Moda com propósito: a jaraguaense que transformou uma marca de roupas femininas em referência de autenticidade digital

Foto: divulgação
Amanda Lunelli cresceu em um ambiente onde moda era parte do cotidiano. Filha de empresários do setor têxtil, o caminho natural seria seguir os passos da família, e assumir o seu espaço dentro da empresa. Mas ela queria algo diferente. Queria construir uma história do zero, com identidade própria.
Foi essa inquietação que a levou a criar a La Mandinne, marca que surgiu de forma artesanal e conquistou espaço no mercado justamente por valorizar o que é real.
“Eu não queria ser só a filha do dono. Queria fazer por mim mesma.”
Essa trajetória inspiradora de empreendedorismo feminino é contada em detalhes pela própria Amanda, no episódio 11 do podcast O Investidor com Propósito, e reforça que é possível empreender com alma.
A marca que começou dentro de casa
La Mandinne nasceu com recursos limitados, mas com uma visão clara. Amanda comprava tecidos, desenhava as peças e ia atrás de costureiras que pudessem dar forma às suas ideias. O atendimento às clientes era feito na sala da casa da mãe, com hora marcada, e o estoque ficava no seu próprio armário. Ainda sem uma loja física, ela transformou o Instagram em vitrine e canal de relacionamento. O contato direto com as clientes foi, desde o início, um diferencial da marca.
A vontade de inovar fez com que Amanda criasse o fashion truck: uma Kombi adaptada como loja itinerante. A ideia não só chamou a atenção pela originalidade, como também aproximou ainda mais a marca do público. Em cada evento, a Kombi virava atração, com grama sintética, luzes de gambiarra e araras bem posicionadas, oferecia experiência e acolhimento. O projeto, inusitado à época, reforçou o DNA da La Mandinne como marca com propósito e personalidade.
Quando comunicar vira missão
Com o crescimento orgânico do negócio, veio a primeira loja física. Um ponto pequeno, mas cheio de significado. A clientela que até então era atendida no improviso encontrou ali um espaço fixo, que refletia o cuidado de Amanda em cada detalhe. Mesmo com a consolidação do negócio, ela seguiu buscando formas de se expressar, de ir além do produto. Foi nesse processo que surgiu uma nova paixão: a comunicação.
“Eu estava usando a La Mandinne como desculpa para criar conteúdo”.
Amanda começou a aparecer mais nas redes sociais, primeiro falando sobre moda, depois sobre rotina, maternidade e bastidores. Os temas se ampliaram, assim como o engajamento. Mesmo com um certo desconforto no início – por achar que estava sendo “fúil” ao gravar vídeos -, ela entendeu que comunicar também é trabalho. E, mais que isso, pode ser uma forma de influenciar positivamente outras mulheres.
“Durante muito tempo achei que era futilidade. Que o meu papel era ser empresária e ponto.”
A virada aconteceu quando Amanda assumiu que gostava, sim, de criar conteúdo. De falar com câmera, de compartilhar aprendizados e desafios, de inspirar outras pessoas a seguirem suas verdades. Essa decisão trouxe leveza e um novo tipo de realização profissional. Não foi uma substituição de papéis, mas uma expansão: a empresária agora também é comunicadora.
Maternidade que reconfigura tudo
A maternidade teve um papel importante nesse processo de transição. Amanda viveu tentativas frustradas de engravidar, enfrentou um processo de fertilização in vitro e, com a chegada dos filhos, veio também uma nova realidade. A rotina mudou, as prioridades também. Ela fala com honestidade sobre a sobrecarga emocional e física que muitas mães enfrentam, principalmente quando tentam conciliar trabalho e crianças pequenas.
“A gente passa por um luto quando vira mãe. Aquela vida antiga acabou. Já foi.”
Essa frase resume um sentimento comum, mas pouco verbalizado. Nas redes sociais, ela decidiu mostrar o lado real da maternidade: os filhos chorando no fundo dos vídeos, a bagunça da casa, o cansaço estampado no rosto. E ao fazer isso, criou conexão genuína com um público que se viu representado. O resultado foi uma comunidade fiel, que acompanha não apenas pela marca, mas pela mulher por trás dela.
“Tem que ser eu. Tem que ser o que eu acredito.”
Liderança que sabe delegar
Com mais de uma década de história à frente da La Mandinne, Amanda entendeu que delegar também é um ato de crescimento. No episódio do podcast, ela compartilha como foi abrir mão do controle e perceber que sua ausência no dia a dia não comprometia o andamento do negócio. Pelo contrário: a equipe seguia firme, motivada e autônoma.
“A audácia é minha de achar que só eu faço bem feito.”
Hoje, Amanda se dedica com mais foco à produção de conteúdo, enquanto a La Mandinne segue com sua cultura bem estabelecida. O que antes era um império de uma só, virou uma engrenagem sustentada por mãos que compartilham do mesmo propósito.
Dê o play no vídeo abaixo e acompanhe o episódio completo do podcast O Investidor com Propósito:
Como isso impacta sua vida?
A trajetória de Amanda Lunelli é sobre escutar a própria voz quando tudo ao redor sugere que você siga outro caminho. É sobre aceitar que os ciclos mudam e que a vida pede ajustes. É sobre ter coragem de dizer “isso aqui não me basta mais” e, mesmo sem saber o que vem depois, se permitir tentar. Talvez essa história possa ser a dose de coragem que te faltava para dar um novo passo, e entender que a vulnerabilidade, longe de ser fraqueza, pode ser exatamente o que te torna mais forte.
Gabriela Bubniak
Jaraguaense de alma inquieta e jornalista apaixonada por contar boas histórias. Tenho fascínio por livros, música e viagens, mas o que me move é viver a energia de um bom futsal na Arena e explorar o que há de melhor na nossa terrinha.