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Coluna: O brasão da família

Imagine uma festa natalina. Visualize aquela linda árvore colorida e iluminada com pisca-piscas, ao som do Jingle Bell, com todos sorrindo, se abraçando, se beijando, trocando presentes… Que imagem linda, não é mesmo? Que felicidade!

30/08/2020

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Sônia Pillon é jornalista e escritora, formada em Jornalismo pela PUC-RS e pós-graduada em Produção de Texto e Gramática pela Univille. Integra a AJEB Santa Catarina. Fundadora da ALBSC Jaraguá do Sul.

Por Sônia Pillon

Essa é uma história que bem poderia ser minha, sua ou do seu melhor amigo. Sabe por quê? Eu explico. É por que tem a ver com patrimônio, bens e família. Tem a ver também com harmonia, muita alegria, festas de aniversário, de Páscoa, Natal, de virada de ano… Então… Tipo comercial de margarina, sabe como é?

Imagine uma festa natalina. Visualize aquela linda árvore colorida e iluminada com pisca-piscas, ao som do Jingle Bell, com todos sorrindo, se abraçando, se beijando, trocando presentes. Que imagem linda, não é mesmo? Bisavós, avós, pais, irmãos, tios, sobrinhos, todos irmanados no sentimento de união, com muito amor envolvido, reunidos numa mesma mesa para desfrutar a ceia. Que felicidade!

Agora, mude o cenário. Pense num dia de tristeza. Crie a cena do velório da bisavó dessa família, quando bisnetos, netos, filhos, sobrinhos, primos e amigos vão prestar a última homenagem. Há os que choram, os que abafam o choro, seguram as lágrimas. Mas há também os mais “práticos”, calculistas, que começam a pensar na herança, na partilha, no testamento… Alguns não se contém e tratam de perguntar sobre os bens deixados pela falecida, cujo corpo nem sequer esfriou no caixão…

Há os que mostram as unhas e os dentes rapidamente, e os que escondem que tem interesse, mas ao mesmo tempo se mantém por perto. E, claro,  há os bajuladores, ávidos para tirarem algum proveito da situação, se aproveitando da fragilidade e da carência de quem sofre com a perda do ente querido.  São os que procuram levar vantagem, de uma maneira ou de outra, debaixo de uma máscara de bem-querer. Mentem e iludem sem remorso algum. Reações comuns que acontecem muito mais do que se imagina. Que decepção!

Ao olhar o brasão da família, exposto orgulhosamente no centro da sala de estar, Virgínia sente um aperto no peito. Lembra das lindas histórias contadas sobre os ancestrais europeus, a dura vida dos imigrantes, de muito trabalho, honestidade e dignidade. Se emociona ao refletir sobre o quanto lutaram para que seus descendentes, hoje, estejam colhendo os frutos da prosperidade.

Na época do bisavô, quem poderia saber que o honrado sobrenome da família tinha um brasão que remontava aos tempos dos senhores feudais? Virginia olha para o brasão mais uma vez e solta um longo suspiro. A vida é como ela é.

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