as matrizes culturais germânicas, incluindo tradições musicais de diferentes grupos étnicos, como os alemães, pomeranos e hunsrücks.

A diversidade musical das tradições germânicas

A música alemã (Standard/Alto Alemão) expressa a cultura predominante da Alemanha, com repertórios formados por polcas, valsas, chotes e canções folclóricas amplamente reconhecidas.

A música pomerana, por sua vez, carrega as particularidades desse grupo étnico, incluindo um dialeto próprio e nuances musicais distintas. Apesar das semelhanças com o repertório germânico mais amplo, suas canções preservam uma identidade própria, representativa da tradição pomerana.

Bandoneonistas mantêm a tradição viva

Durante o evento, cerca de 35 bandoneonistas subiram ao palco para apresentações individuais e coletivas. O grupo reuniu músicos profissionais e amadores vindos de diversas cidades, como Blumenau, Gaspar, Indaial, Timbó, Jaraguá do Sul, Pomerode, Doutor Pedrinho, Corupá, São Bento do Sul e Campo Alegre.

De Teutônia, no Rio Grande do Sul, o músico Carlos Luiz Ulrich percorreu aproximadamente 719 quilômetros — cerca de 8 horas e 47 minutos de viagem pela BR-101 — para participar da celebração, evidenciando a força da tradição e da paixão pelo instrumento.

Gastronomia típica e hospitalidade comunitária

A programação também contou com variadas opções gastronômicas, com destaque para o almoço típico da culinária germânica: carnes de frango e suína grelhadas, carne bovina assada na panela (Topffleisch), acompanhadas por diversas saladas (Verschiedene Salate). Durante a tarde, foi servido café colonial, com pães empastados (Kochäse), Heringsbrot, Wurstbrot, cucas, bolos e outras iguarias, vendidas por unidade.

A organização do evento foi conduzida por uma equipe multidisciplinar, coordenada por Alcides Manke e Daniele Manke, responsáveis por estruturar e mobilizar diversas frentes de trabalho: assadores de carne, cozinha, bar, balcão e equipe de limpeza. Essa organização criteriosa contribuiu para o sucesso da festa, tornando o ambiente acolhedor e agradável para todos os participantes.

A Bandoneonfest como expressão da identidade cultural

A Bandoneonfest não é apenas uma celebração musical, mas um símbolo vivo da memória e da identidade dos descendentes de imigrantes alemães, pomeranos e hunsrücks que moldaram a história de Massaranduba. Ao reunir músicos de diferentes gerações e localidades, o evento reforça os laços comunitários e promove a valorização de um patrimônio imaterial que transcende o tempo.

Mais do que preservar tradições, a festa inspira o reconhecimento do bandoneon como expressão cultural enraizada, capaz de emocionar e unir. É pela força desses encontros que a história continua a pulsar no presente e se projeta para o futuro, como legado às novas gerações.

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Ademir Pfiffer

Historiador e criador de conteúdo digital para as plataformas do Kwai, Tik Tok e You Tube. Dedicado à pesquisas sobre memória e patrimônio histórico-cultural em comunidades tradicionais

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