Cidade de SC abriga cratera gigante com mais de 80 milhões de anos; conheça!
Foto: Divulgação/Prefeitura de Vargeão
Em meio ao interior de Santa Catarina, uma pequena cidade de pouco mais de 3,6 mil habitantes guarda um segredo que atravessa milênios: Vargeão está localizada sobre uma cratera gigante, formada pelo impacto de um asteroide que atingiu a Terra há cerca de 80 a 100 milhões de anos, no período em que os dinossauros ainda habitavam o planeta.
Conhecida como “Domo de Vargeão”, a cratera tem 12 quilômetros de diâmetro e foi provocada pela queda de um asteroide com 550 metros de largura. O impacto teve a força de aproximadamente 500 mil bombas nucleares como a de Hiroshima, segundo o geólogo Álvaro Penteado Crósta, da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).
A região onde o asteroide caiu era, na época, um ambiente desértico com dunas de areia e coberto por derrames de lava vulcânica, que deram origem ao tipo de rocha chamado basalto. Esse contexto geológico foi essencial para a formação e conservação da cratera.
Informações sobre a cratera:
- Queda ocorreu entre 80 e 100 milhões de anos;
- Asteroide tinha cerca de 550 metros de diâmetro;
- Cerca de 12 quilômetros de diâmetro e um desnível de até 150 metros;
- Mapeada pela Comissão Brasileira de Sítios Geológicos e Paleobiológicos (Sigep);

Os estudos sobre a cratera começaram há 47 anos e, desde então, colocaram o local no radar da comunidade científica internacional. A região é uma das apenas nove crateras de impacto conhecidas no Brasil, todas estudadas pelo grupo da Unicamp. O local está listado na Comissão Brasileira de Sítios Geológicos e Paleobiológicos (Sigep), órgão vinculado ao governo federal.
Uma cidade marcada pela ciência
Vargeão, no Alto Vale do Rio Irani, é conhecida como a “cidade do meteoro” e se tornou ponto de interesse para pesquisadores do mundo inteiro. Recentemente, os geólogos italianos Gabrielle Giulli e Valeria de Santis estiveram na cidade para estudar formações rochosas semelhantes às encontradas na Lua.
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O município, localizado a cerca de 71 km de Chapecó e 482 km de Florianópolis, possui um museu dedicado ao Domo de Vargeão, com coleções de rochas e registros das pesquisas feitas ao longo das décadas. Além disso, o turismo de natureza também é fomentado na região, com trilhas e pontos de observação da formação geológica.
No centro da cratera, é possível encontrar uma superfície chamada de “Areal”, composta por argila e areia trazidas à superfície pelo impacto, revelando camadas subterrâneas que estavam a mais de 700 metros de profundidade. O centro da cidade de Vargeão, onde vivem a maioria dos moradores, está localizado justamente na borda da cratera.

A formação do Domo
O termo “Domo” foi utilizado antes mesmo de se saber a origem extraterrestre da formação. Em 1978, radares identificaram anomalias no solo, e na década de 1980, pesquisadores comprovaram que as rochas da região apresentavam deformações típicas de impactos de alta energia.
Segundo Crósta, é comum que essas alterações estejam escondidas pelo tempo, mas Vargeão ainda conserva partes onde as marcas do impacto podem ser vistas a olho nu. As rochas atingidas sofreram alterações de pressão e temperatura tão intensas que mudaram completamente sua estrutura.
Essas evidências, conhecidas como “astroblemas”, são raras na Terra justamente por causa dos processos naturais de erosão, movimentação das placas tectônicas e deposições sedimentares que apagam as marcas ao longo do tempo.

Como isso impacta sua vida?
Além de despertar a curiosidade sobre o passado do planeta, o Domo de Vargeão posiciona Santa Catarina no mapa da ciência mundial. A região atrai pesquisadores, fomenta o turismo científico e contribui para a compreensão da história geológica da Terra.
Maria Eduarda Günther
Jornalista em formação na FURB, nascida em Jaraguá. Cresci entre filmes, livros e peças teatrais. Após criar conteúdo para redes socias sobre Formula 1 e esportes descobri a paixão por jornalismo e a área de comunicação. Nunca perco a oportunidade de conhecer novos lugares e novas histórias por ai.