Geral

Medicamento americano para covid será testado em hospital de Joinville

A expectativa do estudo é de que a medicação possa ser utilizada para evitar que os pacientes apresentem as formas mais graves da Covid-19

21/09/2020

O Hospital Dona Helena, de Joinville (SC), participará de um estudo nacional para testar um remédio possivelmente benéfico para o tratamento da Covid-19. Mais de 30 centros hospitalares espalhados pelo país irão integrar a pesquisa, idealizada pelo Hospital do Coração (HCor) e financiada pela empresa americana IONIS Pharma. A previsão é que o recrutamento de pacientes seja iniciado em outubro no Dona Helena, assim que a medicação chegar dos Estados Unidos. A pesquisa foi aprovada pela Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (Conep).

De acordo com Maria Adelaide Rodrigues de Deus, clínica médica do Hospital Dona Helena, investigadora responsável pelo estudo na instituição, existem evidências científicas que apontam para um potencial benefício da medicação, ainda sem nome comercial, para o tratamento da Covid-19, por conta da inibição de vias inflamatórias. “O medicamento é caracterizado pelo mecanismo de ação chamado de antisenso. É uma cadeia de RNA que bloqueia outra, impedindo a produção de algumas proteínas. No caso deste estudo, a ideia seria bloquear a via calicreína-cinina e, assim, reduzir o risco de grande inflamação  pulmonar encontrado nas formas mais graves da doença”, explica.

Leia mais:

A expectativa do estudo é de que a medicação possa ser utilizada para evitar que os pacientes apresentem as formas mais graves da Covid-19. “O estímulo ao conhecimento e à pesquisa científica faz parte da identidade do Hospital Dona Helena. Com nossa participação, estaremos contribuindo para a evolução de possibilidades terapêuticas contra a Covid-19”, frisa a médica.

Como funciona o estudo

O estudo inicial, de fase 2, será feito, ao todo, com 90 pacientes. “O estudo de fase 2 tem como objetivo fundamental determinar a segurança e a eficácia terapêutica do princípio ativo em curto prazo, pela primeira vez, em voluntários afetados por determinada enfermidade ou condição patológica para a qual se está investigando o produto. É também definida a dose para se obter a resposta esperada do produto investigacional, bem como o intervalo mais apropriado entre as doses”, explica Micheli Coral Arruda, coordenadora de ensino e pesquisa do Hospital Dona Helena. Alguns gestores e coordenadores da instituição, que respondem por setores hospitalares que terão participação no estudo, passaram por um treinamento online sobre a condução da pesquisa. A capacitação foi realizada pelo centro coordenador (Hcor).

Qual paciente pode participar?

Para participar do estudo, é preciso que os pacientes tenham mais que 18 anos e menos que 80, aceitando o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE). Entre os demais critérios de inclusão, estão testagem (RT-PCR) positiva para Covid-19, com menos de sete dias de apresentação de sintomas, em hospitalização, com necessidade de suplementação de oxigênio para manter a saturação maior ou igual a 95%. Os pacientes de sexo feminino precisam ser cirurgicamente estéreis ou na fase pós-menopausa, ou seja, sem risco de engravidar. Já os do sexo masculino também precisam ser cirurgicamente estéreis, abstinentes ou sem risco de gravidez em 24 semanas após a aplicação da medicação.

Não serão incluídos pacientes com respiração em ventilação mecânica invasiva ou que tenham necessidade dela nas próximas 24 horas, com sintomas há mais de sete dias, mulheres grávidas em amamentação ou pacientes com risco de engravidar, pacientes com uso de vasoconstritores, com insuficiência cardíaca grave ou doença pulmonar grave.

 

Por

Notícias relacionadas

x