Política

Olho nas Urnas: Eleições sem “viradas”

Fatos históricos da política brasileira

26/10/2022

Desde 1989, quando o Brasil voltou a ter eleições presidenciais diretas – e estreou o mecanismo de segundo turno –, nunca houve uma “virada” na disputa presidencial entre um turno e outro. Essa foi a regra em todas as seis disputas presidenciais que tiveram segundo turno entre 1989 e 2018.  O presidente Jair Bolsonaro (PL) terminou o primeiro turno da eleição presidencial de 2022 com uma desvantagem de 6 milhões de votos em relação a Luiz Inácio Lula da Silva (PT), ou 5,23 pontos percentuais. O desempenho nas urnas do ocupante do Planalto contrariou pesquisas que chegaram a apontar que ele estava até dez pontos atrás de Lula. Se conseguir “virar” a votação, será a primeira vezem todas as eleições presidenciais no Brasil.

 

Tentativas do PT

Em pouco mais de 30 anos, o próprio PT fracassou duas vezes em tentar uma reviravolta na disputa presidencial. No primeiro turno de 1989, Lula ficou 13,3 pontos atrás do rival Fernando Collor de Mello. Entre os dois turnos, Lula conseguiu crescer 29,8 pontos percentuais, mas ainda assim acabou perdendo para Collor por seis pontos de desvantagem. Em 2018, foi a vez de Fernando Haddad passar pela mesma dificuldade. O petista, que substituiu Lula pouco menos de um mês antes do primeiro turno, terminou 16,75 pontos atrás de Bolsonaro na primeira rodada. No segundo turno, Haddad cresceu, mas ainda assim terminou pouco mais de dez pontos atrás do atual presidente.

 

Dilma x Aécio

O candidato em desvantagem que mais chegou perto de virar uma eleição foi Aécio Neves (PSDB) em 2014. À época, graças a um forte impulso nos dias que precederam o primeiro turno, ele chegou à segunda rodada oito pontos atrás de Dilma Rousseff (PT), que concorria à reeleição. Em uma campanha marcada pela interferência da Lava Jato, Aécio diminuiu significativamente a desvantagem, mas ainda assim foi derrotado por Dilma por diferença de apenas 3,2 pontos, no que é até hoje o pleito presidencial mais acirrado desde a redemocratização.

 

As maiores derrotas

Os candidatos José Serra em 2002 e 2010 e Geraldo Alckmin em 2006 perderam no segundo turno por diferenças superiores a 11 pontos. Alckmin, por sua vez, conseguiu em 2006 um feito negativo único até hoje: perder votos entre o primeiro e o segundo turno. Por outro lado, desde 1998, com o mecanismo da reeleição, nunca um presidente que tentou a reeleição. Jair Bolsonaro é o primeiro presidente em busca da reeleição da história brasileira que terminou o primeiro turno na segunda colocação.

 

Eleições nos estados

Desde 1990, quando as eleições para governador passaram a contar com mecanismo de segundo turno, o Brasil foi palco de 108 eleições estaduais que tiveram uma rodada extra de votação, após nenhum candidato superar a marca de 50% dos votos válidos no primeiro turno. Em todas essas 108 eleições estaduais com segundo turno entre 1990 e 2018 só houve registro de reviravolta em 31 disputas – ou 29% do total. Três dessas “viradas” foram em Santa Catarina: Paulo Afonso Vieira (MDB) sobre Ângela Amin (PRP), em 1994; Luiz Henrique da Silveira MDB) contra Esperidião Amin (PRP) em 2002 e Carlos Moisés (PSL) em cima de Gelson Merisio (PSD).

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